sábado, 11 de novembro de 2023


11 DE NOVEMBRO DE 2023
FLÁVIO TAVARES

DIFERENTES, MAS IGUAIS

Nada é mais positivo e belo na política do que quando visões opostas se reúnem na mesma causa incontestavelmente justa. Assim ocorreu em 1961, no Movimento da Legalidade. Aqui no Rio Grande do Sul, até os opositores mais ferrenhos se uniram à pregação do governador Leonel Brizola.

Ao contrário, porém, nada é mais negativo, ou horripilante até, do que quando a unidade se faz por algo torpe e perigoso, que ameace a saúde da população ou a vida em si.

Este é o caso, agora, da inesperada união dos três senadores gaúchos - Paulo Paim, Luís Carlos Heinze e Hamilton Mourão - ao apresentarem o Projeto de Lei 4.653, que estimula a extração e o uso do carvão mineral, um dos responsáveis diretos pelo aquecimento global. Pergunto: nossos três senadores esqueceram que isso provoca desastrosas consequências para a saúde humana e para a própria vida do planeta?

O projeto de lei, que os três senadores apelidaram de "transição energética justa", trafega na contramão de todas as conclusões da ciência. Além disso, renega as advertências dos organismos ambientais, como a Organização Climática Mundial, sobre a necessidade de excluir o uso dos combustíveis fósseis até 2030.

O projeto propõe o absurdo de prolongar até 2040 os subsídios governamentais à exploração do carvão mineral. Esqueceram-se dos malefícios à saúde humana, como na região carbonífera de Candiota, onde as doenças respiratórias afetam crianças e adultos em níveis gigantescos.

Será isso a "transição energética justa" que os três senadores querem transformar em lei a ser cumprida?

Esqueceram-se os senadores das advertências do papa Francisco contidas na encíclica Laudato Si. O esquecimento vai além e contradiz (ou nega) as conclusões da ciência de que os últimos anos superaram o aquecimento do planeta mais do que em milhões de anos, séculos afora.

A unidade de pensamento dos nossos três senadores ao negarem as funestas consequências do aquecimento global mostra que, mesmo com visões políticas diferentes, são igualmente iguais.

Talvez exclamem: e daí, é só o planeta que vai sofrer!.

As guerras são terríveis por serem instrumentos de morte e destruição. Todos perdem numa guerra - o agressor ou o agredido e até o que triunfa. Ou não é isso que mostram agora a agressão dos terroristas do Hamas e a resposta do Estado de Israel?

Jornalista e escritor - FLÁVIO TAVARES

11 DE NOVEMBRO DE 2023
OPINIÃO DA RBS

A FORÇA DO TURISMO

O turismo tem sido uma das atividades mais promissoras no Rio Grande do Sul. Considerando-se anúncios recentes de projetos na área, é um segmento com potencial de se desenvolver ainda mais. Impressionam em especial os investimentos vultosos na área hoteleira na Região das Hortênsias. 

É um sinal inequívoco na confiança de que a serra gaúcha ganhará ainda mais espaço como um dos principais destinos do país. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o segmento turístico no Estado teve um crescimento de 35,8% em 2022, um dos maiores do país.

A colunista Rosane de Oliveira revelou na sexta-feira os planos de construção em Gramado de resort do Club Med, grupo de origem francesa que opera nos cinco continentes. O empreendimento foi disputado com o balneário de Punta del Este, no Uruguai. A unidade receberá um aporte de R$ 1 bilhão. Além de 250 quartos, o complexo contará com pista de esqui com neve artificial, moradias e centro de entretenimento.

Mas há outros projetos com investimento de valor parecido. No início do ano, foi anunciado, também em Gramado, um Hard Rock Hotel. O desembolso igualmente será de R$ 1 bilhão, em 10 anos. Mês passado, foi confirmado que São Francisco de Paula, em uma sociedade entre a Laghetto Hotéis e a BR Resorts, terá um resort temático da dupla Gre-Nal. Mais um aporte de R$ 1 bilhão. Em Canela, segue em andamento a revitalização do Laje de Pedra, ícone da hotelaria gaúcha, ao custo de mais de R$ 500 milhões. Foi a entrada do grupo europeu Kempinski na América do Sul, para tocar um empreendimento que une hotel e unidades residenciais. Junto a estes projetos há diversos outros na área imobiliária e de parques temáticos, uma característica sem igual no país.

A serra gaúcha é um dos destinos mais desejados dos brasileiros. Além da Região das Hortênsias, há várias outras atrações, como o enoturismo e os parques nacionais nos Campos de Cima da Serra, agora sob administração privada, com melhor infraestrutura e mais atrativos, além das belezas naturais. O turismo é uma atividade que espalha reflexos positivos no comércio e em outros segmentos dos serviços, como alimentação e transporte. Multiplica a geração de emprego e renda.

Mas, em relação à Região das Hortênsias, é preciso ter atenção para que a grande quantidade de empreendimentos não descaracterize as cidades. São as peculiaridades culturais e a natureza, além da qualidade dos serviços, da limpeza urbana e do atendimento que tornaram esses municípios famosos. Também na sexta-feira, a colunista de economia Marta Sfredo informou que um relatório sobre o mercado de entretenimento local indica que quase 60% dos empresários e líderes da Serra temem um colapso na infraestrutura de Gramado. 

Notam, a despeito do progresso prometido para os próximos anos, o risco de perda de identidade. Deve-se esperar que exista bom senso de empreendedores e autoridades para evitar um crescimento desordenado, capaz de, ao longo do tempo, prejudicar a região.

Mas o Estado como um todo tem boas perspectivas. Segundo a Secretaria de Turismo do Rio Grande do Sul, o setor teve, de janeiro a julho, saldo positivo de 1,5 mil postos formais. E, no mesmo período, o Estado foi a segunda unidade da federação que mais recebeu visitantes estrangeiros. Foram 850 mil visitantes, de 112 nacionalidades. Existe ainda um enorme potencial a ser explorado, como o turismo de eventos em Porto Alegre, a paleontologia na Região Central e o ligado às tradições gaúchas em regiões como a Campanha e a Fronteira Oeste.


11 DE NOVEMBRO DE 2023
TRADICIONALISMO

Homenagem ao pajador

Com uma sequência de sete edições entre os dois primeiros colocados - campeão (2014 e 2019) e vice -, o CTG Tiarayú, localizado no bairro Jardim Itu, em Porto Alegre, também mantém ritmo intenso de ensaios. Às vésperas do Enart, os treinos ocorrem todos os dias, com uma folga na semana.

- Esse ano o Enart tem uma peculiaridade: ele foi adiado um pouco para não dar conflito com as provas do Enem. Temos mais umas semanas de preparação. A expectativa está lá em cima - conta Wagner Oliveira, 32 anos, instrutor de dança e ensaiador da invernada adulta.

No ensaio acompanhado pela reportagem, Ronaldo Estevo, 46 anos, instrutor e responsável técnico, repassa as técnicas, alertando sobre os passos entre os pares e o tempo para retomar movimentos. A coreografia é marcada por sapateados dos peões no piso de madeira e muita movimentação das prendas enquanto manuseiam os vestidos.

- Temos uma cobrança grande entre os dançarinos e eles sabem o comprometimento que precisam ter com a entrega no Enart - explica Ronaldo.

