sábado, 9 de novembro de 2024



09 DE NOVEMBRO DE 2024
Guilherme Milman - REGIÃO METROPOLITANA

REGIÃO METROPOLITANA

Vítima de acidente na RS-020 em Gravataí, bebê de sete meses morre no hospital. Mariana Vitória Cardoso de Abreu estava internada no HPS de Porto Alegre. O pai, Wellington da Silva de Abreu, 21 anos, morreu no local

A bebê de apenas sete meses, vítima do acidente na RS-020 envolvendo um caminhão e dois carros, morreu na noite de quinta-feira. Ela estava internada no Hospital de Pronto-Socorro (HPS), na Capital. A informação foi confirmada na manhã de sexta-feira pelo hospital.

Mariana Vitória Cardoso de Abreu estava na Ecosport atingida pelo caminhão. Na ocorrência, uma picape Montana também ficou danificada. O pai de Mariana, identificado como Wellington da Silva de Abreu, 21 anos, já havia morrido no local da ocorrência. Já a mãe, de 19, também foi socorrida. Não há informações sobre seu estado de saúde.

Antes de ser transferida para o HPS, a bebê tinha sido encaminhada ao Hospital Dom João Becker, em Gravataí.

Como aconteceu

O acidente foi no km 10 da rodovia, na parada 84. Segundo o Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM), um caminhão teria invadido a pista contrária e colidido com a Ecosport onde estava a família. Na sequência, ainda havia acertado uma picape Montana. O motorista da Montana também ficou ferido.

O caminhoneiro saiu ileso. Ele deve ser investigado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. 


acerto das (tuas) contas

Carne volta a subir

Gaúchos, preparem o bolso. A carne voltou a subir, principalmente a de gado. A alta de outubro foi a maior desde 2021 na pesquisa mensal da cesta básica feita pela Dieese, que pesquisa coxão de dentro, de fora e patinho. Lembrando que, naquela época, vivia-se o auge da pandemia, com uma disparada nos preços dos alimentos.

No mês passado, o Dieese captou em Porto Alegre aumento médio de 5,26% na carne em relação a setembro, mais do que o dobro da elevação da cesta básica. Pelo peso do alimento no orçamento familiar e, portanto, na pesquisa, "ajudou" a fazer o custo deste conjunto de produtos subir bem acima da inflação, que ficou em 0,16% na Região Metropolitana, segundo o IBGE.

Aliás, a alta da carne apareceu também na pesquisa do instituto, ainda que em menor intensidade. Os cortes com maiores elevações foram carne de porco (4,22%), picanha (3,70%) e costela (1,58%).

- A carne barateou em 2023 e, em 2024, até setembro ainda acumulava queda. Agora, mudou - acrescenta a técnica do Dieese, Daniela Sandi, às observações da coluna.

Tanto o Dieese quanto o IBGE identificam efeito das queimadas e da estiagem no centro-oeste do país como origem deste aumento repentino. Elas prejudicaram o pasto e os bois em confinamento não foram suficientes para manter a oferta para atender à procura. O IBGE acrescenta ainda o aumento das exportações como outro motivo para reduzir a quantidade no mercado interno.

Aliás, o consumo de carne é bem sensível a preços. Com a alta forte de 2019 a 2022 - quando a carne ficou bem mais cara do que hoje, especialmente a bovina -, a população começou a comprar menos, curva que se inverteu um pouco ao longo do ano passado, quando os cortes baratearam. _

Para garantir o churrasco

Qual a dica que a coluna considera mais efetiva para o consumidor driblar a alta? Buscar as promoções semanais das redes de supermercados e atacarejo. Fique de olho nos encartes.

A carne é chamariz de cliente, assim como o leite e hortigranjeiros de maior consumo. Os varejistas negociam preços especiais de cortes com os fornecedores, anunciando principalmente perto dos dias tradicionais do churrasco gaúcho. Fique ligado! _

Passeio facilitado

Consumidor verde

- Como ouvidor, solicitei o registro dessa situação para a área técnica, com o objetivo de identificar a motivação para esse procedimento e buscar melhores soluções - complementou.

Miola trouxe à coluna referências da legislação que apontam o entendimento de que a vida do visitante do Jardim Botânico pode ser facilitada. Decreto de 1967 determina que receita e despesa pública usem a via bancária. Já uma lei de 2017 afirma que o agente público deve aplicar soluções tecnológicas que simplifiquem processos ao usuário e veda imposição de restrições não previstas na legislação. _

Sem convênio

Lembrando que, como noticiou na sexta-feira a coluna, a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Estado (Sema), ao ser questionada, justificou por meio de uma nota, a restrição de pagamento apenas a dinheiro pelo fato de não ter convênio com bancos. Informou ter iniciado um processo, que não avançou por "questões jurídicas", que não foram detalhadas.

Ainda no texto, vinculou a melhora do atendimento à concessão do Jardim Botânico, que já se tentou fazer e não teve interessados. A Sema diz estar adequando o edital, mas não tem prazo de publicação. _

Apesar disso, visite

Mesmo com a dificuldade, a coluna recomenda frequentar o Jardim Botânico, um dos lugares mais agradáveis da Capital. Especialmente, se você for um "consumidor verde", como a coluna tem provocado. Com 66 anos e 36 hectares, o parque tem trilhas, lagos e o Museu de Ciências Naturais, incluindo laboratórios, salas de exposições e de coleções científicas. Ele integra a Rede Brasileira de Jardins Botânicos, sendo uma das cinco unidades com classificação "A" no Brasil, o que significa estar entre os melhores do país na avaliação do Conselho Nacional do Meio Ambiente. _

Vagas de natal

Com 16 lojas no RS, a Pernambucanas está com 47 empregos temporários abertos para atendimento de clientes e vendas de final de ano. O curioso é enfatizar a busca também por candidatos com mais de 45 anos, dizendo que "acredita no potencial desse grupo etário e nos benefícios gerados a partir da conexão entre gerações". A rede foi criada em 1908.

ACERTO DAS TUAS CONTAS 



09 de Novembro de 2024
CORTES DE GASTOS

Sob pressão, governo adia anúncio de medidas. 

Previsto para ocorrer havia alguns dias, o anúncio das medidas de corte de gastos foi adiado pelo governo federal. A reunião ministerial com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o tema terminou sem qualquer anúncio.

Na segunda-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a equipe econômica estava na "reta final" do pacote. No entanto, a rodada de reuniões ao longo da semana com ministros das áreas que seriam alvo das medidas turbinou as resistências, levando ao risco de desidratação do plano elaborado pela equipe econômica.

A demora no anúncio preocupa o mercado financeiro, que teme que sobrevivam apenas medidas de "pente-fino" em detrimento de mudanças estruturais que controlem a trajetória da dívida pública.

Haddad acionou na sexta-feira a "tropa de choque" quase completa de sua pasta para a reunião ministerial no Palácio do Planalto. Participaram os secretários Dario Durigan (executivo), Guilherme Mello (Política Econômica), Robinson Barreirinhas (Receita Federal) e Marcos Pinto (Reformas Econômicas).

Resistência de ministros

A principal medida prevista pela equipe econômica é limitar as despesas obrigatórias, incluindo a Previdência Social, a um aumento de 2,5% ao ano acima da inflação - o mesmo teto do arcabouço fiscal.

O plano gerou revolta entre alguns ministros. O titular da Previdência, Carlos Lupi, por exemplo, disse publicamente que não haveria nenhum corte em sua área.

Os ministros do Trabalho, Luiz Marinho, e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Wellington Dias, também descartaram qualquer ajuste em benefícios. 

sábado, 2 de novembro de 2024


02 de Novembro de 2024
MARTHA MEDEIROS

Partir com elegância

Não é a primeira vez que escrevo sobre eutanásia, mas o assunto voltou ao debate, inspirado pelo poeta e pelo novo filme de Almodóvar. A morte com data marcada pode ser uma benção. A pessoa fez os outros felizes, contribuiu de alguma forma para a sociedade e, durante o inventário de suas perdas e ganhos, resolve que é hora de partir, sem esticar seu suplício. Nem simples, nem fácil, mas uma escolha legítima.

Claro que não se pode banalizar o assunto e aceitar que adolescentes deprimidos façam o mesmo: a decisão tem que estar lincada a um diagnóstico de doença terminal, sem chance nenhuma de recuperação. Jovens: vivam, sofram e avancem. O tema aqui são os casos irreversíveis, quando só há duas opções: aguentar o total declínio físico e mental, esfacelando a si e à família, ou acelerar o fim de forma dramática e chocante.

A terceira opção seria apagar serenamente, ao lado de um médico e dos afetos mais íntimos, vivenciando a morte com a mesma elegância com que se viveu a vida. Mas não. Fizeram a gente acreditar que a dor enaltece a existência, como se sofrer fosse não apenas normal, mas obrigatório. De fato, a dor nos amadurece, mas não é preciso penar para dar sentido à vida. O portador de uma doença incurável e debilitante, quando cogita o suicídio, é porque chegou a um grau elevado de consciência, entendeu que depois de uma vida bem usufruída, a morte deixa de ser inimiga para se transformar em aliada.

A doença já impedia Antonio Cicero de desfrutar seus prazeres cotidianos. Usou, então, o resto de sua lucidez para tomar uma decisão extrema, assim como nós também decidimos nossas pequenas mortes: divórcios, demissões, emigrações. Encerramos etapas em vida, em troca de outros desafios. Ele optou pelo encerramento absoluto, em troca de nada. O impacto é bem maior, mas ainda compreensível.

Essa crônica não é um empurrão para as trevas, mas para a luz. Um dia, talvez, o país acolha a ideia de uma saída digna diante dos desafios radicais da velhice e desmistifique a morte como vilã. Ela não é vista da mesma maneira por todos, então não sejamos arrogantes diante da escolha de alguém que passa por uma angústia intolerável. Se a vida de cada um merece respeito, a morte de cada um, naturalmente, também. 

MARTHA MEDEIROS

02 de Novembro de 2024
COMPORTAMENTO

COMPORTAMENTO - Um amor escondido

Sinais de alerta. O primeiro passo para identificar se está em um relacionamento pocketing é observar o comportamento do parceiro ou parceira e avaliar se as condições da relação são transparentes e satisfatórias para ambos. Somente o diálogo permitirá entender se a questão pode ou não ser ajustada a contento dos dois, como destaca Andréa Alves:

- Há uma grande diferença entre esconder alguém deliberadamente, com a intenção de enganar, e fazer isso sem ter esse intuito, mesmo que acabe magoando. É importante conversar e identificar com qual situação está lidando. Quando se constata que há um comportamento traiçoeiro, a melhor opção é buscar formas de sair da relação.

Usado para definir laços nos quais um dos envolvidos esconde o parceiro publicamente, o "relacionamento pocketing" se tornou um tema frequente nas redes sociais e nas terapias

A expressão é derivada do inglês pocketing, que, em tradução livre, significa "colocar no bolso". Segundo a psicóloga Desirèe Monteiro Cordeiro, não se trata de uma característica das relações, mas de um traço tóxico.

- É como se a relação fosse um segredo, como se ela só existisse no ambiente privado das pessoas que a compõem. Fora desse ambiente privado, uma das partes não demonstra afeto, não inclui a outra no seu círculo de amigos e não apresenta para a família - exemplifica a profissional.

- Esse conceito está diretamente relacionado a um comportamento que acaba se mostrando tóxico, porque a outra parte não está de acordo. Quando há consenso e os dois decidem manter a relação em segredo, já não se configura mais o pocketing - pondera.

Para Andréa Alves, psicóloga especializada em atendimento a casais, são diversos os fatores que podem levar alguém a praticar esse tipo de relação, desde experiências ruins vividas em relacionamentos anteriores até a preferência pessoal por manter o sigilo.

Entretanto, em muitas das vezes, a motivação vem de um sentimento de vergonha em relação ao outro, em geral, por aspectos como a aparência, o jeito e a classe social. Também pode estar ligado à infidelidade, quando a pessoa esconde a relação porque já tem outro compromisso ou deseja continuar se relacionando com outras.

Independentemente da motivação de quem o executa, o pocketing pode causar prejuízos emocionais a quem é "colocado no bolso", conforme as especialistas.

- Às vezes, quem sofre isso nem percebe que está sendo escondido. Quando a pessoa se dá conta de que está vivendo uma relação assim, a sensação é de menos-valia. Ela vai questionar suas qualidades, questionar sua aparência e achar que o problema é com ela. É algo que pode trazer muitos danos e traumas, sobretudo à autoestima - afirma Desirèe.

- Dentro desse contexto abusivo, muitas vezes a pessoa que sofre o pocketing entende que precisa aceitar essa condição, mesmo que para ela não esteja bom. E aí ela vai tentando achar justificativas para a postura do outro, nutrindo esperanças de que um dia será diferente. Isso acaba gerando muito sofrimento psíquico - completa Andréa. _

Camila Bengo

02 de Novembro de 2024
CARTA DA EDITORA - Donna Beauty Pompéia

Sextou com a elegância fashion das Gu

Encontros com Astrid

As cores dão um toque especial nas produções, mas a sofisticação do preto tem o seu valor. A Alice Bastos Neves e a Kelly Costa investiram em looks Pompéia monocromáticos, que são a definição da elegância fashion.

Novos formatos e padronagens contemporâneas, aliados a elementos de alfaiataria, caracterizam as produções, que podem incorporar uma combinação de texturas e o clássico preto e branco. A consultoria de moda da Pompéia sugere adicionar um toque de criatividade ao visual por meio de aplicações, bordados ou listras, além de peças inteligentes, que transitam por todas as produções.

Encontre as opções nas lojas, no site lojaspompeia.com.br e no app. Quer auxílio para escolher os melhores looks? Conte com o serviço de consultoria de moda gratuito da Pompéia, disponível em todas as lojas, inclusive na Donna Beauty Pompéia, no Pontal Shopping (Av. Padre Cacique, 2.893, de segunda a sábado, das 10h às 22h, e aos domingos, das 12h às 20h).

Para a geração de adolescentes e jovens adultos da década de 1990, a MTV era o escape de entretenimento nos moldes do que hoje representam as redes sociais. E Astrid Fontenelle marcava presença como uma das mais importantes apresentadoras do canal, a histórica pioneira dos VJs.

Sou dessa turma. Assim como fui do Happy Hour, já no GNT, e do apaixonante Chegadas e Partidas, em que ela surge como uma emocionada caçadora de histórias que começam (ou terminam) com abraços e beijos - reencontros e despedidas reais no saguão de um aeroporto. O comando de 10 anos do Saia Justa não preciso nem citar, quando a carioca virou praticamente sinônimo do programa.

Isso faz de mim uma fã da Astrid? Com certeza, acho uma das mulheres mais interessantes da televisão brasileira há bons 30 anos. Mas diz muito mais sobre ela, a entrevistada da capa desta semana. Com seu projeto mais recente, Admiráveis Conselheiras, a apresentadora conversa com mulheres 60+ com a desenvoltura de seu lugar no tempo, no espaço e nos sentimentos destas trajetórias. O que é envelhecer no Brasil? O que é envelhecer como mulher no Brasil?

Poderíamos aqui fazer uma análise simplista, porém não incorreta, de que Astrid acerta nos trabalhos porque sabe crescer junto com seu público.Mas prefiro dizer que, melhor ainda, ela ajuda a sua audiência a crescer como pessoas. _

Agendonna - Palestra - Concerto de moda

Na serra gaúcha

Caxias do Sul recebe de 4 a 8 de novembro a terceira edição do Festival Concerto de Moda da Serra Gaúcha (Rua Teixeira Mendes) com desfiles de grandes marcas, além de brechós, palestras, exposições, e muito mais. O evento destaca tendências e provoca reflexões sobre a identidade cultural a partir da moda. A entrada é gratuita mediante retirada antecipada na plataforma Sympla. Veja mais em @concertodemoda.

Força feminina

No dia 7 de novembro, a escritora indiana Nilima Bhat será uma das palestrantes do evento Chama, promovido pela escola de negócios Sonata Brasil, em Porto Alegre. Referência em pesquisas sobre força feminina, Nilima abordará o tema focando em quem exerce cargos de lideranças e como lidar em momentos de crise. O evento será realizado na Casa da Ospa (Av. Borges de Medeiros, 1.501). Mais informações e ingressos em sonatabrasil.com.br/chama.

bazar Na Capital

Para quem deseja renovar o guarda-roupa, a St.Trois irá realizar a segunda edição do Bazar de La Mode, em que reúne uma seleção de peças atemporais da marca gaúcha com até 60% de desconto. O bazar ocorre de 7 a 9 de novembro, das 10h às 18h, na St. Trois Maison (Rua Cel. Bordini, 1.111), no Moinhos de Vento.

Joias poéticas

Parceria

Uma joia inspirada em poesia? Foi o que a joalheira Rô Boff criou ao lado da poeta Claudia Schroeder na coleção Palavra - uma série de peças em diversos metais e pedras, com versos gravados de alguns poemas da escritora. Estão à venda na Aloja (Av. 24 de Outubro, 1.681) e também no Instagram da marca @ro_boff.

CARTA DA EDITORA

02 de Novembro de 2024
60 MAIS

60 MAIS

- Nunca estamos preparados para perder alguém, ainda mais uma pessoa que teve uma vida muito intensa comigo - reflete a psicóloga de 67 anos. - A finitude nos dá consciência de que temos que viver bem o aqui e o agora, fazer o máximo possível, porque amanhã a gente não sabe se vai estar vivo.

A maior dificuldade foi enfrentar questões da vida prática, como papéis e contas a pagar. Tudo que era conversado e dividido por dois passou a ser responsabilidade apenas de Rosangela:

- Tive um sentimento de incapacidade: "Será que vou dar conta?" Isso me forçou a me organizar, a colocar os pés no chão.

No Dia de Finados, cabe destacar que a viuvez e o luto na terceira idade têm peculiaridades. Quem envelhece precisa ir se habituando a um ritmo mais intenso de perdas, e não só de familiares e amigos ao redor. É necessário se despedir do corpo e do rosto jovens, da carreira, dos anos mais produtivos, da mobilidade sem entraves. Para a mulher, a transição para a velhice é ainda mais marcante com a menopausa. Deve-se entender que tudo isso faz parte do ciclo da vida, pontua Ângela Seger, psicoterapeuta de família e de enlutados.

- Não temos controle sobre tudo. Por mais que a gente se prepare, as coisas vão acontecer. Posso cuidar muito da minha saúde e sofrer um acidente. Posso ser muito amorosa com meus filhos e eles irem morar em outro país. Tem coisas que vão acontecer se vivermos até a velhice, coisas que só acontecem com quem chega lá - afirma Ângela, também professora da PUCRS. - O processo de luto nos acompanha: morte de pessoas, animais de estimação. Aprender a lidar com perdas, dar-se conta de que morte e vida são indissociáveis, nos dá uma bagagem. Luto é uma reação natural a uma perda que envolve o emocional, a cognição, o social.

O luto na terceira idade requer mais cuidados e atenção do próprio enlutado e daqueles que o circundam, enfatiza a psicóloga Denise Cápua Corrêa, coordenadora administrativa do Cora - Núcleo de Luto do Centro de Estudos da Família e do Indivíduo (Cefi) de Porto Alegre.

- Um luto dentro do processo de envelhecimento, como a perda do parceiro, é mais complexo. Nossa rede de apoio é um dos fatores que podem facilitar o luto. Muitas vezes, o casal tem uma história de décadas. Em todas as perdas, um pedaço da gente vai junto, um pedaço da nossa história - reflete Denise.

Com a morte de um companheiro, é preciso reposicionar a relação que termina: antes ela era externa, agora terá de ser introjetada:

- Quem era essa pessoa, que tipo de relação eu tinha com ela, que falta ela faz na minha vida? Precisamos de tempo para entender isso, ainda mais se for uma morte abrupta. Há necessidade de adaptação e transformação. Somos uma pessoa antes de perder e outra depois.

O contexto em que o idoso está inserido - fora do mercado de trabalho, com os filhos envolvidos com suas próprias vidas - impacta muito esse processo. Existe o risco de o enlutado ficar muito sozinho. Ângela sugere:

- O suporte pode vir da família, dos amigos, de um grupo de mães, de um grupo de que a pessoa faça parte ou possa vir a fazer, até mesmo um grupo de enlutados.

Para Rosangela, as pessoas com quem cruzou pelo caminho foram fundamentais para dar conta dos compromissos a honrar e também da elaboração da morte do marido. A quem passa por situação semelhante, ela sugere "dar tempo ao tempo":

- É tão banal isso, mas tem que deixar o tempo agir. Quando quer chorar, chora. Quando quer rir, ri. Tenho momentos de risadas, mas, do nada, ouço uma música e desabo a chorar. Tem que deixar fluir os sentimentos, não censurar, ser flexível, baixar a guarda. Seguir a vida. _

60 Mais Larissa Roso

02 de Novembro de 2024
DRAUZIO VARELLA

Saul Newman, demógrafo das Universidades de Londres e de Oxford, conduziu um estudo para analisar a questão da longevidade em cinco localidades, sempre citadas por concentrar o maior número de supercentenários - pessoas com mais de 110 anos: Okinawa, no Japão; Sardenha, na Itália; Icaria, na Grécia; Loma Linda, na Califórnia; e Nicoya, na Costa Rica.

Essas regiões foram classificadas como "zonas azuis", denominação que aumentou o fluxo de turistas e gerou interesses econômicos. Todos querem saber que alimentos consomem seus habitantes, quais são os hábitos cotidianos, que tipo de atividade física realizam e que medicamentos consomem.

O levantamento realizado por Saul Newman chegou a resultados chocantes: a escolha dessas zonas azuis foi baseada em dados epidemiológicos cheios de erros e de vieses estatísticos que jamais poderiam ter sido aceitos pela comunidade científica.

