
30 de novembro de 2008
N° 15805 - MARTHA MEDEIROS
Capturados
Um dos DVDs mais legais a que assisti este ano foi A Vida por Trás das Lentes, documentário sobre a carreira da fotógrafa americana Annie Leibovitz. Tive a oportunidade, também, de ver em Paris a exposição que registra todas as fases de sua trajetória, começando pelas fotos que fazia da família, passando pela fase roqueira (quando foi a principal fotógrafa da revista Rolling Stones), até a consagração na Vanity Fair.
Considero fotografia uma arte, pela capacidade que tem de capturar a alma do fotografado e revelar a nós algo que nosso olho não consegue enxergar.
Lembro que, na minha infância, meu pai não deixava passar um único evento sem fotos: Natal, aniversários, piqueniques na praia. Click, click, click.
Ficávamos um tempão parados, eu, meu irmão e minha mãe, três estátuas sorridentes, esperando o momento de ele encontrar o melhor ângulo, o melhor foco, a melhor luz, para então clicar. Máquina digital, naquela época, era coisa da família Jetson.
Também tirei muitas fotos de minhas filhas quando eram pequenas e guardo inúmeros registros de viagens e de alguns passeios, encontros, momentos que não acontecem todo dia.
Até aí tudo dentro de uma certa normalidade, e sou tendenciosa como todos: a gente acha que só a maneira como vivemos é que é normal. Mas o normal evoluiu muito de uns tempos pra cá.
Hoje, com um celular na mão, você documenta partos, tsunâmis, incêndios, transas, shows e crimes cometidos bem na sua frente. Inclusive, algum crime por ventura cometido por você.
Me pergunto: se você não documentar suas experiências e emoções, elas deixam de existir? Você deixa de existir? Não deveria, mas dá a impressão que sim.
Num surto catastrofista, imagino que em breve deletaremos da nossa memória tudo aquilo que não estiver documentado. Se eu quiser lembrar de uma viagem ou de uma festa, não conseguirei, a não ser que a tenha fotografado e filmado.
O momento em que seu namorado lhe pediu em casamento, aquela caminhada que deu sozinha à beira-mar, o mergulho noturno, o café da manhã na cama enquanto viam um filme do Chaplin, a declaração de amor no meio da estrada – se você não fotografou nada disso, será que aconteceu mesmo? Você ainda consegue lembrar da vida sem a ajuda de aparelhos?
Minhas duas últimas viagens ao Exterior foram feitas sem máquina fotográfica ou celular na bagagem. Fui e voltei sem uma única foto, o que para muitos talvez signifique “ela não foi”. Mas fui. A vida também acontece sem provas documentais.
Ainda Annie Leibovitz: entre seus inúmeros flagrantes, constam os momentos finais de seu pai e da escritora Susan Sontag, as duas pessoas que ela mais amou. As fotos de ambos, cada um na sua hora, agonizando, estão na exposição e no DVD.
Annie Leibovitz é uma artista, e suas lentes são seus olhos, ela não dissocia vida e trabalho, mas admito que senti, mesmo havendo consentimento dos fotografados, uma invasão na intimidade mais secreta de cada um, que é a solidão. Louvável como registro jornalístico, mas desnecessário como despedida pessoal.
Tudo isso para dizer que certas ocasiões ainda me parecem suficientemente fortes para resistirem intactas na nossa lembrança, e apenas nela.
Um ótimo domigo e um excelente início de semana.

No 3° Congresso Internacional de Responsabilidade Social de 1998, havia somente três administradores representando o Brasil.
Hoje, com 75 anos, ela afirma que não precisa mais publicar anúncios para fazer sexo – mas diz ter se divertido muito com os parceiros que atenderam a seu apelo
Tenho espírito maligno. Adoro os erros dos outros. Especialmente os erros dos filósofos clássicos. Adoro lembrar detalhes sórdidos citados por um historiador secundário chamado Will Durant. 
Era uma vez um estado que se considerava culto, politizado e desenvolvido. Acima da média das demais unidades da Federação. Um dia, uma professora e uma faxineira encontraram-se numa parada de ônibus. A professora estava triste. Ganhava pouco. 

Lá nos idos de 1997, quando alguns dos meus leitores ainda eram crianças, eu escrevi uma crônica chamada Provação, uma palavra que significa sofrimento e infortúnio. E o assunto era era sobre isso mesmo. Sobre a provação (ato de provar) biquínis em lojas. Sofrimento. Infortúnio.

Os vinte grandes do mundo – em parte responsáveis pelo que nos atinge – almoçam em torno de uma mesa luxuosa num intervalo do seu jogo de vantagens, poder e enganos. 
Rosana Maria da Silva espera a construção de sua nova casaRosana Maria da Silva olha tensa para o espaço vazio onde ficava o seu barraco e, instintivamente, protege com as mãos a barriga de nove meses de gravidez.
Voluntários constroem casa na favela ProjectaConforme as casas iam sendo erguidas, diminuía a resistência dos moradores. Aos poucos, eles começavam a conversar, se dispunham a ajudar e ofereciam café com bolachas de água e sal. 
Eu acredito no que leio nos jornais. Sou ingênuo? Não sei. Acredito e fico perplexo. Chego a passar horas refletindo sobre as notícias do dia. Tenho muito tempo livre. Ontem, por exemplo, fiquei ensimesmado com o que li neste nosso intrépido Correio do Povo: 'Yeda vai a Brasília apelar ao ministro pelos pedágios'. 
Quando desembarcar no Brasil em dezembro, para shows no Rio de Janeiro e em São Paulo, Madonna poderá até aproveitar a solteirice recém-adquirida, mas a companhia mais consistente (na verdade, músculo puro) será Tracy Anderson, a personal trainer de quem não desgruda, sobretudo durante as turnês. 
Ainda hoje, sem exceções, todos os países europeus adotam essas escolas. Seu número é significativo. Os Estados Unidos e o Canadá também. Há muitas escolas assim, e elas voltaram a se expandir nas últimas duas décadas. No mundo, cerca de 30% das escolas têm três salas ou menos. 
Na geração até 25 anos, metade das mulheres assume que já foi infiel e o ambiente de trabalho é o local que mais favorece as escapadas
N o final de semana passado fui à festa de comemoração dos 30 anos de formatura do colégio Bom Conselho. As dinossauras estão todas bonitas e em forma, aviso antes das piadinhas. 


O desemprego nos Estados Unidos não chegará aos 24% de 1929 nem 4.000 bancos quebrarão. E, mesmo que 4.000 bancos quebrassem, o dinheiro hoje está em fundos DI, e não em contas remuneradas.