Como já foi divulgado nas redes sociais da entidade, a invernada adulta apresentará no tablado do festival uma homenagem ao poeta Jayme Caetano Braun.

Parentesco

A ideia do tema partiu do centenário do pajador, que será celebrado no dia 30 de janeiro do ano que vem. Além disso, uma das integrantes da invernada é sobrinha-neta do poeta.

- Essa proposta de falar do tio Jayme já vem sendo amadurecida há muito tempo pelo CTG. Aproveitando que o ano que vem é o centenário, vamos fazer essa homenagem. Assim, essa proposta estará pronta para ser apresentada depois. Finalmente tiramos do papel essa ideia e, como familiar dele, estou muito feliz - explica Cristiane Braun, 37 anos.

"Vai emocionar o público"

Ensaiadora e bailarina no grupo, Cristiane Braun chegou a conviver com o tio até a adolescência. No ensaio, o "tio Jayme" deixa de ser só dela.

- Quando criança não temos dimensão, mas hoje consigo enxergar o quanto ele foi uma figura forte e importante no nativismo. E, para mim, unir a família de sangue com a família que adotamos, que é o CTG, e ver o pessoal se sentindo sobrinho é muito emocionante - diz Cris, que dança há mais de 30 anos.

Os ensaiadores do Tiarayú adiantam que a apresentação contará com um acessório que será levado para o tablado. Mas o foco será nos movimentos. Os declamadores Pedro Júnior, Liliana Cardoso e Adriana Braun, mãe de Cris, farão uma participação.

- O tema trata de saudade e de família. Vai emocionar o público - afirma Cris.


11 DE NOVEMBRO DE 2023
EMPREENDEDORISMO

Gaúcha é eleita a jovem mais visionária da América Latina

É de Bento Gonçalves, na Serra, a jovem mais visionária da América Latina de 2023, escolhida pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), universidade dos Estados Unidos. Ariane Tamara Pelicioli da Rosa, 32 anos, recebeu o prêmio no final de outubro em Lima, capital do Peru.

Na cerimônia, foi escolhida para o seleto grupo de empreendedores mais inovadores abaixo dos 35 anos no continente, que já teve na mesma lista em anos anteriores Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, e Elon Musk, CEO da Tesla e SpaceX.

Psicóloga formada pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), Ariane conquistou os prêmios do MIT com a criação do Piipee, produto para banheiros que elimina o uso da água após urinar, desenvolvido ao lado do marido, Ezequiel Vedana da Rosa, 35. O spray tira odor da urina e elimina a necessidade de acionar a descarga.

Da infância, e boa parte da vida adulta no bairro Fenavinho, ela recorda com o orgulho de sua trajetória. Em entrevista, contou que sempre foi muito dedicada aos estudos. Quando pequena, também praticava atividades físicas e buscava sempre estar integrada em outras ações, como os movimentos tradicionalistas.

- Nos finais de ano, as minhas professoras pediam o meu caderno para ficar como exemplo para elas terem o conteúdo para aplicar no ano seguinte porque elas sabiam que eu realmente tinha anotado tudo - recorda ela.

Atualmente, Ariane mora com o marido em Paris, na França. O casal está na Europa há quase um ano. No Velho Continente, seguem na busca por se desenvolver intelectualmente.

Produto

Mesmo com todo o crescimento da Piipee, que nos últimos anos já ganhou mais de 30 prêmios, como o da Organização Mundial da Propriedade Intelectual, a sede da empresa segue em Bento Gonçalves. Atualmente, Ariane tem cerca de 4 mil clientes no Brasil.

Além de pessoas físicas, grandes multinacionais, como a Randoncorp, também estão na cartela da Piipee. Conforme Ariane, são cerca de 200 mil pessoas em contato diário com o produto no país. Em 2022, a solução ajudou na economia de mais de 65 milhões de litros de água. Ariane também é cofundadora e CEO da iUPay, fintech B2Banking que desenvolveu o Boletix, solução que captura e agrega todas as cobranças bancárias dos usuários de bancos digitais e outras fintechs.

MARCOS CARDOSO

11 DE NOVEMBRO DE 2023
MARCELO RECH

Nilton de Albuquerque Cerqueira era um combatente duro, um militar daqueles que não recusavam missão e levavam até o fim o cumprimento de uma ordem. Como major, ele chefiara, em 1971, o destacamento do Exército que perseguiu e matou no sertão baiano o capitão Carlos Lamarca, desertor que se bandeara para o lado da guerrilha e se tornara inimigo número 1 do regime militar.

Foi com esse currículo que o então coronel Cerqueira assumiu, em 1981, o comando da Polícia Militar do Rio de Janeiro. A escolha fora uma decisão pessoal do presidente Figueiredo, imposta ao governador Chagas Freitas para restabelecer a ordem e a segurança no Rio. Cerqueira fez o que suas ordens diziam. Começou por um processo de limpeza na PM. Oficiais corruptos eram expulsos em cerimônias públicas de desonra, as divisas arrancadas e a tropa de costas.

Por alguns meses, o novo xerife do Rio conseguiu estabelecer limites, mas logo constatou que o problema tinha origem nos corruptores e resolveu botar ordem aí também. Achando-se com as costas quentes, Cerqueira passou a prender os bicheiros. Semanas depois, o coronel foi removido. Nem o regime militar, com todo o seu arsenal de exceções legais, era páreo para a promiscuidade que, desde sempre, conjuga interesses de malfeitores e de políticos cariocas.

De 1981 para cá, os bicheiros viraram um problema modesto diante do que se passa no Rio, onde as narcomilícias dominam boa parte do território e se infiltraram no aparato estatal. Basta dizer que a companhia elétrica do Rio, a Light, quebrou principalmente porque não consegue cobrar a conta de energia em um terço do Estado.

O Rio tem, sim, um enorme problema de confiança em suas forças de segurança. Mas a gênese é uma cultura de leniência com a delinquência e uma degradação moral que vai do grupo de moradores da periferia que saqueia a carga do caminhão acidentado enquanto o motorista agoniza na cabine até o gabinete principal do Palácio Guanabara: dos sete governadores desde 2014, seis foram investigados e cinco presos. Nas últimas semanas, o Rio parece ter chegado ao auge da barbárie, com 35 ônibus queimados por terroristas locais. As narcomilícias extorquem mais de 20 atividades, entre elas a de guardador de carros. Ou seja, no Rio de hoje até os flanelinhas, esses que vivem de extorquir motoristas, são extorquidos.

Para o bem e para o mal, o Rio é espelho e coração do Brasil. O que ocorre ali acaba sendo transplantado para outras partes do país, seja a magia da Bossa Nova ou a tragédia do crime organizado. Estancar a hemorragia, portanto, é uma missão para todos os brasileiros, mas não bastam promessas e boas intenções. Com GLO ou sem GLO, o Rio apodrecido precisa de uma limpeza de alto a baixo.

MARCELO RECH


11 DE NOVEMBRO DE 2023
CARTA DA EDITORA

CARTA DA EDITORA Aventuras de repórteres

Na última segunda-feira, o repórter Marcelo Gonzatto recebeu a missão de mostrar como é o projeto que concede à iniciativa privada algumas partes do Delta do Jacuí. Desde o final dos anos 1970, a área que abrange as ilhas da Pintada e da Casa da Pólvora foi transformada em um parque estadual, com o objetivo de preservar um refúgio natural que abriga dezenas de espécies animais em meio a rios e canais.