Nos Estados Unidos, por exemplo, no tempo em que os registros de nascimentos e mortes não eram controlados, havia grande número de supercentenários. A obrigatoriedade de certidões de nascimento e atestados de óbito reduziu de 69% a 82% o número deles. Na Itália, França e Inglaterra, em que os registros são mais uniformes, os dados mostraram que a longevidade da população é comprometida pela pobreza, más condições de saúde, renda per capita baixa e criminalidade alta, entre outros fatores socioeconômicos.

Nesses países, apenas 18% dos habitantes considerados supercentenários resistiram à verificação criteriosa das certidões de nascimento e de óbito. Nos Estados Unidos, esse número ficou próximo de zero. Lá, entre 500 pessoas que alegavam ter mais de 110 anos, somente sete tinham certidão de nascimento e apenas 50 possuíam atestado de óbito.

Newman mostrou que cerca de 70% dos centenários na Grécia morreram antes de completar essa idade, mas suas famílias continuavam a receber as aposentadorias. Averiguações recentes do governo revelaram que estão nessa situação mais de 9 mil gregos, supostamente com mais de 100 anos.

O autor analisa com detalhes o caso dos habitantes de Okinawa, talvez o exemplo de longevidade mais citado na literatura, a partir de 2004. A revisão dos dados realizada por órgãos governamentais revelou que Okinawa tem a segunda renda mais baixa do Japão, a maior porcentagem de habitantes com mais de 65 anos vivendo de auxílio da previdência, o segundo salário mínimo mais baixo e os índices mais altos de desemprego de todas as regiões japonesas. Dos cidadãos considerados centenários, 82% estavam mortos havia anos.

Os dados sobre o consumo de vegetais, peixes gordurosos e batata doce, anteriormente usados para justificar a pretensa longevidade da população, continham erros em série. Entre as regiões japonesas, Okinawa tem o menor consumo per capita de frutas, vegetais, batata doce, sardinhas e outros peixes ricos em ômega 3. A ilha ocupa o segundo lugar no consumo de cerveja, o primeiro no de Kentucky Fried Chicken, e os índices de massa corpórea (IMC) dos que estão com mais de 75 anos são mais elevados do país.

Na realidade, Okinawa, Sardenha e Icaria são áreas pobres situadas em países ricos. Apesar de classificadas como zonas azuis, convivem com níveis de escolaridade mais baixos e com piores indicadores de saúde. Aparecem como campeões de longevidade graças a manipulações políticas, vieses estatísticos e fraudes contra a previdência social. Quando Icaria recebeu o selo de zona azul, tinha índices de obesidade mais altos do que os Estados Unidos.

Loma Linda, na Califórnia, e Nicoya, na Costa Rica, se destacavam não pelo número de supercentenários, mas porque a longevidade média da população seria alta. Dados recentes do Center for Diseases Control (CDC), no entanto, demostraram que Loma Linda está distante das cidades americanas com taxas altas de longevidade. Em Nicoya, ocorre fenômeno semelhante: no censo de 2000, apresentou um dos índices de longevidade mais baixos da Costa Rica.

Em entrevista ao jornalista André Biernath, da BBC, Newman afirmou: "Para mim, esses erros eram ignorados porque, em primeiro lugar, há algo muito lucrativo para ser vendido. Em segundo, porque as pessoas querem soluções fáceis para problemas que exigem trabalho árduo". _

Drauzio Varella

02 de Novembro de 2024
J.J. CAMARGO

Quando lhe perguntei se eles tinham razão para não acreditar, ele respondeu sem escolher as palavras: "Sim, doutor, razões para descrença não lhes falta porque eles sabem que eu não gostaria de ter vindo".

Prometi que faria isso desde que me desse uma razão suficientemente boa para justificar que ele, um adulto de aparência normal, tivesse marcado uma consulta com duas semanas de antecedência para encontrar um médico que ele anunciava, com todas as letras, que não tinha intenção de conhecer.

"Eu entendo a sua surpresa, doutor, porque o senhor não conhece a minha família." Foi só então que percebi que ele estava com falta de ar. E relaxei um pouco, por termos entrado num terreno onde transito com naturalidade, há muitos anos.

Com enfisema severo e já tendo esgotado todas as formas de tratamento clínico, ele parecia, de antemão, um candidato considerável para o transplante pulmonar. Mas a sensação de alívio pela perspectiva de ajudar durou pouco.

"Tudo começou quando meus filhos conheceram um paciente transplantado pelo senhor e me fizeram jurar que viria consultá-lo. Como não me empolguei, eles organizaram um encontro com o tal paciente, para que eu visse o que significava voltar a respirar depois de um transplante por enfisema. Por curiosidade, fui. Gostei do entusiasmo do meu companheiro de infortúnio, mas depois de 10 minutos de conversa ficou claro que só a doença, com sua falta de ar, nos assemelhava. 

Quanto mais ele falava do tempo de espera por um doador, dos pesadelos que tivera à espera de um chamado noturno, da preparação com fisioterapia, da semana na UTI e dos cuidados para que seis anos depois estivesse respirando maravilhosamente bem, mais me convencia de que os nossos modelos de felicidade em nada se pareciam."

Com um certo fastio que não conseguiu disfarçar, ele me alcançou uma pilha de exames que seu clínico zeloso o obrigava a realizar todos os anos, provavelmente movido pela sensação de impotência de não ter conseguido convencê-lo a parar de fumar.

A capacidade pulmonar de 19% do previsto era a única e trágica disfunção. Por todo o resto, era um ótimo candidato ao transplante do ponto de vista médico.

Meia hora depois, eu já estava convencido de que ele tinha boas razões para debandar. Todos nós estamos dispostos a lutar pela volta da vida boa que já tivemos. Mas não podemos pretender igual entusiasmo para quem nunca teve. Custei a aceitar que isso existia. Quanto mais paixão temos pela vida, menos entendemos que alguém possa não tê-la.

Diante de um paciente portador de uma situação grave, mas com chance de recuperação, muitas vezes me sinto estimulado a abraçá-lo, numa oferta explícita de parceria. Naquele dia, chocado com a descoberta do quanto era inútil oferecer-lhe ajuda, me dei conta de que a tal parceria era uma alternativa derradeira. 

E o abraço outra vez me pareceu urgente. "Que bom que o senhor entendeu. Agora ligue para os meus filhos e os convença que o transplante não está indicado no meu caso. A pressão deles está me enlouquecendo. E nunca vou ter coragem de admitir que estou desistindo. Não posso deixar essa imagem".

Arrasado, eu prometi que ligaria. _

J.J. CAMARGO

02 de Novembro de 2024
CARPINEJAR

O filho do fim

Todos os filhos são filhos do início, mas somente um será o filho do fim. O filho que cuidará do pai ou da mãe na velhice. O filho que virá de longe para se oferecer por inteiro.

O filho que largará tudo para estar perto na hora do adeus. O filho que não pensará duas vezes para fazer as malas e se mostrar disponível. O filho que ficará na cabeceira da cama ouvindo com atenção as palavras derradeiras. Não desperdiçará nenhum som, nenhum suspiro, nenhum esboço de riso.

O filho que não se acovardará com a morte iminente porque se ocupará em registrar detalhe por detalhe do apogeu daquela vida. Toda lâmpada brilha mais antes de apagar, toda existência ilumina mais antes de ir embora.

Será o filho gentil, pronto para os extremos da condição humana. O guardião das confissões, que não passará adiante os segredos ditos nos sonhos e nos delírios, que saberá discernir o que é intenção e o que é medo.

Será o filho que controlará o nível das dores, o nível do cansaço, os limites de cada turno. Será o filho que entrelaçará o prendedor dos dedos como quem mede a pressão.

Será o filho que realizará o último desejo, com a determinação férrea daquele que cumpre a reabilitação de um vício. Será o filho macio, que promoverá a amizade com todos os tempos vividos, com todas as versões da pessoa.

Será o filho com a amnésia das brigas e discussões, já que o esquecimento é doce no aceno, já que o esquecimento não olha para trás. Será o filho que não se desviará da missão de ser útil, e afastará qualquer um que se aproximar com alarmismo.

Será o filho que não levará nenhuma ofensa, grito, desabafo, indiscrição para o lado pessoal. Não tem como esperar bons modos no desespero.

Será o filho que penteará os cabelos do pai ou da mãe, desfazendo os nós suavemente, que se preocupará com a aparência para as visitas, que limpará a remela dos olhos, que trocará o enxoval, que dará água de paninho na boca para umedecer os lábios, que não terá nojo ou repulsa da debilidade, que adormecerá dobrado no sofá aguardando o amanhecer.

Será o filho plantonista da madrugada, cobrindo os horários que ninguém pode, garantindo a paz paliativa do desfecho. Será o filho que não ansiará por ser amado de volta, muito menos se verá carente de reconhecimento. Não pedirá nada em troca, não exigirá retorno de coisa alguma, atendendo ao chamado da própria consciência.

Trata-se de um único filho entre todos, que se fará presente na despedida. De contato miúdo e estreito, com a rotina incansável das mãos livres.

E nunca costuma ser o filho predileto, jamais é o filho mimado e supervalorizado, mas o filho mais rebelde, o mais criticado, o mais desobediente, o mais inesperado. Esse filho vai parir, absolutamente sozinho, a partida do seu pai ou da sua mãe.

E dormirá em paz, quite com a saudade. 

CARPINEJAR

02 de Novembro de 2024
COM A PALAVRA - Marco Moraes

COM A PALAVRA

Geólogo pela Universidade Federal da Bahia, com Ph.D. pela Universidade de Wyoming, e autor do livro "Planeta hostil: como as ações humanas estão mudando a Terra e fazendo dela um lugar imprevisível e perigoso"

"As coisas vão ficar piores, mas podem ser revertidas em grande parte"

O geólogo gaúcho Marco Moraes analisa a degradação ambiental do planeta no seu livro Planeta hostil: como as ações humanas estão mudando a Terra e fazendo dela um lugar imprevisível e perigoso (Matrix, 2024). A Zero Hora, ele listou outros problemas graves.

No livro, você afirma que o cenário é muito pior do que imaginamos. Por quê?

As mudanças climáticas preocupam todo mundo, com toda razão, porque estão acontecendo à nossa volta. Mas há muito mais coisas acontecendo, algumas óbvias, mas outras bem mais silenciosas ou sutis. Por exemplo, a crise da biodiversidade, a gente vê uma parte, mas não tudo, não vê o que está acontecendo nos oceanos e com os pequenos seres. A destruição dos ecossistemas marinhos e terrestres, em que há uma composição do aquecimento global com a ação humana. 

Estamos perdendo cerca de 24 bilhões de toneladas de solo todos os anos, devido à ação humana, mas também ao ressecamento do ar e à perda da vegetação. O degelo, a subida do nível do mar, que está afetando áreas litorâneas. A poluição química e plástica. A poluição do ar, por exemplo, mata 9 milhões de pessoas por ano no mundo. São 450 vezes mais do que o número que morre por eventos climáticos. Não podemos focar em uma coisa só, porque estamos sendo afetados pelo todo.

? Algumas pessoas alegam que o aquecimento global é falso, porque há ondas violentas de frio sendo registradas. Alguns alegam ainda que o que vivenciamos hoje é um ciclo natural do planeta, que intercala períodos muito quentes e frios, mas, no livro, você desmascara essa alegação. Qual é o papel do ser humano nas transformações da Terra?

Hoje está muito claro que o rápido aquecimento que está sendo observado se deve à injeção de gases, principalmente de efeito estufa, pelos humanos. Os outros ciclos, naturais, são de uma ordem de magnitude menor, abaixo do efeito da injeção desses gases. Não é um ciclo natural, está sendo muito rápido, e as mudanças climáticas são uma consequência previsível do aquecimento. Porque, se aumenta a quantidade de umidade do ar, aumentam os contrastes de temperatura, e coisas como as frentes frias mais intensas, porém mais curtas, como temos observado, são exatamente consequência do aquecimento.

Quais são as consequências das mudanças climáticas? Quais já conseguimos ver no Brasil hoje?

No Brasil, 2024 está sendo referência em termos de tragédias climáticas. Os principais eventos são tempestades e chuvas mais intensas, que nós vimos no Sul, ondas de calor e, consequentemente, secas e queimadas, que também são algo muito preocupante. A tendência é que os eventos que historicamente ocorriam vão continuar ocorrendo, mas de forma mais intensa. E que períodos de chuva, tempestade e ondas de frio sejam mais intensos, porém mais curtos, entremeados por longos períodos de estiagem.

O RS viveu uma enchente catastrófica em setembro do ano passado, e outra, mais abrangente ainda, pouco mais de meio ano depois. Isso vai tornar a acontecer em breve e com frequência?

Os anos não vão ser iguais, o cenário não vai ser progressivo. O RS teve a maior tragédia de chuvas em 2024, não quer dizer que 2025 vai ser igual ou mesmo 2026, porque devemos estar em anos de La Niña, e agora apareceu uma La Niña no Atlântico. Mas, como um todo, as coisas tendem a piorar, porque os gases de efeito estufa vão ficar na atmosfera por centenas de anos, e nós continuamos injetando esses gases. As previsões são de que até 2050, que tem sido um ano de referência para o zero carbono, vamos continuar consumindo petróleo e, consequentemente, emitindo a mesma quantidade de gases.

Podemos vir a enfrentar a extinção?

Podemos sofrer extinção. Se continuarmos injetando gás de efeito estufa na quantidade que estamos injetando, um planeta aquecido a três, quatro graus centígrados vai ser inóspito, vai ter grandes áreas, principalmente nos trópicos, onde o Brasil está incluído, que vão ser inviáveis para a vida humana. Simplesmente as pessoas morreriam de calor se ficassem morando nesses lugares. Então, estamos com uma perspectiva muito ruim de tornar grandes áreas do planeta inviáveis se nós não mudarmos o rumo. Mas o que eu espero é que a gente comece a agir de maneira mais efetiva para mudar esse quadro. A resposta, o que fazer, é muito simples: deixar de fazer o que está fazendo errado.

? Você afirma que a transformação da Terra é inevitável. Ainda há tempo de mudar?

A transformação já é inevitável, porque tem coisas que não vamos poder retornar, pelo menos no curto prazo. Uma delas é o aquecimento. Em um horizonte de cem anos, o planeta já está e vai se transformar e ficar mais hostil. Mas o que temos de fazer é trabalhar duro para que não fique muito pior. A minha expectativa é que lá no final do século 21 a gente veja o planeta sendo já bastante regenerado. 

Então, as coisas vão ficar piores, temos de nos preparar para isso, mas elas podem ser revertidas em grande parte, e podemos ter um planeta muito mais saudável, agradável e muito menos hostil para a vida humana. Podemos construir isso ao longo deste século, é responsabilidade de todos nós. Enquanto você estiver vivo, você tem de lutar por um planeta melhor. Acho que não existe nenhuma missão mais nobre do que essa para todos nós. _

Fernanda Polo


02 de Novembro de 2024
MARCELO RECH

A esquerda democrática é aquela que respeita as regras do jogo. Ela se assenta na defesa de uma sociedade, pelo menos em tese, não tão desigual, com mais intervenção do Estado sobre a economia e mais tutela sobre a sociedade. Ainda que coalhada por conceitos ultrapassados, essa esquerda é importante para o contraponto de ideias e para a pluralidade eleitoral e parlamentar.

Só que a esquerda está minguando. Na definição do ministro Alexandre Padilha, o PT segue na zona de rebaixamento municipal, confirmada pelos resultados raquíticos das eleições passadas diante do crescimento do centro e da direita. A esquerda brasileira raiz, congelada em uma era em em que ninguém se declarava de direita, vive uma crise de identidade: sustenta a narrativa de representante das "forças populares", mas tem escassez de povo. Para estupefação de quem se imaginava porta-voz das periferias, essa população desassistida passou a ver a esquerda mais como uma defensora de privilégios estatais e de setores de servidores públicos, com salário garantido no fim do mês, do que daqueles que mais precisam de segurança e renda.

Milhões de deserdados que fariam a revolução e a luta de classes querem é ascender de classe e, se possível, serem eles próprios os patrões. Com algumas décadas de atraso, a ficha também caiu para o presidente Lula, que admitiu que nem todo jovem sonha mais com uma carteira de trabalho, como no seu tempo de sindicato. 

Já a esquerda mais antiquada ainda desdenha dos evangélicos, trata a família tradicional como um "valor burguês", negligencia o tormento da criminalidade e tenta aprisionar em regulações e mais impostos milhões de brasileiros que passaram a trabalhar por conta própria. Depois, não compreende por que perde as eleições.

O ministro da Economia, Fernando Haddad, um esquerdista moderado (e por isso sabotado pela esquerda do próprio partido), diz que a esquerda "não tem sonho" e que "palhaços da extrema direita ocuparam o picadeiro". Não deixa de ter alguma razão, mas foram paladinos da esquerda, ao exagerarem na pauta identitária e se tornarem fiscais da vida alheia, que ajudaram a empurrar as massas para os braços de lunáticos.

E o sonho? A esquerda começaria a deixar de sofrer tantas derrotas se acordasse para um princípio básico do nosso tempo. Numa sociedade em que cada cidadão passou a encontrar facilmente outros que pensam como ele, cada indivíduo tem a chance de sonhar o seu sonho, sem imposição de um partido ou governo. Mas talvez nem em sonho a esquerda conseguirá entender isso, nem quanto o Brasil e o mundo mudaram. _

Sem povo, sem voto e sem sonho

MARCELO RECH

02 de Novembro de 2024
TRABALHO NECESSÁRIO -Yasmim Girardi*

TRABALHO NECESSÁRIO

Trabalhar com a morte exige dedicação e também leveza. Zero Hora ouviu relatos de profissionais imersos no processo de despedida da vida. Uma dessas pessoas é uma jovem tanatopraxista que prepara os corpos para os velórios na Funerária São Pedro. Outro profissional é um sepultador que está há 14 anos na atividade no Cemitério da Santa Casa

Ao perguntar para crianças onde desejam trabalhar no futuro, é pouco provável que a resposta seja "em uma funerária" ou "em um cemitério". Ainda que incomuns e em parte carregadas de preconceitos, as profissões de tanatopraxista e sepultador - diretamente envolvidas com a morte - trazem muita realização e felicidade para Giovanna Neves, 24 anos, e Lindomar dos Santos Ribeiro, 58.

- Parece macabro, mas eu amo meu trabalho. Eu venho trabalhar empolgada. A melhor parte é quando a gente vai abrir ou encerrar um velório e o sentimento da família é de gratidão - relata Giovanna, que é responsável por preparar os corpos para a despedida.

A tanatopraxista conta como funciona um dia normal na Funerária São Pedro, onde trabalha há sete meses. A função, que pode demorar entre uma e oito horas, envolve realizar a higienização do corpo, recuperar a aparência do falecido e utilizar técnicas de embalsamento e preservação para retardar o processo de decomposição. Em um carrinho parecido com o utilizado em salões de beleza, Giovanna mostra os produtos com os quais faz a maquiagem e o cabelo dos mortos, última parte do processo.

Para ela, frases comuns em velórios, como "parece que está dormindo" ou "está com semblante de paz", são elogios. Ela explica que, como não conhece os falecidos, é sempre um desafio fazer com que a pessoa fique parecida com a imagem que os familiares guardam na mente. A maquiagem pode ficar pesada, ou, em casos dos muito vaidosos, leve demais.

Atualmente, não resta dúvidas de que Giovanna ama o que faz. Mas, no começo, a ideia soou meio estranha para a bióloga:

- Uma amiga ficou sabendo dessa vaga e disse que era a minha cara. Eu pensei "como assim trabalhar na funerária é a minha cara?". Topei ir conhecer, em respeito a ela, e saí da entrevista dizendo que precisava ser contratada. Eu sempre digo que, do fascínio da vida, que é o que me chamou atenção na biologia, há o enigma da morte. Essa dúvida, sobre o que acontece depois da morte, é o que mais me chamou atenção para vir para cá.

Sem receio

Ela garante que não tem medo de ficar sozinha no laboratório de tanatopraxia, onde os corpos são preparados, com os mortos. Mas Giovanna lembra que o pai ficou receoso quando ela contou da nova profissão. A preocupação era de que o trabalho seria emocionalmente pesado.

Segundo Karina Kunieda Polido, psicóloga especialista em teoria, pesquisa e intervenções em luto, essa aflição é normal.

- Já trabalhei muitos anos dando treinamento e capacitação de acolhimento para pessoas que trabalham tanto em cemitérios quanto em funerárias. E a maior preocupação era em relação a o que as pessoas levam para casa do trabalho. Muito do que se cuida nesse sentido é para que não aconteça nenhum dos dois extremos, para não mobilizar demais e nem de menos.

A jovem tanatopraxista afirma que alguns casos são chocantes, mas entende que precisa separar os sentimentos para acolher as famílias enlutadas. _

"Aprendi a gostar e gosto muito do que faço"

Depois do velório é quando Lindomar dos Santos Ribeiro começa a trabalhar. Há 14 anos atuando como sepultador no Cemitério Santa Casa, ele é responsável por preparar e realizar o enterro quando esta é a escolha dos familiares. Também há aqueles que preferem a cremação - quando o corpo é incinerado e transformado em cinzas.

Em um dia cheio, o profissional sepulta até 10 corpos. Ele ressalta que o trabalho no cemitério e a religião - evangélica - o ajudam a encarar a morte de uma maneira leve. Lindomar afirma que não tem medo de encontrar com a morte e que, a hora que vier, será bem-vinda. Para ele, é uma passagem desta vida para a outra. A psicóloga Karina Polido avalia positivamente esse sentimento:

Um agradecimento da família é a melhor recompensa pelo trabalho realizado, afirma Lindomar. _

* Colaboraram Cassia Oliveira e Juliana Lisboa


02 de Novembro de 2024
ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

Um quarto dos eleitores antecipou voto nos EUA

Procedimento pode ser feito pessoalmente ou pelo correio e vem sendo estimulado pelos dois candidatos. Ao menos 15 milhões dessas pessoas estão nos Estados-pêndulo. Nos últimos dias de campanha, Donald Trump e Kamala Harris buscam indecisos em regiões consideradas decisivas

Mais de 66 milhões de eleitores já votaram antecipadamente nos Estados Unidos, faltando três dias para a data oficial da eleição, na próxima terça-feira. Desses, ao menos 15 milhões estão nos chamados Estados-pêndulo, que não têm uma tendência clara de votação e, por isso, serão decisivos.

O número de votos computados até agora corresponde a cerca de 25% dos eleitores aptos a votar. Do total, 33 milhões votaram pessoalmente e 22,7 milhões depositaram cédulas nos correios.

As mulheres são as que mais estão adiantando o voto (54% do total), enquanto homens representam 43%. Pessoas entre 41 e 65 anos são as mais engajadas por enquanto.

O Estado com taxa mais alta de antecipação de voto é a Carolina do Norte, com 54%. Na sequência, vêm Geórgia (50%), Nevada (45%) e Arizona (43%).

Nas eleições de 2020, após ser derrotado por Joe Biden, Donald Trump, que concorre novamente este ano pelo Partido Republicano, tentou desqualificar os votos antecipados, Este ano, porém, ele tem feito campanha para impulsionar o voto adiantado.

A candidata democrata, Kamala Harris, também tem estimulado seus eleitores a antecipar o voto.

Reta final

Empatados nas pesquisas mais recentes, Trump e Kamala viajaram na sexta-feira para Wisconsin, um dos Estados- pêndulo, para tentar captar eleitores indecisos.

Wisconsin apoiou Trump em 2016 e seu sucessor, o democrata Joe Biden, em 2020, com menos de um ponto percentual de diferença de cada vez. Os comícios dos dois aconteceriam à noite na cidade de Milwaukee. 


02 de Novembro de 2024
POLÍTICA E PODER - Rosane de Oliveira

Poupem nossa paciência, senhores vereadores

Passada a eleição, vereadores de Porto Alegre estão tirando o eleitor para bobo. Fomos às urnas em 6 de outubro para eleger 35 vereadores. Eram 36, mas como a população baixou no último censo, a Câmara perdeu uma cadeira. Os próprios vereadores aprovaram o projeto que reduziu o número de vagas. E agora tem sido debatida a possibilidade de fazer nova revisão e ampliar para 37. Qual é a lógica dessa manobra? Aumentar o número de cadeiras com base em uma atualização da população, feita por estimativa do IBGE.

Tenham paciência, senhores vereadores e vereadoras. Porto Alegre pode muito bem ficar com 35 vereadores - e talvez nem precisasse tantos, dada a contribuição zero de alguns dos atuais vereadores (inclusive de parte dos reeleitos) ao longo dos quatro anos de mandato. Querer aumentar o número de cadeiras depois da eleição é de um casuísmo capaz de corar frade de pedra, para usar uma expressão popularizada por Ciro Gomes.

Aumentar o número de cadeiras é deboche

Um vereador em Porto Alegre ganha R$ 18 mil. Vai passar para R$ 23,4 mil em 2025. Além disso, cada um tem R$ 13,27 mil mensais disponíveis a título de despesas de gabinete. Pode ter até sete assessores. E ainda dispõem, em 2024, de um total de R$ 1,6 milhão em emendas ao orçamento da prefeitura. Não são os mais de R$ 600 mil, só em salários, que esses dois vereadores extras custarão aos cofres públicos o problema. É o deboche em mudar as regras do jogo depois do jogo jogado para acomodar suplentes ou recalcular o tamanho das bancadas.

O projeto foi protocolado na última quarta-feira pelo vereador Cláudio Conceição (União Brasil), que não se reelegeu e poderia se beneficiar com o aumento do número de cadeiras. Teve o apoio de dois vereadores que ficaram na suplência, Mônica Leal (PP) e Idenir Cecchim (MDB). A proposta ainda teve as assinaturas de Adeli Sell (PT), Airto Ferronato (PSB), Fernanda Barth (PL), Hamilton Sossmeier (Podemos), Lourdes Sprenger (MDB) e Márcio Bins Ely (PDT). _

O vereador Ramiro Rosário (Novo) alerta para a insegurança jurídica que causaria o aumento de cadeiras depois da eleição. Caso essa aberração seja aprovada, há risco de anulação da eleição, que foi realizada para 35 vereadores.

Projetos que fazem a diferença devem inspirar prefeitos

Projetos de prefeituras de diferentes regiões do Estado foram premiados pela Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) na última quinta-feira. O 6º Prêmio Boas Práticas na Gestão Pública Municipal selecionou iniciativas em 16 categorias diferentes.

A coluna dá início hoje a uma minissérie que vai abordar vencedores da premiação, como forma de valorizar boas práticas e iniciativas que possam servir de exemplo para outros municípios.

Dois projetos de Passo Fundo, cidade em que o prefeito Pedro Almeida (PSD) se reelegeu, ganharam troféus de primeiro lugar: a Escola Pública de Música Yamandu Costa ganhou na categoria Cultura e Economia Criativa, e o Programa de Incentivo à Leitura Boralê venceu na de Educação.

Na escola de música, alunos da rede pública participam de um projeto de extensão no turno inverso. Os estudantes têm aulas com instrumentos de cordas, percussão e sopro.

- A escola tem sede própria e interlocução com os bairros através de quatro unidades, que fazem a captação dos alunos que têm habilidade para a música. Hoje temos uma miniorquestra - orgulha-se o prefeito.

Já o Programa Boralê incentiva o consumo de livros entre os jovens. O projeto concede aos 18 mil alunos da rede municipal um "passaporte da leitura". O documento, similar ao usado em viagens, é preenchido a partir de uma "trilha de conhecimento literário". O aluno marca visitação de bibliotecas, livrarias, espaços voltados à leitura. O passaporte ainda inclui um vale-livro, que os alunos podem trocar nas livrarias do município. _

Maiores bancadas devem ser excluídas da presidência

Com cinco vereadores cada um, PSOL e PT formarão as maiores bancadas na Câmara de Porto Alegre a partir de 2025 e devem novamente ficar fora do rodízio para a presidência. Seus líderes não têm sido chamados para as conversas sobre a composição da Mesa Diretora.

O PL, com quatro vereadores, deverá presidir a Câmara no primeiro ano. Por ser a mais experiente, a vereadora Comandante Nádia é cotada, mas enfrenta a oposição da esquerda, que prefere Mauro Pinheiro, do PP. O partido elegeu três vereadores, mesmo número do MDB e do Republicanos.

A federação PSDB-Cidadania, que elegeu quatro vereadores, deve ocupar a presidência em um dos anos do rodízio.

Se prevalecesse o espírito que norteia o acordo na Assembleia Legislativa, a presidência ficaria com PT (a federação com o PCdoB elegeu 7 no total), PSOL (5), PL (4) e PSDB- Cidadania (4). _

Miola para o TCU

Um dos mais respeitados conselheiros do Tribunal de Contas do Estado, Cezar Miola está sendo cogitado para um cargo de ainda maior responsabilidade: o de ministro do Tribunal de Contas da União.

O nome de Miola foi lançado pelo presidente do Tribunal de Contas do Estado, Marco Peixoto, em um jantar na quarta-feira, com a presença do governador Eduardo Leite, dos presidentes da Assembleia, Adolfo Brito, e do Tribunal de Justiça, Alberto Delgado Neto, do procurador-geral de Justiça, Alexandre Saltz, do defensor público-geral, Nilton Arnecke Maria, e do prefeito Sebastião Melo. _

mirante

O Tribunal Regional Eleitoral fará na segunda-feira, às 16h30min, a reinauguração simbólica da Central de Atendimento ao Eleitor, na Rua Sete de Setembro, 730, que ficou totalmente alagada na enchente de maio.

Com a eleição de Giovani Feltes para a prefeitura de Campo Bom, Marco Alba tornou-se o primeiro suplente da bancada federal do MDB.

Para que Marco Alba assuma na Câmara, é preciso que o governador Eduardo Leite chame Márcio Biolchi para o secretariado, o que não é impossível. Alceu Moreira e Osmar Terra, mais próximos de Alba, jamais seriam.

POLÍTICA E PODER


02 de Novembro de 2024
INFORME ESPECIAL - Rodrigo Lopes

Lula tomou o lado da democracia

Provavelmente, este é o pior momento das relações entre os governos Lula e Nicolás Maduro, mas, quem almeja protagonismo no tabuleiro geopolítico, precisa tomar lado - o que implica arcar com as consequências.

Alinhado ideologicamente ao ditador, a quem estendeu o tapete vermelho no Planalto, o presidente brasileiro, até onde pôde, ficou em cima do muro, enquanto as instituições se esfarelavam na Venezuela.

A eleição de faz-de-conta de Maduro, três meses atrás, acelerou o processo: o Brasil exigiu a apresentação das atas eleitorais, que não vieram. Ato contínuo, o país articulou nos bastidores para que a Venezuela não entrasse no Brics. Houve "quebra de confiança" na relação, nas palavras de Celso Amorim, e o reino de Maduro convocou o embaixador em Brasília, uma demonstração de incômodo.

Ação e reação

Agora, em um gesto de um órgão de governo e não da diplomacia, a Polícia Bolivariana publicou uma imagem com a bandeira do Brasil e a silhueta de um homem que aparenta ser o presidente Lula com a seguinte provocação: "Quem se mete com a Venezuela se dá mal."

Em resposta, o Itamaraty, em nota, se disse surpreso com "o tom ofensivo". A crise não acabou, mas a diplomacia de Lula 3, forçosamente ou não, deu um passo à frente. Ficou do lado da democracia. Saiu maior. 

Exemplos do Exterior para o RS

O governo do Estado lançou, nesta semana, o Plano de Desenvolvimento Econômico, Inclusivo e Sustentável. Dentro dele, que contém um diagnóstico completo do Rio Grande do Sul e estratégias com a finalidade de impulsionar o PIB e o crescimento econômico, cita exemplos similares a esse que foram colocados em prática no Exterior e que podem servir de exemplo para o RS.

Nashville, nos EUA

Melhoria da saúde, música e turismo, por meio de investimentos em infraestrutura e educação. O plano é de 2015 até 2040, com crescimento anual do PIB de 3%.

Hokkaido, no Japão

Ênfase no estímulo ao turismo, melhoria da produtividade agrícola e investimento em energia renovável, que deve ocorrer entre 2016 e 2025 e gerar um crescimento anual do PIB de 2,5%.

Cabo Ocidental, na África do Sul

Foco em agricultura, tecnologia e energia verde, com investimentos em infraestrutura e incentivos para startups. Operou entre 2019 e 2024, com meta de 3,5%.

Queensland, na Austrália

Expansão dos setores de mineração, turismo e agricultura, com foco na educação. O plano começou em 2014 e vai até 2044, com crescimento de 4% ao ano.

Índia

Estímulo à produção nacional e às exportações em produtos eletrônicos, farmacêuticos e automotivos. Teve início em 2020 e segue até hoje. Meta de expansão anual varia de 7 a 8% do PIB.

Coreia do Sul

Foco em inovação digital e crescimento sustentável, iniciado em 2020 e que segue até o ano que vem. O crescimento do PIB é de 4% ao ano. _

Seis livros para entender as eleições americanas

Às vésperas de uma das eleições mais disputadas da história americana, em que há empate técnico entre Kamala Harris e Donald Trump, a coluna recomenda algumas obras para compreender a política na maior potência econômica e militar do planeta. _

Uma Breve História dos Estados Unidos, de James West Davidson. Objetivo, divertido, porém profundo sobre os EUA, desde os tempos de sua fundação até os dias de hoje.

Estas verdades: A história de formação dos Estados Unidos, de Jill Lepore. Historiadora reconstrói a formação dos Estados Unidos ao longo dos séculos e todas as suas contradições.

O lado negro de Camelot, de Seymour Hersh. Sexo, poder e ganância se misturam em um livro sobre uma das mais poderosas famílias da política americana: o clã Kennedy em toda a sua complexidade.

Repórter, de Seymour Hersh. Um dos maiores conhecedores da política americana relata os bastidores de suas reportagens.

Hersh circulou pelas principais redações americanas.

A ponte - Vida e Ascensão de Barack Obama, de David Remnick. A história do ex-presidente democrata pela lente de um dos melhores textos jornalísticos dos EUA.

Medo: Trump na Casa Branca, de Bob Woodward. O maior conhecedor dos corredores de Washington e eterno repórter de Watergate revela os bastidores do governo de Donald Trump.

Aos 17 anos, gaúcho representará o Estado em programa nos EUA

Aos 17 anos, Murilo Ferreira Ribeiro, morador de Imigrante, no Vale do Taquari, será o representante gaúcho no programa Jovens Embaixadores de 2025.

A iniciativa é da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, que propicia uma espécie de intercâmbio aos jovens, que ocorrerá em janeiro de 2025 nos EUA.

O projeto inclui oficinas de liderança e empreendedorismo, ações de impacto socioambiental, encontros e outras atividades. _

Entrevista - Murilo Ferreira Ribeiro - Representante do RS no programa Jovens Embaixadores

"Carregar a bandeira do RS é incrível"

O que é o programa?

É uma iniciativa da Embaixada dos EUA aqui no Brasil, em parceria com o Grupo+Unidos e o World Learning, no qual é feito anualmente uma seleção dos jovens que se destacam nas suas comunidades. Aquele que tem interesse, tem de se inscrever e passar por várias etapas de processos seletivos, onde avaliam os que mais se destacam. Nesta edição são 30.

Como foi a inscrição?

Tínhamos de fazer parte de um projeto socioambiental. O meu era "Empreender e inovar para a sustentabilidade: desenvolver hábitos e práticas individuais e coletivas de cuidado na produção, para tornar os negócios mais social e ambientalmente responsáveis". É uma iniciativa da escola e desenvolvemos o cuidado com hábitos e práticas individuais e coletivas na produção em áreas urbanas e rurais para empreender no futuro com uma responsabilidade ambiental e social.

Como é o sentimento de representar o Estado?

É um sentimento muito bom de ser o único do RS, porque eu tenho só 17 anos, então é uma das minhas primeiras grandes realizações pessoais. E carregar a bandeira do RS é incrível, não tem como explicar.

Serve de inspiração para outros jovens?

Acho que sim, porque temos de mostrar que a adolescência não é só festa ou balada. Temos de mostrar que também é importante estudar e que isso nos traz retornos. _

INFORME ESPECIAL