Danuza
Leão
Turismo no Rio
E
outra breguice maravilhosa é subir ao Corcovado, e na descida se aventurar pela
floresta
A
melhor coisa do mundo é ser turista no Rio. Eles/elas chegam trazendo uma
sacola com duas bermudas, cinco camisetas, um biquíni, uma sandália de
borracha, um boné, acordam cedo e saem para conhecer a cidade -e que cidade.
Um
dia vão a Santa Teresa, o bairro mais charmoso que existe, e andam a pé, vendo
casas lindas, descobrindo ruelas sem saída, parando várias vezes para comer um
pastel, tomar um caldo de cana ou uma cerveja gelada, e conhecendo botequins e
restaurantes que quase nenhum carioca conhece, só eles.
O
problema é a escolha: podem caminhar na pista Claudio Coutinho, que faz a volta
do morro da Urca, depois aproveitar a viagem e subir ao Pão de Açúcar para ver
a vista mais deslumbrante que existe.
É um
programa que não passaria pela cabeça de nenhum carioca fazer; eles acham
brega, não sabem o que estão perdendo.
E
outra breguice maravilhosa é subir ao Corcovado, e na descida se aventurar pela
floresta, com direito a um banho de cascata para refrescar. E pense: qual a
grande cidade que tem a sorte de ter uma floresta de verdade tão perto?
Se
estiver de carro, pode voltar pelo outro lado, descer direto na Barra e
escolher em que ponto dos muitos quilômetros de praia vai dar um mergulho.
Vai
poder também visitar o sítio Burle Marx e se extasiar com as centenas, milhares
de plantas tropicais; depois, almoçar em um dos restaurantes das "tias"
ali perto, em chão de terra batida, comer um camarão fresquinho, um peixe
acabado de pescar, pagando três, quatro, cinco vezes menos do que num
restaurante chique.
E
dar uma volta no Jardim Botânico, lembrando que era o lugar preferido de Tom (Jobim,
é claro), e se deixar levar pela memória, pensando nas músicas que o maestro
compôs, muitas delas inspiradas por ali.
Mas
o Rio tem mais, muito mais.
Um
mercado de artesanato: quem não gosta? E não é programa obrigatório, quando se
visita um país exótico? Pois aos domingos temos um, maravilhoso: é a feira
hippie, na praça General Osório.
Lá você
compra por dez, 20 reais, as pulseirinhas mais lindas, que estão nas vitrines
das butiques por cem, 150, e mais colares e brincos, bolsas que vão fazer furor
na volta para casa, calças compridas, blusas, pareôs, tudo bem baratinho, como
a gente gosta, ainda com direito a comer um acarajé feito na hora por R$ 6,50 (só
os cariocas não vão à feira).
Depois
das compras feitas, mais um mergulho para arrematar o dia, e detalhe: a praia é
a dois passos.
Como
moro no Rio, não costumo seguir esse roteiro, mas no fim de tarde faço como
eles: boto um tênis e ando até o Arpoador.
Na
volta, paro num quiosque, tomo uma água de coco -R$ 4-, fico vendo o sol se
esconder atrás do morro Dois Irmãos, e a cada vez me surpreendo com a beleza. Só
vou para casa depois que escurece, mas eles, os turistas, continuam: como se
fosse mágica, rola um som, a caipirinha aparece, e a festa continua até de
madrugada.
Ah,
se eu fosse esperta mesmo, nas próximas férias iria para um hotel na frente do
mar, me fantasiaria de turista e aproveitaria melhor a cidade onde tenho o
privilégio de morar.
PS -
O governo do Rio é muito criativo; como, durante as obras do metrô, algumas
ruas serão fechadas ao trânsito -o que vai impedir os moradores de ter acesso às
garagens-, manobristas estarão à disposição para cuidar dos carros, não é lindo?
E
aproveitando: será que o visual das novas estações do metrô não podia melhorar?
A da praça General Osório é monstruosa, e dá medo só de pensar que podem fazer
algo parecido na linda praça Nossa Senhora da Paz.
danuza.leao@uol.com.br
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