Para entender o plano do governo estadual e o porquê de estar gerando polêmica entre ambientalistas, Gonzatto precisava conhecer uma das porções do parque mais importantes: o conjunto de construções históricas que fica na Ilha da Pólvora. Depois de ler documentos e fazer entrevistas, o repórter, juntamente com o fotógrafo Jonathan Heckler, entrou na aventura de chegar até o local, que, apesar de ficar do outro lado do Guaíba, bem defronte ao Cais Mauá, não tem acesso por terra.

Na última quarta-feira - último dia possível para conhecer a ilha a tempo de concluir a reportagem para esta edição -, Gonzatto e Jonathan tentaram alugar uma embarcação que saísse da área central da Capital. Sem sucesso, foram por terra até a Ilha da Pintada na esperança de conseguir o transporte de lá.

- Conseguimos alugar um pequeno barco a motor com um pescador da região e fomos até lá . Era importante mostrar construções históricas como o antigo Paiol (onde já se guardou a pólvora da Capital) e a Casa da Guarda (cuja torre pode ser vista desde o Centro), nem que fosse de dentro do barco apenas - conta Gonzatto.

Ao chegar à ilha, mais um desafio: como a área é alagada, não há como caminhar pelo chão. Ambos tiveram que subir no trapiche deteriorado pela ação do tempo e andar sobre as vigas para reduzir o risco de algum acidente. Já dentro da ilha, tiveram a grata surpresa de encontrar o seu Caco, morador que vive isolado naquela região há várias décadas.

- Com a ajuda do morador, circulamos pelas passarelas que levam de uma construção a outra e registramos a situação de abandono das estruturas, que haviam sido reformadas em 2001 a um custo superior a R$ 2,6 milhões - afirma Gonzatto.

A reportagem está no caderno DOC.

DIONE KUHN

sábado, 4 de novembro de 2023


04 DE NOVEMBRO DE 2023
CARPINEJAR

Hidratação profunda

Não conheço mulher que não se perceba no caminho da alopecia. É um dos seus maiores medos, como se a feminilidade residisse na vitalidade dos cabelos. Minha amiga Criss Paiva, comediante que fala sério, destacou o hábito feminino de optar pelo xampu com propaganda catastrófica. A mulher escolhe o xampu que mais a ofende, que mais a condena, que mais a puxa para baixo.

Raramente uma mulher compra um produto normal, neutro, de manutenção. Ela não se interessa pelo otimismo dos anúncios, mas pelo alarmismo. Antes mesmo de levar em conta a especificidade do cabelo (liso, crespo, cacheado, ondulado), ou ainda sua textura (oleosa ou seca, alinhada ou propensa ao frizz), os gatilhos de consumo decorrem das orientações negativas no rótulo, para corrigir fios ressecados, com pontas duplas, descoloridos ou simplesmente destruídos.

A tragédia não pode ser pouca. Ela se sente atraída pela reconstrução e hidratação profunda. Ela se sente convencida com recomendações para cabelos danificados e quebradiços. Ela se sente fisgada com promessas de restauração e reposição da massa capilar. Na persuasão do pior, algumas frases-chave são irresistíveis, tais como "reposição da queratina", "redução da porosidade", "recuperação da elasticidade".

As descrições se valem das trevas. O retrato tem que ser o mais desanimador possível para que ela decida ir ao caixa. As campanhas exploram a culpa da mulher, que se vê responsável por sanar algo que possa ter feito de errado antes: exagero de tinturas, emprego ostensivo de secadores, escova definitiva.

Se ela tem mais de 20 anos, é óbvio que já passou por um desses processos e acaba apanhada pelo remorso de não ter se revelado suficientemente dedicada, prevenida e cuidadosa com a raiz de seus cabelos. O recado é infalível e atingirá o histórico de todas as consumidoras.

Em momentos de valorização do equilíbrio emocional e de busca por romances saudáveis, será que tal dispositivo depreciativo não interfere na confiança da mulher? Será que não a tenta a se relacionar com pessoas que se mostram ciumentas, possessivas, desleais, sob o pretexto de consertá-las, sob a missão de salvá-las?

Será que não a incita a crer que "com ela será diferente" diante de cafajestes e canalhas? Será que o descrédito com a própria aparência não a influencia a se rebaixar, a confundir desaforos com preocupação?

Será que não a molda a perdoar a infidelidade por achar que ninguém mais vai querê-la? Será que não traduz seu apego a um universo romântico, caracterizado por sacrifícios e renúncias? Será que não expressa uma cultura do boicote, do desmerecimento, da desvalia?

Será que não ilustra uma mania de sempre se enxergar equivocada, inapropriada, inoportuna? Será que não explica a ideia de que precisa dar atenção exclusiva para ser amada? Será que não escancara a cobrança desmedida e diária que ela sofre da sociedade?

Ainda bem que existe o condicionador, um contraponto de carinho às críticas ácidas do xampu. É o retorno ao creme da solitude. O condicionador não provoca espuma, não xinga, não se baseia no escândalo da precariedade e da insuficiência.

Apenas desembaraça os nós na hora de se pentear. É discreto, doce, de aroma contido. É a esperança pela maciez e brilho do elogio.

CARPINEJAR

04 DE NOVEMBRO DE 2023
MARTHA MEDEIROS

Pouso e decolagem

Tenho lido matérias que defendem a ideia de que viajar não é tão fundamental e que os turistas deveriam parar com tanta andança sem sentido. Alguns italianos concordam. "Não venham mais!", têm gritado das janelas os nativos que ainda moram em Veneza, cidade que recentemente foi considerada pela Unesco um patrimônio em risco. Não demorará para Veneza ser ocupada só por visitantes, e aí não será mais uma cidade, e sim uma Disney para adultos, uma cenografia.

Ainda que eu concorde que alguns lugares precisam controlar a entrada de tanta gente, como faz Fernando de Noronha, jamais defenderei que viajar é uma banalidade dispensável. Sei que é possível ser muito feliz sem jamais colocar os pés em um aeroporto - não eu.

Por que viajar precisa ser um estado de exceção? Passamos grande parte da vida morando no mesmo endereço, com alguns intervalos de fuga. Imagine o inverso: viajar constantemente, com alguns intervalos de permanência. Eu sei, o ser humano é gregário, precisa manter vínculos emocionais e ter um emprego a fim de ganhar dinheiro para sobreviver, não é prudente se aventurar (palavrinha tentadora, aventura: injustamente associada a algo temporário).

Porém, morar para sempre numa única cidade, em geral a que nascemos, é que parece um desatino. Pense no que o planeta oferece. Ilhas. Florestas. Desertos. Montanhas. Geleiras. Canyons. Santuários. Templos. Pirâmides. Vulcões. Savanas. Praias. Ruínas. Aldeias. Caminhos sagrados. Metrópoles futuristas. Vilarejos históricos. E pessoas. Pessoas de todas as raças e culturas, pessoas que pensam, comem e agem de forma diferente da nossa. Cartões postais existenciais.

Não consigo chamar de aventureiro aquele que se dedica a conhecer o planeta em sua vasta representação, em vez de comprar uma geladeira, um fogão e formar família. Como eu fiz, e você, provavelmente, também. A gente não se arrepende, mas, no fundo, sabemos que estamos cumprindo ordens. A sociedade costuma ser intransigente com os nômades.

Não fomos educados para a experiência in loco, para as possibilidades de conexão com etnias variadas, para uma expansão geográfica que nos transforme de fato em cidadãos do mundo. A segurança nos atrai na mesma medida que a liberdade nos assusta. Compensamos nosso comodismo com livros, que são mais baratos que passagens aéreas. E, quando dá, fazemos turismo. 

Cada viagem de 10 dias ou de um mês é um jeito de colocar a cabeça para fora da gaiola. Depois, voltamos para casa ainda mais comprometidos com nossas raízes: condicionados ou não, optamos pelo amor romântico, pela criação de filhos, pelos cuidados com os pais. Confirmar, de tempos em tempos, que existe muito mais do que isso, é nosso ato de bravura. Mas aventura mesmo é ficar.

Neste sábado, dia 4, às 17h, autografarei meu Conversa na Sala na Feira do Livro de Porto Alegre. Te espero.

MARTHA MEDEIROS

04 DE NOVEMBRO DE 2023
CLAUDIA TAJES

Uma noite em Porto Alegre

Dia desses aconteceu um Sarau Elétrico em homenagem ao Luis Fernando Verissimo. Sarau Elétrico é o encontro que combina literatura e música às terças-feiras no bar Ocidente, um caso raro de evento longevo em Porto Alegre. São 24 anos em cartaz.

Pois foi anunciar que a função seria sobre LFV que os ingressos se esgotaram em poucas horas. Teve gente que ficou chateada e gente que ficou braba, mas desde a pandemia as coisas funcionam diferente. Agora a lotação para eventos assim no bar é de cem pessoas sentadas, o que acabou com o velho e nem sempre bom amontoamento de outros tempos.

A noite ainda tinha mais uma atração para lá de honorável, memorável e adorável: Tânia Carvalho, a primeira de seu nome. Amiga da vida toda dos Verissimo, ela aceitou o convite para ler e falar sobre o autor que ocupa um triplex na estante e no coração dos leitores.

Para ver a Tânia em ação estavam na distinta plateia a Lucia e a Fernanda, mulher e filha do LFV. Sobre o filho, Pedro, falaremos alguns parágrafos adiante.

A Tânia, para quem dificilmente não conhece, é creditada assim na Wikipédia: "Jornalista, radialista e primeira apresentadora do Jornal do Almoço na então TV Gaúcha, atual RBS TV, lançado em março de 1972 e no ar até hoje. Também foi apresentadora e âncora de diversos programas de televisão e rádio".

Só que ela é muito mais que isso. Breve histórico: a Tânia não conheceu o pai. Passou a infância com a mãe, a avó e oito tias em Bagé, terminou os estudos em Porto Alegre, começou a trabalhar antes dos 18 anos, casou com um astro do cinema nacional aos 19, se desquitou quando ser desquitada escandalizava os cidadãos de bem, voltou com o filho pequeninho para Porto Alegre, começou a trabalhar na TV, inventou um estilo que até hoje serve de modelo para quem veio depois, casou com o Felício - um pão! -, teve o segundo filho, trabalhou muito e ainda trabalha, agora tem duas noras, quatro netos, um genro do filho mais velho e uma montanha de livros que não para de crescer.

Por aí dá para ter uma ideia.

Na noite em que os fãs do LFV e da Tânia teriam se amontado para reverenciar os dois, não fossem as tais cem pessoas sentadas, ela leu os textos da ravissante Dora Avante, a personagem maluquete da época da ditadura . Um trechinho: "Dorinha, como se sabe, não revela a idade, mas insiste que todas as especulações a respeito são exageradas. Diz que é verdade que carregou Getúlio Vargas no colo, mas ele já era presidente na ocasião. Dorinha decretou que nas reuniões do grupo que lidera, as Socialaites Socialistas, que lutam pela implementação no Brasil do socialismo soviético no seu estágio mais avançado, a volta ao tzarismo, todas usem crachás com seus nomes, pois com o botox ninguém reconhece mais ninguém".

A Fernanda Verissimo leu uma crônica em que seu pai falava do filho, Pedro, que então cantou divinamente acompanhado pelo Trio Ataru - que toca divinamente. Com a mãe Lucia e uma turma entusiasmada de amigas na assistência, moçoilas que não ficavam nada a dever em animação para o público das outras noites do Ocidente.

Esta coluna, falando do Luis Fernando Verissimo e da Tânia Carvalho, é para dar um respiro nas notícias que não saem dos jornais e da TV. Que fase, meus amigos. A gente respira também na Feira do Livro e suas tantas atrações e na programação de teatro e de shows da cidade. Nessa época do ano Porto Alegre costuma fazer jus ao nome. Em que pesem as tristezas do mundo.

Como diria Dora Avante: caríssimos, beijos centrifugais.

CLAUDIA TAJES

04 DE NOVEMBRO DE 2023
LEANDRO KARNAL

Aborto

Há textos que escrevo e sei que despertarão críticas. Acho saudável o debate sobre temas relevantes. Seria importante ouvir um pouco antes de falar?

Começo pelo pensamento tradicionalmente atribuído à esquerda: a defesa do aborto. Os argumentos variam: liberdade da mulher, "meu corpo; minhas regras", crítica à interferência da religião no útero alheio etc. Os princípios da autonomia da decisão feminina ficam sobrepostos a outros valores. Esse é um ponto de vista.

Entre alguns conservadores, religiosos e outros grupos, existe a defesa absoluta da vida do feto. Nada pode ser mais importante. Assim, se a gravidez deriva de estupro ou se representa risco de vida para a mãe, o valor vida do feto se sobrepõe a tudo, inclusive ao risco da vida da mãe. A gestante tem memória de uma violência? O incômodo dela é inferior à vida do feto. O feto revelou anencefalia? Mesmo que a lei ampare o aborto, mesmo que a chance de vida seja breve, o valor vida do feto é superior. Esse é outro ponto de vista.

Duas visões de mundo: o valor absoluto da vida do feto e o valor absoluto da liberdade da mulher. Meu texto não é o debate a respeito de um ou outro argumento. Há pontos variados sobre o que é o começo da vida (e o que seria a vida em si) que devem ser pesados, mas escapam ao objetivo curto desta coluna.

Uma mulher clássica feminista e militante de esquerda defenderá seu direito à liberdade. Em princípio, a mesma mulher também será contra a pena de morte, contra o uso de armas, contra a tortura e defenderá, com unhas e dentes, a vida atingida pela violência. Aqui vai o fato que merece debate: a vida do feto pode ser relativizada, mas a vida fora do útero (especialmente a do pobre ou a de minorias) é sagrada.

Quase todos os conservadores são contra o aborto, mesmo com o risco extremo para a mãe. O mesmo grupo, por vezes, defende a pena de morte. Alguns chegam a ponto de relativizar a violência policial, com o surgimento até do conservador que considera a tortura um mal menor ou desculpável. Aqui vai o fato que merece debate: a vida no útero é completamente sagrada e, saindo dele, é relativa, ou seja, pode ser retirada em determinadas condições.

Caetano Veloso, identificado com algumas pautas de esquerda, canta na música Haiti: "E se esse mesmo deputado defender a adoção da pena capital/ E o venerável cardeal disser que vê tanto espírito no feto/ E nenhum no marginal". Ele nota a contradição de certo recorte político-religioso com toda a razão. Eu aponto a ambiguidade de todos os grupos.

Se tivesse de sintetizar de forma a provocar mais, eu diria de forma esquemática: a) esquerda: a vida do feto é relativizada pela liberdade, pelo bem-estar da mãe ou pela própria vida da gestante. No momento em que o feto se torna um ser humano fora do útero, a vida é sagrada e nunca deve ser limitada, encerrada, atacada ou constrangida; b) direita: o direito à vida do feto é absoluto, mesmo que não tenha chance de sobrevivência, mesmo que represente risco para a mãe ou signifique enorme dor emocional por ser fruto de violência; porém, depois de nascer, o ser humano só terá direito à vida plena se for honesto e bom cidadão.

Se eu quisesse ser ainda mais polarizado: a esquerda considera que o pleno direito de vida começa depois do nascimento, mas a direita considera que ele se encerra no mesmo momento. Não nasceu ainda? Devo considerar se é conveniente para a mãe que você venha ao mundo. Já nasceu? Posso condená-lo à morte ou dar uns safanões, porque você não segue o caminho do "cidadão de bem". Em um campo, todos são zona cinzenta até o parto; em outro, todos são "vidas sagradas", após a luz do mundo iluminar seus corpos. Em ambos, a vida é relativa a partir de certos valores.

Não se trata, exatamente, do imenso debate sobre o sistema nervoso já estar formado, da consciência ou não do feto nas primeiras semanas, do bem-estar de A ou B. A discussão está em saber qual valor vai relativizar a vida. Posso relativizá-la pela já formada existência da mãe ou posso fazê-lo pelo bem-estar da sociedade. É uma concepção filosófica. Exemplo? A vida de alguém no útero é inocente e nunca pode ser atingida. Uma vez que esse ser cresceu e cometeu crimes, sua vida deve ser privada da liberdade (ou até da própria existência), porque perdeu a pureza. Assim, essa existência é matizada pelos conceitos morais do livre-arbítrio e do mal.

"Leandro, você é homem e não tem lugar de fala para debater gravidez." Nesse caso, você elege gênero como critério para relativizar a opinião sobre a vida. Provavelmente, você tem útero e considera que a posse dele confere a autoridade máxima sobre aborto. "Você não é religioso; por isso, discute aborto assim." Você acaba de identificar fé como o fator que vai assegurar, ou tornar absoluta, a vida humana. De muitas formas, toda discussão é sobre qual o ponto de vista que você vai escolher para interditar, permitir ou liberar o aborto. O que será absoluto será o seu ponto de vista, não exatamente o direito à vida. Tenho esperança no uso responsável da nossa liberdade.

LEANDRO KARNAL

04 DE NOVEMBRO DE 2023
DRAUZIO VARELLA - Médico, cientista e escritor

Crime continuado

Cigarros eletrônicos contêm doses altas de nicotina, droga que provoca a mais escravizadora das dependências químicas. Descontada a escravidão, o cigarro foi o crime mais perverso da história do capitalismo internacional.

Se compararmos as mortes causadas por esses dois crimes abjetos, a indústria do fumo matou mais gente nos últimos cem anos do que a escravidão o fez em toda a história da humanidade.

Fumar encurta a duração da vida: em média, 10 anos se for mulher, e 12 anos se for homem. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), neste século 21 o cigarro provocará cerca de 800 milhões de óbitos.

No decorrer do século passado, a indústria do fumo investiu bilhões de dólares em campanhas publicitárias ao redor do mundo, para associar o cigarro às práticas esportivas, ao sucesso profissional, à beleza das mulheres e ao charme dos homens ricos. Com essa estratégia traiçoeira, subornos e um lobby político milionário corrompeu autoridades e calou a mídia. Qualquer notícia, matéria ou comentário que mencionasse um problema de saúde causado pelo fumo era punido com retaliação financeira.

A ciência provou a associação entre cigarro e câncer ainda nos anos 1950. A pressão das companhias, no entanto, impediu que essa informação fosse veiculada pela imprensa por mais de três décadas.

Quando o mundo se deu conta das inúmeras doenças ligadas ao fumo e dos custos para os sistemas de saúde, diversos países iniciaram campanhas educativas e criaram leis para proibir a publicidade pelos meios de comunicação de massa.

Embora anos mais tarde do que os países industrializados, o Brasil adotou uma série de medidas de combate ao fumo, consideradas exemplares pelos especialistas da OMS. Como consequência, a prevalência de adultos fumantes em nosso país caiu para menos de 10%. Hoje, fumamos menos do que os norte-americanos e do que em todos os países da Europa.

Atenta às transformações sociais que levaram à diminuição do número de fumantes e às perdas provocadas pelas mortes precoces dos consumidores, a indústria criou o cigarro eletrônico. Não fiquei surpreso, mais de 30 anos frequentando cadeias me ensinaram a não subestimar a perversidade do mundo do crime.

Há diversos produtos no mercado, mas todos dispõem de quatro componentes principais: um reservatório, um dispositivo de aquecimento, uma bateria e o bocal para inalar. O reservatório contém uma solução líquida de nicotina e diversos aromas agradáveis ao paladar infantil: chocolate, maçã, framboesa, além de mentol para dar sensação de frescor.

Os eletrônicos foram lançados com o pretexto de que seriam indicados para fumantes interessados em vencer a dependência de nicotina. Veja se faz sentido, prezado leitor: uma indústria que acumulou lucros astronômicos com a venda de cigarros para dependentes de nicotina fabrica um dispositivo para inalar nicotina com a finalidade de reduzir o número de fumantes. Haja ingenuidade para acreditar nessa gente.

Tal ação jamais foi comprovada em estudos científicos. Em compensação, o sucesso de vendas para o público infanto-juvenil foi avassalador. A apresentação na forma de pen drives e canetas e a crença de que se tratava de uma versão moderna do cigarro, livre do mau cheiro e dos malefícios associados a ele, provocaram uma explosão no consumo.

As crianças e os adolescentes de hoje fumam os eletrônicos, como eu e os do meu tempo fumávamos os cigarros convencionais, sem ter ideia do mal que faziam. Para eles, como para nós, era apenas uma fumaça inócua que nos ajudava a parecer adultos.

Acontece que os eletrônicos contêm doses altas de nicotina, droga que provoca a mais escravizadora das dependências químicas. Já disse várias vezes nesta coluna que é mais fácil largar do crack do que da nicotina, como aprendi nas cadeias. Crianças e adolescentes que começam a fumar a nicotina presente nos eletrônicos não conseguem parar.

O esforço de décadas de combate ao fumo está sendo atirado no lixo: criamos uma nova geração de dependentes de nicotina que não fumaria cigarros convencionais.

Neste momento, a indústria movimenta seu lobby de aluguel para que a Anvisa aprove os eletrônicos. Com a desculpa de trazer para o controle das autoridades sanitárias a qualidade dos produtos nocivos que comercializam, o que pretendem é conseguir autorização da Agência para disseminar a dependência de nicotina no meio da criançada.

Exatamente o mesmo crime continuado cometido contra a minha e as gerações que me antecederam.

DRAUZIO VARELLA

04 DE NOVEMBRO DE 2023
MONJA COEN

espiritualidade. Impermanência

Nada fixo. Quando percebemos que nada é permanente, podemos nos libertar e encontrar o caminho do despertar.

Despertar não é estar alegre o tempo todo. É saber que nem mesmo o que consideramos ser, o chamado "eu", é fixo ou permanente. Somos processos em transformação. O que éramos há 10 anos e o que seremos em outros 10? Nunca os mesmos.

Somos feitos de duas gotas - uma vermelha e outra branca. A mãe e o pai - o óvulo e o espermatozoide. Quando se interpenetram, inicia-se o processo de uma vida humana. Um processo incessante e fluido.

"Não nascemos prontos.", insiste o professor Mario Sergio Cortella. Como é verdadeiro! Estamos sempre aprendendo, reaprendendo, nos modificando. Estamos nos aperfeiçoando - tanto para o bem como para o mal.

Quando assisto na TV às atrocidades do Hamas, fico pensando em como esses jovens foram estimulados ao crime, à falta de sensibilidade, à maldade. Definitivamente não nasceram assim. Mas foram estimulados, talvez desde antes do nascer.

Dona Zilda Arns, médica católica que criou o soro doméstico e com isso evitou e evita que milhares de crianças morressem ou morram desidratadas, costumava dizer que "a violência começa no útero materno". Quão verdadeiro! Mães japonesas, ao saber que o que liam, faziam, influenciava o feto em gestação, passaram a estudar matemática - por exemplo, para que seu filho ou filha já nascesse com alguma capacidade.

Ora, mães que vivem em comunidades violentas, que recebem maus tratos e abusos, e com eles se acostumam e consideram "naturais", certamente estão estimulando seus fetos ao desamor e desamparo. Quando pequeninos são estimulados a tirar as perninhas das formigas, jogar sal no rabo dos passarinhos e usar estilingues para furar os olhos de seus desamores... Tudo isso sendo estimulado pelos adultos e coleguinhas.

Pode haver tendência, mas sem estímulo não se desenvolve. Por que passar de uma geração a outra o ódio, o rancor, a violência? Por que não podemos estimular o afeto, o compartilhar, o compreender?

Certa vez conheci um pajé, chamado Tchijo, do norte do Brasil. Perguntamos por que ele estava em São Paulo e não em sua tribo. Ele respondeu: "Temos dois pajés. Um fica na tribo. Eu considero o mundo todo minha tribo e viajo para que todos assim percebam".

Então perguntamos sobre os maus tratos que receberam dos portugueses, se ele não ensinava a seus filhos e netos a ter cuidado com os brancos. "De jeito nenhum", retrucou. "História do passado. Nunca se deve manter o rancor, a raiva, o mal aceso."

Que bonito! Quando criança gostava de me sentar no colo de minha mãe. Ela gostava de ler e estudar.

Muitas vezes me pedia para ler trechos que a interessavam em livros de antropologia, história, geografia, psicologia, pedagogia. Lembro-me de uma frase repetida em alguns de seus livros de estudo: Rousseau dizia que o homem é bom e que a sociedade o corrompe. Outro, chamado Lombroso, descrevia o assassino nato. Ou seja, o assassino já nascia assassino e não era a sociedade que o corromperia. Será?

Vale a pena refletir sobre o assunto. Podemos nascer com certas tendências - se forem estimuladas, podem se tornar hábitos. Se não forem estimuladas podem atrofiar. O que estamos estimulando em nós e no mundo?

Mãos em prece

MONJA COEN

04 DE NOVEMBRO DE 2023
J.J. CAMARGO

Por que fugimos do paciente terminal?

Temos dificuldade de lidar com a morte mesmo quando encerra um sofrimento sem redenção. "Morrer deve ser assim: por algum motivo estar-se tão cansado que só o sono da morte compensa." (Clarice Lispector)

Quase todas as pessoas com quem conversei sobre o tema assumiram que têm dificuldade de conviver com o clima que envolve o fim da vida. Certamente é a mais pesada das relações sociais, o que justifica que todos se sintam aliviados quando há uma desculpa plausível para se omitirem.

Alguns conseguem até elaborar com bom humor esta situação, ainda que pareça muito improvável. Em todo caso, Woody Allen conseguiu: "Eu não tenho medo de morrer. Eu só não gostaria de estar lá quando isso acontecer".

De qualquer modo, apesar de inevitável, nunca nos sentiremos relaxados, mesmo quando a morte significar o fim de um sofrimento sem redenção. Nem a família, que representa a companhia mais valiosa no fim da vida, tem um comportamento uniforme nesta situação.

Tanto que, quando um paciente terminal está internado, é comum a pressão familiar para que ele seja levado para a UTI, apesar da irracionalidade desse pedido, visto que a terapia intensiva é um lugar ótimo para se lutar pela vida, enquanto haja esperança de sobreviver com dignidade, mas desumano e terrível para quem tem consciência de que está no umbral da morte. Condenar um paciente ainda lúcido a morrer rodeado de máquinas barulhentas e pessoas emocionalmente descomprometidas é crueldade pura.

Infelizmente, esta dificuldade não ocorre somente com leigos. Muitos médicos agem assim, em grande parte devido à falta de orientação na faculdade, onde somos treinados para diagnósticos brilhantes e tratamentos exitosos, ou seja, para a grande festa da vida. Condicionados ao sucesso, não estamos preparados para a única intercorrência que aprendemos a protelar, mas não a banir, quando chegamos ao portal do fim da vida, apesar do quanto gostaríamos de transferi-la, mesmo que fosse por apenas um dia.

Como me ensinou a Marilu, quando lhe perguntei como tinha sido a noite: "Foi sobressaltada, porque eu tenho sonhado muito com a minha própria morte, e neste sonho eu sempre morro à noite. E então foi um alívio quando começou a clarear, e eu soube que eu tinha ganho, pelo menos, mais um amanhecer".

Com a morte sempre rondando, a negação é um modesto antídoto para o desespero.

A analogia da proximidade da morte com um muro é perfeita, porque compara o morrer com deparar-se com um obstáculo intransponível, depois de uma caminhada que sempre pretendemos que seja a mais longa possível. Porque viver, para quem encontrou o sentido da vida, é tão maravilhoso, que mesmo os sofredores lutam para preservá-la no limite do possível.

Diante de uma barreira final, tão alta que não conseguimos transpô-la, e tão longa que não temos mais pernas para contorná-la, o médico, além de abandonar seu discurso tradicionalmente esperançoso que pareceria ridículo, deve se oferecer para ajudar o paciente a resgatar os afetos atropelados durante a vida, na busca do único sentimento que, exorcizando a culpa, lhe permitirá morrer em paz: o perdão. E não negligenciem esta ajuda, porque raramente descobrimo-nos prontos. Sempre há uma aresta para aparar.

J.J. CAMARGO

04 DE NOVEMBRO DE 2023
OPINIÃO DA RBS

CORREÇÕES DE RUMO

Apenas dois anos depois de entrar em vigor, com o propósito de se tornar mais atrativo para os estudantes e evitar a evasão escolar, o Novo Ensino Médio está prestes a sofrer mudanças que se revelaram necessárias já nos primeiros meses de sua implementação. Foram tantas as críticas da comunidade escolar que o Ministério da Educação - sob o comando do ex-governador cearense Camilo Santana, responsável por uma bem-sucedida revolução educacional em seu Estado - resolveu encaminhar ao Congresso, no último dia 24, um projeto de lei que mexe em vários pontos da legislação e procura atender a sugestões feitas por educadores e especialistas.

A revisão é oportuna, mas não pode ser considerada uma solução pronta nem definitiva para os graves problemas da etapa final da educação básica. Pelo contrário, as propostas agora encaminhadas ao parlamento terão que ser debatidas e aperfeiçoadas para produzirem o efeito desejado, que é a maior qualificação dos jovens tanto para o mercado de trabalho quando para a continuidade dos estudos na universidade. Além disso, mesmo que o Congresso aprove integralmente a proposta governamental, outros passos importantes terão que ser dados para efetivamente se reduzir a precariedade da educação no país.

A realidade, por demais conhecida, é que escolas sem infraestrutura suficiente e professores sem formação adequada são obstáculos intransponíveis para qualquer reforma, por melhor intencionada que seja. Se tais óbices não forem removidos, poderão ampliar ainda mais a desigualdade entre alunos da rede pública e da rede privada, especialmente para a disputa por acesso ao Ensino Superior.

Não adianta corrigir o desequilíbrio entre as cargas horárias da formação obrigatória e da parte flexível do currículo se os estudantes continuarem sendo orientados por professores sem capacitação adequada para os desafios do mundo real e das inovações tecnológicas. É chocante saber, como denuncia o movimento Todos pela Educação, que 81% dos pretendentes à docência estão sendo preparados unicamente pelo ensino a distância, que se popularizou demasiado e apresenta deficiências graves.

Evidentemente, são bem-vindas sugestões de correção do Ensino Médio como a ampliação das horas-aulas e de disciplinas obrigatórias em todos os anos do ciclo, assim como o veto à modalidade de educação a distância para componentes curriculares da formação geral básica e o regramento para a contratação de profissionais não licenciados para ministrar aulas em cursos técnicos de suas especialidades. 

Que sejam criteriosamente avaliadas pelo Congresso e implementadas logo. O desejável é que o parlamento não se demore no exame da proposta e aja com o máximo de objetividade, evitando transformar um debate tão essencial em disputa política improdutiva. Foi o que ocorreu com o já obsoleto Novo Ensino Médio, que começou a ser implantado em 2022 como resultado de uma alteração feita na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em 2017. O país já perdeu tempo demais nessa discussão - e, em consequência, muitos brasileiros perderam a oportunidade de se preparar melhor para o futuro.


04 DE NOVEMBRO DE 2023
CRUZEIRO REAL

Nota que homenageou o gaúcho há 30 anos virou item de colecionador

Cédula que fazia referência ao RS começou a circular em outubro de 1993, abrindo as portas ao que viria a ser o Plano Real

Em 29 de outubro de 1993, começava a circular a nota de 5 mil cruzeiros reais (Cr$). Conhecida como "o gaúcho", estampava em um dos lados a figura típica do Rio Grande do Sul, com a mirada no horizonte e as ruínas de São Miguel das Missões ao fundo.

No verso, o personagem aparecia montado, preparando-se para um tiro de laço. Há três décadas, a cédula, assim como as demais do Cruzeiro Real, ajudaria a enterrar o período da hiperinflação, ao abrir as porteiras para que a atual moeda, o Real, fosse efetivada no ano seguinte.

Para se ter uma ideia, antes do Real a inflação era tamanha que as manchetes de jornal já indicavam: do anúncio, feito em junho, até outubro, a nota que referenciava o Rio Grande do Sul somou nada menos do que 60% de desvalorização. Era pouco para os padrões da época, já que naquele ano a inflação acumulada ficaria abaixo de 1.000%, o que só havia acontecido uma vez nos cinco anos anteriores.

Com Cr$ 5 mil, em junho, comprava-se 100kg de costela bovina. Quatro meses depois, apenas 20kg. A nota estreou no mercado valendo US$ 30. Ainda assim, três gaúchos e um "lobo-guará" (a moeda de Cr$ 100, mesma ilustração da atual nota de R$ 200) eram suficientes para pagar o salário mínimo de novembro, cotado a Cr$ 15.021.

Bicho-papão

Na época, o rendimento mensal oficial do país era atualizado com mais frequência. Em dezembro, por exemplo, foi necessário incluir no maço de notas ao menos sete "Mários de Andrade" (o escritor modernista que emprestava rosto e chapéu à cédula de Cr$ 500) para arcar com os Cr$ 18.760 mensais a que os trabalhadores tinham direito.

Era um dos efeitos da corrosão do poder de compra, abocanhado a cada 24 horas pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), à época, também denominado de "bicho-papão". Hoje, não mais que o "fantasma" da hiperinflação.

RAFAEL VIGNA

04 DE NOVEMBRO DE 2023
60 MAIS _ TEMA DE HOJE: FASE DIGITAL

Moda, paqueras, viagens: como é a vida de influencers da terceira idade

Perfis atraem seguidores nas redes sociais promovendo o envelhecimento ativo, além de divulgar produtos e atividades

Quase toda semana chega uma mensagem privada no perfil do Instagram de Miréia Borges, 66 anos, com convites para jantar, tomar café, conhecê-la melhor. Ou então comentários sobre sua beleza, elogios a sua desenvoltura diante da câmera do celular. A influencer da terceira idade lê as tentativas de paquera na companhia do marido, com quem é casada há 45 anos.

- Olha esse aqui! - diverte-se ela, aos risos, mostrando os pretendentes.

Miréia posta sobre a rotina de muitos compromissos, a família, o look do dia, os lugares que visita. O escritório de seu amplo apartamento no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre, tem uma caixa repleta de utensílios domésticos para divulgar: potes plásticos, esfregões, esponjas, vassouras, rodos. A pedagoga ainda ganha livros, cosméticos e pares de tênis, calçado que as marcas sabem que ela usa muito. Todos os "recebidos" são mostrados aos quase 18 mil seguidores.

- Eu influencio. Levo muito a sério o meu papel. Encaro isso como o meu trabalho - afirma Miréia, que é auxiliada nas demandas online por uma jornalista.

Miréia acaba sendo vista como conselheira. Os pedidos de ajuda mais frequentes se referem a problemas no casamento - em geral, as esposas reclamam do esfriamento da relação e de maridos pouco românticos - e com os filhos.

- Por isso que falo que ser influenciadora é uma coisa muito séria - repete Miréia, também apresentadora do podcast Idade Não É Documento. - Digo que não sou psicóloga, mas converso. Acho importante as pessoas se sentirem acolhidas. Podendo, eu acolho - completa.

Interação

A influenciadora responde a todas as mensagens que recebe, nem que seja apenas com um coração ou um "joinha". Muito identificada com a faixa etária a partir de 60 anos, tornou-se também referência de estilo para esse público. Ela já recebeu a foto de uma seguidora vestindo calça justa e lhe perguntando o que achava. A mulher buscava a aprovação para o visual que o marido nunca autorizara.

- Quero mostrar que as mulheres de mais de 60 não precisam ficar em casa achando que o mundo acabou. Passo o dia correndo de um lado para o outro. Tem horrores de coisa que você pode fazer. Procuro passar para as pessoas, e para as mulheres principalmente, que a gente pode, não deve ter medo - justifica Miréia.

LARISSA ROSO

Liga nada a lugar nenhum

O viaduto parcialmente construído em Esteio, próximo ao Parque de Exposições Assis Brasil, vai precisar esperar mais tempo para poder receber novas obras. A licitação aberta para contratar quem vai finalizar a travessia foi concluída sem a definição de vencedor.

Ao todo, sete empresas participaram da disputa. O orçamento da obra não foi informado para que fosse possível promover uma concorrência.

As propostas começaram com R$ 50 milhões e foram encerradas em R$ 8,52 milhões. Mesmo assim, nenhuma atingiu o valor que a prefeitura de Esteio e o Palácio Piratini pretendiam pagar.

Em agosto, após a assinatura de um convênio entre os governos, a intenção era investir R$ 7,99 milhões na conclusão do viaduto. O elevado vai permitir um acesso rápido entre a Rodovia do Parque, a Avenida Celina Chaves Kroeff e o parque de exposições.

Agora, uma nova licitação precisará ser lançada. Se repetir os mesmos termos do antigo edital, a realização dos projetos e a execução das obras deverão ocorrer em um ano e meio.

A obra era de responsabilidade do Dnit, que não a executou por falta de dinheiro. Em 2019, a Rodovia do Parque foi repassada para a CCR ViaSul, mas o término da obra do viaduto não foi incluído no contrato.

Em junho de 2022, a prefeitura de Esteio obteve a doação dos projetos do viaduto com o Dnit. Seis meses depois, o Palácio Piratini se uniu ao projeto.

Já foram gastos R$ 4 milhões no viaduto. Mas ainda falta realizar a construção de uma das duas rampas de acesso.

Além de viabilizar entrada pelo portão 10 do parque de exposições, o viaduto também irá garantir acesso rápido ao Condomínio Industrial Carlos Helfensteller. Hoje, quem ingressa em direção a Esteio pela Rodovia do Parque chega à cidade por uma via alternativa, que passa pela Avenida Cezar Antonio Bettanin, aumentando o trajeto.

Histórico

Em 2013, quando a Rodovia do Parque foi inaugurada, algumas obras não ficaram prontas a tempo. Uma delas foi exatamente esta, em Esteio. A construção parou em 2014 por falta de dinheiro do Dnit. No mesmo ano, um acesso provisório foi criado, permitindo que os veículos acessassem o município pela Rodovia do Parque.

CHAMOU ATENÇÃO 


04 DE NOVEMBRO DE 2023
CARTA DA EDITORA

CARTA DA EDITORA O jornalismo e a Feira do Livro

Mesmo em menor tamanho, com queda nas vendas e a dura luta ano a ano por financiamento para manter o evento de pé, a Feira do Livro continua sendo uma das principais atrações a céu aberto de Porto Alegre. Por duas semanas, os estandes - e seus cafés, carrocinhas e quiosques - transformam a Praça da Alfândega e arredores em um ambiente cultural, onde se pode acompanhar lançamentos, buscar raridades e promoções e, ainda por cima, conversar com os amigos. 

Na Redação Integrada de ZH, GZH, Rádio Gaúcha e Diário Gaúcho, há sempre uma fila de interessados em participar dessa cobertura. Afinal, qual jornalista não gostaria de entrevistar autores, falar com livreiros, entender os hábitos de consumo dos compradores, assistir a palestras e bate-papos e ainda pegar autógrafos de escritores?

Sob a coordenação da editora Renata Maynart, a cobertura da Feira deste ano conta com os repórteres André Malinoski e Karine Dalla Valle. E, a partir desta segunda-feira, terá o reforço de Fernanda Polo. Todas as tardes, André e Karine circulam pela praça para contar as novidades e curiosidades do dia.

André se define como "rato de feira". Em uma semana, comprou 14 livros, entre eles, quatro em espanhol, que explicam a figura do gaúcho para brasileiros, argentinos e uruguaios.

- Sou um assíduo frequentador, seja por motivos de trabalho, seja por opção de lazer. Gosto dos livros, de conversar com livreiros, autores e amigos, dos jacarandás em flor e dos ares culturais da Praça da Alfândega. Mas confesso que o meu maior prazer é achar um livro velho e carregado de história, poder tocar na folha amarelada pelo tempo, sentir o cheiro. Só quem ama ler sabe do que estou falando - conta André.

Karine considera a Feira do Livro de Porto Alegre um dos eventos culturais mais democráticos, porque não há cobrança de ingresso e a programação é totalmente gratuita. A única coisa pela qual se paga é o livro.

- Sempre ouço de amigos, conhecidos e colegas a mesma constatação: "É mais barato comprar livros pela internet". Comprar livro novo por alguma plataforma digital pode custar R$ 10, R$ 15 ou R$ 20 mais barato, mas a experiência de andar pela Praça da Alfândega, conversar com outros leitores e com donos de livrarias, estar aberto para encontrar um livro que não constava na lista de desejos, pegar autógrafo do escritor e participar de um bate-papo com Natalia Timerman, Jeferson Tenório e Itamar Vieira Junior, grandes nomes da literatura contemporânea, são atividades que só a Feira proporciona. Minha tarefa de cobrir a Feira é motivada pela missão de lembrar às pessoas que a Feira não é substituível.

O leitor pode acompanhar o dia a dia do evento em ZH e também pelo site e aplicativo de GZH.

DIONE KUHN

04 DE NOVEMBRO DE 2023
INFORME ESPECIAL

O terror

frases da semana

A violência a que temos assistido tem se agravado a cada dia e resolvemos tomar uma decisão.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Presidente da República, ao assinar decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para as Forças Armadas atuarem em portos e aeroportos do Rio e de São Paulo.

O mais importante é que garantimos a trava constitucional para que não haja aumento da carga.

EDUARDO BRAGA

Relator da reforma tributária no Senado, garantindo que a mudança no sistema não levara a aumento dos impostos.

Acho que precisamos de uma pausa.

JOE BIDEN

Presidente dos Estados Unidos, na quarta-feira, que, enquanto discursava em Minneapolis, foi interrompido por um rabino pedindo por um cessar-fogo no Oriente Médio.

Quero pedir que vocês não parem de lutar. Que as crianças que possam vir não sofram com isso.

VINICIUS JUNIOR

Jogador da Seleção e do Real Madri, referindo-se à batalha contra o racismo, ao receber o Prêmio Sócrates, por seu trabalho social que usa o futebol.

Eu acrescentaria um terceiro: Pelé.

PAPA FRANCISCO

Pontífice, ao ser perguntado em entrevista para canal de TV italiano se sua preferência era por Maradona ou Messi.

Muito ruim ver imagens de pessoas invadindo a sua casa, roubando o que você comprou e conquistou com o seu trabalho.

MARIANA RIOS

Atriz e apresentadora, que teve a sua casa invadida e roubada no último fim de semana, em São Paulo.

A minha meta está estabelecida. Vou buscar o equilíbrio fiscal de todas as formas justas e necessárias para que nós tenhamos um país melhor.

FERNANDO HADDAD

Ministro da Fazenda, ao ser questionado sobre declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o governo não precisaria manter o objetivo de déficit zero em 2024.

Médico e escritor falecido em 2011, Moacyr Scliar foi retratado pelo pintor Erico Santos para a exposição Autorias, que integra a programação da Feira do Livro de Porto Alegre e fica em cartaz até 2 de dezembro. Ao longo da vida, ele publicou mais de 70 livros, acumulou uma profusão de prêmios e teve o trabalho editado em diferentes países, em uma dezena de idiomas, do russo e ao hebraico. Navegou com maestria pelas águas da literatura fantástica e jamais perdeu a identidade judaica, visível na sua escrita.

INFORME ESPECIAL