sábado, 25 de outubro de 2025



Inexplicável ausência de deputados na briga pelo Sul

Nenhum dos 31 deputados federais gaúchos compareceu no evento de criação de uma comissão especial para discutir um fundo constitucional também para as regiões Sul e Sudeste, já que Nordeste, Norte e Centro-Oeste já têm. O colunista de GZH Matheus Schuch informou que o grupo - anunciado pelo próprio presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) - vai analisar a proposta de emenda à Constituição (PEC) nº 27/23 e outras que preveem a criação de fundos de financiamento para as duas regiões.

O que tinham todos os nossos parlamentares do Rio Grande do Sul de agenda tão relevante? E nem foi na sexta-feira, foi na quarta. No fim, o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) ficou como relator e o autor da PEC, Toninho Wandscheer (PP-PR), presidirá o grupo. Ao colega Schuch, vários deputados disseram nem saber da comissão. O coordenador da bancada gaúcha no Congresso, deputado Marcelo Moraes (PL), sabia, mas não foi.

A Constituição de 1988 criou os fundos de financiamento para as regiões Norte (FNO), Nordeste (FNE) e Centro-Oeste (FCO), quando realmente havia desigualdade econômica maior no país. Mas a falta de união e articulação deixa o Sul comendo poeira, inclusive após enchentes e estiagens.

O fundo constitucional é formado por 3% da arrecadação do IPI e do Imposto de Renda. Ele dá "funding", ou seja, recurso a ser emprestado com juro baixo para investimentos. Poderia potencializar setores econômicos consolidados, como veículos, ou novas vocações econômicas no RS, como energias renováveis.

Ausência que causa indignação

Lembrando que a bancada gaúcha deixou até medida provisória perder prazo após a enchente. Talvez a ausência agora nem devesse surpreender, mas segue indignando. Comissões sempre dão resultado? Não. É difícil conseguir o fundo? É. Alguns dizem ser utopia, mas dragar hidrovias do Rio Grande do Sul também era e está sendo feito. E utopia ou não, os deputados deveriam estar na criação de qualquer grupo para tratar disso em Brasília. _

01

O que driblou o tarifaço

De 10 grupos de produtos muito exportados pelo Rio Grande do Sul aos Estados Unidos, sete conseguiram mercados alternativos desde o início do tarifaço: tabaco/fumo; armas e munições; veículos; borracha; obras de pedra; ferro e aço; e móveis. Já calçados; madeira e carvão vegetal; e alumínio sofreram mais, sem conseguir fazer esse redirecionamento no curto prazo.

O estudo foi elaborado pelos economistas Oscar Frank e Marcelo Ayub, da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre, após provocação da coluna. Robusta, a metodologia usa dados desde 2018 para comparar um cenário sem tarifaço. Dos produtos em que há evidência de redirecionamento, quatro se destacam: fumo, veículos, ferro e aço e móveis.

- No tabaco, identificamos volume grande enviado à Indonésia e Suíça. Já armas de fogo vão muito para os EUA e têm forte regulação. Ainda assim, houve envios para Filipinas e Argentina - analisou Frank em entrevista ao Gaúcha Atualidade.

Redirecionamento

Desde o início da guerra comercial, a coluna vem defendendo a busca por novos mercados, pois diversificar reduz risco em qualquer atividade econômica. Veja análise da CDL: "Os indícios de redirecionamento das vendas são mais fortes em segmentos com maior base global de compradores, ou seja, onde o grau de concentração é menor."

Claro que não exclui a negociação entre os presidentes Lula e Donald Trump, cuja reunião está para ocorrer neste final de semana, mas ter clientes em vários países permite redirecionar embarques em crises e buscar maior rentabilidade em tempos de mar tranquilo. _

As diferenças

Tarifa média aplicada pelos EUA ao Brasil 34,6%

Tarifa média às exportações do RS 44,7%

Fatia taxada das exportações do Brasil aos EUA 56,6%

Fatia do RS 85,7%

R$ 80 milhões para ônibus híbridos

Com sede em Caxias do Sul e 11 fábricas pelo mundo, a Marcopolo terá financiamento de R$ 80,8 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para desenvolver dois modelos de ônibus elétricos híbridos com etanol. A tecnologia é basicamente a mesma do micro-ônibus da empresa que a coluna conheceu na Busworld, na Bélgica. O que mudará será a carroceria no novo projeto, que terá aporte total de R$ 115,4 milhões.

A ideia é desenvolvê-los na operação gaúcha da Marcopolo em dois anos. O biocombustível carrega a bateria, o que dá mais autonomia (450 quilômetros, no caso do Volare Attack 9 Híbrido).

O contrato foi assinado pelo diretor de Inovação da Finep, Elias de Souza Ramos, o CEO da Marcopolo, André Armaganijan, e o CFO (financeiro), Pablo Freitas Motta. _

ACERTO DE CONTAS 

Nenhum comentário: