sábado, 18 de janeiro de 2025


18 de Janeiro de 2025
MARTHA

Jogos eróticos

É difícil trazer esse tema à luz. Ele costuma ser combinado entre quatro paredes. Mas como fica o jogo erótico? Óbvio que é preciso educar mulheres e homens para a regra fundamental: Não é Não. É a condição primeira das relações saudáveis. Mas aí lembro de Catherine Deneuve e a polêmica carta que intelectuais e artistas francesas assinaram em 2018, defendendo a liberdade de importunar. Foram muito atacadas. Não por mim. Entendi que elas também combatiam abusos, apenas temiam desestimular ousadias que, para algumas pessoas, é um aditivo sexual.

É difícil trazer este tema à luz. Ele costuma ser discutido e combinado apenas entre quatro paredes. Só sai da alcova em forma de representação artística, como no caso do filme Babygirl, que não é nenhuma obra-prima, mas está dando assunto. É a história de uma poderosa CEO, casada, com filhos, que inicia um caso quente com um estagiário muitos anos mais jovem, e se submete às humilhações que ele determina.

Uma coisa leva à outra e reli o conto O Jogo da Carona, de Milan Kundera. Um casal de namorados, durante uma viagem de carro, encosta em um posto para abastecer. A garota sai do carro em busca de um banheiro e, quando retorna, pede carona ao seu parceiro, fingindo ser uma desconhecida. Ele entra no jogo e a viagem se reconfigura. Os dois agem como jamais tivessem se visto, e à medida que a conversa avança, surgem estranhezas incômodas. Quem é você, afinal?

Jogos entre adultos servem para escapar do "eu" corriqueiro. A gente costuma se apresentar para a sociedade como um produto biográfico específico, mas dentro de nós há todas as possibilidades de existência: somos não apenas cordatos, monogâmicos, amorosos, mas também agressivos, libidinosos, perversos, tudo o que se reprime. Encarcerados pela religião, pela cultura ou pela moral, nossos outros "eus" só afloram quando estamos numa situação limite ou a serviço da fantasia, que nos dá o álibi.

Por isso a arte é tão necessária nesse mundo cheio de regras. Ela não tem pudores. Atravessa paredes e desmonta certezas. Tudo é aceito no cinema, na literatura.

Coexistem, ao mesmo tempo, a timidez e o atrevimento, a bondade e a tirania. O título do livro de contos de Kundera é Risíveis Amores, mas em tcheco, idioma natural do autor, chama-se Amores Mistos, que me parece mais condizente com o que somos em essência: seres atormentados que se esforçam diariamente para viver com juízo. Até que a subversão nos chame para brincar. _

Por isso a arte é tão necessária nesse mundo cheio de regras. Ela não tem pudores

MARTHA

Moda pé na areia

É sol que me faltava? É tempo de pé na areia com as Gu. E a Pompéia segue junto com seus looks versáteis para aproveitar o melhor da estação mais quente do ano.

E entre os truques de styling favoritos do verão está utilizar o biquíni dentro e fora da praia. Protagonista no Litoral, a peça possibilita diversas combinações, transformando-se em produções diferenciadas. O maiô pode ganhar ares de body em um visual com peças casuais. Já para uma produção street, experimente usar o top do biquíni com calças e blazers. A saída de praia também pode ser uma opção para compor o visual daquele encontro com os amigos pós-praia.

Confira muito mais nas lojas, no site lojaspompeia.com e no app. Sabia que a Pompéia conta com o serviço de consultoria de moda gratuito, disponível em todas as lojas? Vem experimentar na unidade do Shopping Iguatemi (Av. João Wallig, 1.800, 1º andar, de segunda a sábado, das 10h às 22h, e aos domingos, das 12h às 20h). 

Não existe dose segura para um efeito bronzeado - ele, por si só, já é resultado de uma defesa da pele após sofrer uma agressão. Tampouco há negociação com quem ama exibir a cor mais douradinha, por anos associada à saúde.

Na impossibilidade de vencer, vamos (nas vozes de médicos dermatologistas) mostrar como, dentro do possível, pode-se reduzir as chances de problemas mais graves, a exemplo das queimaduras severas e, como não poderia deixar de estar presente no tema, o câncer de pele.

Abandonei o hábito há uns anos, às custas de melasmas e pintas que apareciam de forma exponencial a cada temporada de praia, mas sou zero julgamento - amava a facilidade com que ia do branquela desbotada para um moreno que deixava qualquer roupa melhor (pelo menos até eu acostumar com meu novo tom renascentista, que hoje já não incomoda a mim, só um pouco aos outros. Fazer o quê?). Mas ainda assim a interessante conversa da repórter Letícia Paludo com os entrevistados ajudou até a mim. Principalmente para me livrar da culpa em relação à vitamina D. Somado a isso, tem muito mais, da questão dos fatores de proteção até a diferença na hora de escolher entre cremes e sprays.

Um pequeno apanhado das principais dúvidas para cada uma escolher a melhor forma de viver os meses de verão. Da bronzeada consciente ao meu orgulhoso "branco-redação" _

Agendonna - Curso online - Ronda do décor

Fragrâncias personalizadas - Pintura em madeira

Apaixonadas por decoração que somos aqui em Donna, voltamos com mais uma dica - tanto para a própria casa quanto para um presente especial e personalizado. Em nossas andanças por feirinhas, adoramos visitar a Crafteria (@feiracrafteria) e conhecer o pessoal criativo que forma o time de expositores. Na dica desta semana, mostramos o trabalho lindo da Fernanda Faés, o nome por trás da Made to Feel (@made.tofeel) com peças em madeira pintadas à mão. As placas redondas são destaque, mas vale espiar e conhecer as casinhas e os suportes para velas.

Outono/Inverno

Temporada fashion na Serra

CARTA DA EDITORA 


18 de Janeiro de 2025
DRAUZIO VARELLA

A velha armadilha

Cigarros eletrônicos não são uma arma contra o vício no fumo, diferentemente do que a indústria quer fazer crer. Acreditar que os fabricantes de cigarro comum criariam uma alternativa para ajudar aqueles que lutam para se libertar dele é o mesmo que imaginar traficantes montando clínicas de recuperação na cracolândia.

De onde vem o lucro dos fabricantes de cigarro ou dos comerciantes de crack? Do bolso dos dependentes, claro: num caso a nicotina, no outro a cocaína. A semelhança acaba aí, porque é mais fácil largar do crack do que do cigarro. Falo com a experiência de 35 anos atendendo dependentes de crack nas cadeias: não há um que não considere mais insuportáveis as crises de abstinência de nicotina.

O grupo da doutora Jacqueline Acholz, do Instituto do Coração (Incor), em parceria com a Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo, acabou de publicar um estudo com mais de 400 usuários de cigarro eletrônico, arregimentados entre frequentadores de bares, shows e eventos no Estado de São Paulo.

A média de idade dos participantes era de 27 anos, 96% tinham escolaridade superior e 70% se consideravam brancos. Os locais escolhidos eram frequentados por jovens de classe média alta.

Vou resumir os achados mais importantes, nos nove itens a seguir.

1) Os autores observaram que os níveis de nicotina detectados entre os usuários "podem ser extremamente elevados". Em 13% deles, as concentrações ultrapassaram seis vezes a dos que fumam 20 cigarros comuns todos os dias. Nesse grupo a concentração média de nicotina no organismo foi de 2.400 ng/mL, número que atingiu 4.530 ng/mL.

2) Enquanto o fumante de cigarro comum dá em média 200 tragadas num dia, o dos eletrônicos chegou a mais de 1,5 mil.

3) Dos que já tinham sido usuários de cigarros comuns, 40% tinham conseguido parar quando começaram com os eletrônicos. Os outros 60% simplesmente trocaram aqueles por estes.

4) Do total de usuários de eletrônicos, 60% nunca haviam fumado cigarros comuns.

5) 1% relataram quadros de ansiedade e/ou depressão. Entre os que apresentavam concentrações muito elevadas de nicotina (acima de 400 ng/mL), a prevalência foi de 41%.

6) 20% dos participantes sofriam de asma, alergia ou hipertensão arterial. A prevalência de asma foi mais alta do que a dos não fumantes.

7) Mais de 70% dos usuários de eletrônicos haviam tentado parar uma vez ou mais, sem conseguir.

8) 8% disseram que fumavam um tipo de eletrônico sem nicotina. Em 55% deles havia nicotina na circulação.

9) 54% dos usuários sequer sabiam que os eletrônicos contêm nicotina.

A eloquência desses números dispensa explicações. Não é à toa que os especialistas consideram os eletrônicos até piores do que os convencionais. Estamos criando uma nova geração de dependentes de nicotina, muitos dos quais estão sendo escravizados sem saber que aquele dispositivo de aparência inofensiva contém a droga.

Fumantes de dois ou três maços de cigarros por dia sempre foram minoria. Com os eletrônicos, doses de nicotina superiores a essas fazem parte do cotidiano. Ninguém sabe o que acontecerá no decorrer dos anos. Não existe experiência prévia na medicina com o consumo diário de doses tão elevadas nem com a inalação dos flavorizantes e dos compostos tóxicos resultantes da decomposição deles.

Não se deixe enganar

Por isso, quando vierem com aquela conversa de que a indústria do fumo quer aprovar a comercialização dos eletrônicos, com o pretexto de acabar com o contrabando e controlar a qualidade, não se deixe enganar. Controle de qualidade? Inventem outra, essa gente é mentirosa, são vendedores de uma droga que provoca dependência química. Se não se tratasse de um produto legalizado seriam chamados de traficantes. O que pretendem é usar a rede de distribuição que chega em qualquer botequim do país.

Minha geração não teve acesso aos estudos que mostravam as doenças mortais causadas pelo cigarro. Influenciados pela publicidade criminosa que controlava os meios de comunicação de massa, começávamos a fumar sem saber que cairíamos na mão do fornecedor, na maioria das vezes para sempre. Milhões perderam a vida.

Muito triste ver que, quase cem anos mais tarde, uma geração de jovens com todo o acesso à informação cai na mesma armadilha.

O trabalho educativo que tornou o Brasil um dos países com as menores prevalências mundiais de fumantes terá que ser repetido à exaustão. Se conseguimos uma vez, saberemos fazer de novo. _

Drauzio Varella

18 de Janeiro de 2025
J.J. CAMARGO

Empatia. A que custo?

Deve-se encontrar um equilíbrio, que fuja do superotimista, que é um tolo, e do pessimista crônico, que é um chato. A grande exigência médica, do ponto de vista emocional, consiste em ser realista preservando racionalmente a esperança, naquelas situações em que o desfecho não é previsível.

Um conceito tristemente prevalente entre médicos mais jovens, por imaturidade, ou de qualquer idade, por rigidez afetiva, é a pretensa preocupação com preparar a família para o que virá, ou é possível que venha. Retomando-se aqui a discussão entre a verdade total ou a verdade útil. Mas nada justificaria a crueldade da pergunta ao casal que chorava abraçado na sala de espera de uma grande emergência: "Ele é o único filho de vocês?".

A postura mais correta entre os que não renunciam à empatia é encontrar um equilíbrio, exigente de sensibilidade e delicadeza, que fuja do superotimista, que é um tolo, e do pessimista crônico, que é um chato. Ou, parafraseando Ariano Suassuna, sendo um realista esperançoso.

A busca desse equilíbrio é desafiadora para quem se submete, por exemplo, à rotina imposta ao intensivista, com a responsabilidade de fazer a síntese do caso, em pé, no corredor de acesso à UTI, e de olhar repetido na prancheta para não confundir o nome do paciente, na conversa apressada com a família. Ou dando boletins oficiais sobre o estado de saúde para a família ou imprensa, na porta da emergência de um pronto-socorro superlotado. Mas nada impede que a escolha das palavras revele preocupação com o sofrimento de alguém que poderia ser um de nós, aleatoriamente selecionado para esta provação.

A superficialidade progressiva de um relacionamento que devia ser afetuoso, somado à ausência de vínculo afetivo desconsiderado na urgência, resume bem a situação de desamparo que foi paulatinamente construindo a indiferença com a dor do outro, e, no final, transformou as nossas emergências em passarelas da rigidez, onde desfila, com enfaro, a morte banalizada.

Além de todos os fatores que acrescentam estresse, como medo de errar, noção do tamanho da responsabilidade, sono de menos, cansaço de mais, sobrecarga de trabalho e falta generalizada de reconhecimento, ainda, com muita frequência, se soma a agressividade de quem, vivendo o drama de ter um familiar necessitando de UTI, está inconscientemente em busca de alguém para descarregar suas mágoas.

Entre os protestadores revoltados, ocupam uma posição de triste relevância os que não conseguem acomodar a consciência pesada pela culpa, de terem se omitido no cuidado de quem agora é o centro do desespero daquela família.

O dilema do médico é a preservação da humanidade diante da frequente insanidade de quem finalmente entendeu que retribuir o cuidado de quem outrora nos cuidou tem prazo de validade, e que, quando se esgota, o espólio é o remorso. E esse sentimento machuca mais porque é intransferível e definitivo. E com cadeira cativa nas madrugadas insones. _

J.J. CAMARGO


18 de Janeiro de 2025
COM A PALAVRA - Yamandu Costa -  Violonista e compositor gaúcho

COM A PALAVRA

"A música é uma arte de eterna procura"

Prestes a fazer 45 anos, Yamandu Costa colhe os louros de uma vida dedicada à arte. É considerado um dos maiores violonistas do mundo. E mesmo com a agenda repleta de destinos internacionais, vai celebrar o seu aniversário com show no Theatro São Pedro no dia do seu nascimento: 24 de janeiro.

Karine Dalla Valle

Você saiu do Rio Grande do Sul em 1998 para ganhar o mundo. Sua música é conhecida na Europa e até na China. Como se sente quando volta a Porto Alegre?

Sempre fui muito gaúcho, ligado às minhas raízes. Sempre soube de onde vim e tive orgulho. O povo gaúcho é um povo aguerrido, que tem características de um povo de fronteira. Voltei a ter uma casa em Porto Alegre há mais ou menos um ano. Minha mãe mora em Porto Alegre. E meu irmão mora com ela. Nós temos nosso apartamento no Menino Deus, onde fica uma base minha, com estúdio e uma churrasqueira, claro. Então a minha base no Brasil é Porto Alegre. Estou gostando de passar temporadas aí.

Em 2024, publicou sua primeira biografia (Yamandu Costa - Violão Sem Fronteira, disponível apenas em e-book e que deve sair no formato físico em março de 2025).

Prefiro dizer que é um autorretrato feito pelo Ricardo Viel, um jornalista que mora em Lisboa há muitos anos. É um pouco do início da minha história com minha família, para quem tem curiosidade de saber como foi.

Fala um pouco de quando começou a se apresentar com teus pais no grupo Os Fronteiriços, ainda na infância.

A gente se mudou de Passo Fundo a Porto Alegre em 1984. Eu tinha quatro anos. Eles tinham um grupo musical chamado Os Fronteiriços. Foi num bar que se chamava Pulperia, o nascimento do movimento de nativistas gaúchos, de grandes artistas, toda uma efervescência cultural que aconteceu em Porto Alegre no início dos anos 1980, e sou filho desse fogo todo. Comecei ali, como cantor mirim, dentro do grupo do meu pai, da minha mãe e meus tios.

Quando foi que você ficou vidrado no violão?

Com sete anos, vi o Lucio Yanel, grande violonista argentino, tocar pela primeira vez. Ele frequentava a casa da minha família. Ele foi o fundador dessa escola do violão gaúcho, da qual sou um propagador, assim como vários outros gaúchos, como Maurício Marques, Marcello Caminha e tantos outros. Quando vi o Lucio tocar, fiquei enlouquecido pelo instrumento. Mergulhei nessa vontade de me superar e de tentar tocar como ele. Foi aí que comecei a me desenvolver. Com nove anos, tive um salto, consegui tocar coisas mais difíceis. Foi algo que fui aprimorando diariamente. Não é uma arte que tem um ponto de chegada. A música é uma arte de eterna procura.

Você teve contato com a música regionalista muito cedo. Em que momento descobriu os ritmos brasileiros e como incorporou essas sonoridades na tua identidade?

Era a cultura geral que o meu pai tinha. Ele falava: "Filho, se você quer tocar música brasileira, tem que conhecer o choro, tem que conhecer o samba, nosso país é muito grande". Quando tinha 11 anos, viajei com ele de Porto Alegre a Natal, no Rio Grande do Norte. Só eu e ele, no nosso ônibus. Em cada Estado que a gente passava, ele me contava sobre a música daquele lugar. Minha família, no início dos anos 1980, morou no Recife. Tenho uma foto da minha mãe dançando com o Luiz Gonzaga e o meu pai tocando acordeom no fundo. Fui criado sabendo que pertencia a um país riquíssimo. Sempre me senti um brasileiro, latino-americano. Isso ajudou a minha carreira, sendo um representante de vários lugares. Um representante de um continente latino-americano. O repertório dos meus concertos é muito variado.

Teu pai morreu em decorrência da aids. Como foi isso?

Foi logo no início da descoberta do AZT, a primeira medicação. Meu pai foi um dos primeiros brasileiros a receber o coquetel. Ele já estava muito debilitado, coitado, não resistiu. Uma morte muito trágica, porque eu estava em plena formação. Nem tinha 18 anos quando ele faleceu, no dia 18 de janeiro de 1997. Fiz 17 logo depois. E foi uma morte que me colocou para a vida. Fui embora do Rio Grande do Sul. Ganhei dinheiro em alguns festivais, juntei, comprei um violão para o meu mestre Lucio Yanel e fui embora para São Paulo. No primeiro convite que apareceu, botei os peitos n?água, como falam aí no Sul. O (Renato) Borghetti foi o meu grande padrinho, o primeiro cara que me levou para fora do Rio Grande do Sul.

Você se mudou para Portugal em 2019 porque já tocava muito na Europa e viver lá ficava mais prático. Mas também teve outro fator: a situação política do Brasil naquela época estava te deixando um pouco incomodado, não é mesmo?

Não só a mim, né? A qualquer pessoa que goste de cultura. Imagina, um governo que odeia artista, que coisa horrorosa. Aterrorizante um país como o Brasil, uma potência cultural, vivendo essa tendência contra a cultura, esse crescimento horroroso da extrema-direita no mundo inteiro, esse pesadelo que parece que não acaba. Mas, mais do que isso, eram as circunstâncias da minha vida. Estava muito cansado de viajar. Era um emergente que vivia no Rio de Janeiro, tendo um padrão de classe média alta, criando dois filhos, dois playboys. Porque o Brasil é tão desigual que ou você cria gente pobre, ou cria playboys. Não existe meio termo. 

Resolvi dar chance a eles de viverem em um lugar mais humilde, com escola pública, mais equilibrada, e foi uma grande decisão. Mesmo depois de me separar (Yamandu se separou da violonista Elodie Bouny em 2023, após 16 anos juntos), foi uma grande decisão. E para o meu desenvolvimento também. Eu já estava com 40 anos. Ou eu saía logo, ou ia me acomodar, e sou muito novo para me acomodar. Você nunca perde um lugar indo para outro. Foi muito bom para a minha carreira no Brasil ter vindo morar na Europa. Não moro em nenhum lugar, moro dentro do meu violão.

O RS é um Estado conservador. Você nunca ficou com medo de perder público por aqui ao criticar o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro?

Não sou um ativista político, e a música está acima disso. Mas também nunca tive medo de deixar claro os meus pensamentos em relação a isso. Uma tendência muito clara da música regionalista gaúcha é que ela se cria com personagem de esquerda, libertário, um homem que já nasce de uma mistura, e esse homem depois vai se apegando a valores mais conservadores. 

É um fenômeno natural que a gente tem de conseguir enxergar sob vários aspectos. Como faço uma música livre, nunca dependi desse mercado, então para mim não faz muita diferença. Minhas convicções sempre foram claras, mas nunca agressivas. Nunca falo sobre isso no palco. A manifestação artística é mais sagrada do que isso. Ninguém lembra do nome do prefeito da cidade onde Shakespeare morava. _

Serviço 

O quê

Yamandu Costa em Porto Alegre

Quando

24 de janeiro de 2025 (sexta-feira), às 20h

Onde

Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/n°)

Ingressos

disponíveis no site theatrosaopedro.rs.gov.br


18 de Janeiro de 2025
Opinião RBS

Trégua frágil

Programado para entrar em vigor neste domingo, o acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas, anunciado na quarta-feira depois de exaustivas negociações mediadas por Catar, Egito e Estados Unidos, tem o mérito de suspender temporariamente os combates. O conflito já provocou milhares de mortes e muita destruição a partir do ataque sangrento dos membros do Hamas ao território israelense em 7 de outubro de 2023. É importante contextualizar que antes daquele bárbaro crime, caracterizado pela execução sumária e pelo sequestro de centenas de civis inocentes, incluindo mulheres e crianças, perdurava uma espécie de trégua na região - ainda que o litígio histórico permanecesse latente. 

Agora, depois de 15 meses de muito sofrimento de ambos os lados, principalmente pelas perdas irreparáveis de vidas humanas, volta-se ao ponto de partida - um armistício frágil, mas que devolve a esperança de uma convivência pacífica entre os dois povos. Se perdurar, esse "acordo possível" pode ser uma nova oportunidade para a construção de uma paz duradoura no Oriente Médio, com diálogo permanente, respeito mútuo e rejeição inequívoca ao extremismo.

O pacto firmado no Catar e apenas nesta sexta-feira ratificado pelo conselho de ministros do governo israelense é, na verdade, uma negociação continuada, pois depende do cumprimento de etapas que representam um verdadeiro terreno movediço a ser atravessado. A primeira fase, com duração de seis semanas, prevê a liberação de 33 reféns israelenses, a soltura de prisioneiros palestinos, a retirada parcial das tropas que ocupam as zonas mais populosas de Gaza e a ampliação da ajuda humanitária para a população civil. A segunda parte do acordo deve incluir a liberação dos demais reféns detidos pelo grupo terrorista e a entrega dos corpos daqueles que já morreram.

O terceiro e ainda distante objetivo do entendimento inclui a reconstrução de Gaza e a definição de um governo reconhecido e responsável para administrar aquele território palestino.

Aí está o X da questão: a população da Faixa de Gaza não pode continuar sob o domínio de terroristas que defendem a eliminação de Israel - e que, infelizmente, contam com o apoio de ditaduras islâmicas da região. Se o radicalismo sobreviver e se fortalecer, dificilmente a paz duradoura será alcançada. Há um consenso internacional de que Gaza deva ser administrada por palestinos, mas essa administração não pode ser controlada pelos criminosos do Hamas, que se movem pelo ódio e pelo fanatismo, mesmo sabendo que seus atos reverterão em sofrimento para seu próprio povo.

Israel, como qualquer país soberano, tem o direito de se defender de agressores que pregam a sua eliminação. Mas certamente o propósito prioritário dos israelenses - como ocorre com a maioria dos palestinos - é viver em paz e conviver harmonicamente com seus vizinhos. A guerra nunca é solução para nada, só traz desgraças e privações. As grandes conquistas civilizatórias se consolidam nos períodos de paz, quando homens e mulheres podem se dedicar ao trabalho, ao lazer, à vida em sociedade, à criatividade e ao desenvolvimento econômico, cultural e social. Essa trégua frágil ainda não pode ser chamada de pacificação, mas reacende a luz da esperança. _

Conselho Editorial - Claudio Toigo Filho

CEO da RBS Mídias e membro do Conselho Editorial da RBS

A capacidade de resistir e de se reinventar

O ano de 2025 começa com o Rio Grande do Sul marcado por cicatrizes profundas. A tragédia das enchentes de 2024 abalou famílias, cidades e a identidade coletiva de um povo que há séculos enfrenta desafios com coragem. Visitantes de fora do Estado chegam aqui e se impressionam com as poucas marcas visíveis da inundação e elogiam a capacidade dos gaúchos de dar a volta por cima. A devastação foi imensa, mas como dizia Winston Churchill em plena Segunda Guerra Mundial: "We shall never surrender" (nunca nos renderemos). Não nos rendemos, e agora nos perguntamos: como reconstruir melhor, como virar a página, como fazer deste novo ano um marco de esperança e ação?

Na Inglaterra devastada pela guerra, Churchill sabia que a resiliência dependia não apenas de resistência, mas de ambição.

Ele inspirou um país inteiro a lutar pelo que ainda não existia: uma nação reconstruída sobre alicerces mais sólidos. O mesmo desafio se apresenta agora ao Rio Grande do Sul. Temos que ir além da reconstrução básica. Como no pós-Katrina em Nova Orleans, o objetivo deve ser o build better, uma reconstrução que não só repara, mas transforma.

No entanto, para que isso aconteça, precisamos enfrentar as realidades de uma cultura instalada no sistema público caracterizada pela burocracia, pela lentidão na execução dos projetos e pela responsabilidade difusa, que não ajuda nem governantes, nem governados. A população tem dificuldade de enxergar um projeto que interligue todas as frentes necessárias. Há recursos disponíveis, mas faltam qualidade nos projetos, velocidade e gestão eficiente. Esse é o grande gargalo, e o papel do jornalismo, em nome do público, é mostrá-lo.

Os veículos da RBS, como Rádio Gaúcha, Zero Hora, GZH e RBS TV, têm sido uma ponte entre a população, as autoridades e as soluções. Nossa missão é clara: cobrar que a reconstrução e a reinvenção do Estado saiam do papel. Não podemos permitir que a tragédia de 2024 vire apenas mais uma história esquecida. Mas também temos que celebrar o que já foi feito, mobilizando a sociedade para avançar. É preciso inspirar e realizar.

Aprendemos muito com as enchentes: sobre a força da solidariedade, mas também sobre nossa vulnerabilidade. Como sociedade, aprendemos pouco em termos práticos. Por isso, em 2025, o desafio é duplo: manter a sociedade resiliente e exigir resultados. Não podemos nos render ao cansaço ou ao pessimismo que pairam no ar a cada chuva. Precisamos de coragem, de otimismo, de ação.

A força de um povo está em sua capacidade de resistir e, mais importante, de se reinventar. Quem vê de fora, se impressiona com a valentia do gaúcho, que tem sua identidade forjada na luta. É ela que nos une e que, em 2025, precisa se transformar em movimento. Vamos virar a página, mas não esquecer do que nos trouxe até aqui. Somos o Estado do futuro, e nossa reconstrução será a prova disso. 

OPINIAO

18 de Janeiro de 2025
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Investimento em petroquímica é quase simbólico

Para compreender por que a indústria petroquímica está anunciando investimentos milionários mesmo durante uma fase difícil para os negócios é preciso entender o perfil desse segmento, descrito como de "capital intensivo". Significa que qualquer movimento dessas empresas, até mesmo para manutenção, é milionário por natureza.

A melhor definição do que ocorreu no polo de Triunfo foi dada pelo presidente-executivo da Abiquim, André Passos Cordeiro, sincero sobre a natureza do evento:

- A indústria está dando as contrapartidas exigidas pelo regime (Especial da Indústria Petroquímica, Reiq). É a demonstração de que o setor, quando incentivado corretamente, também dá a resposta correta, na forma de manutenção de empregos e investimentos.

O Reiq foi extinto no governo Jair Bolsonaro, em janeiro de 2022. O setor pressionou, inclusive com outro evento no polo gaúcho em agosto de 2023, quando foram expostas as dificuldades da indústria. O governo Lula e o Congresso atenderam o segmento e reativaram o regime especial, o que ajudou a indústria a retomar competitividade.

Assim como vários benefícios fiscais setoriais, o Reiq é um custo tributário. A coluna perguntou ao vice-presidente, Geraldo Alckmin, como o governo pretende conciliar essas concessões com a necessidade de equilibrar as contas públicas. Ele respondeu assim:

- Você tem gasto bom, aquele que estimula desenvolvimento e gera emprego e renda. No caso do Reiq, o governo está abrindo mão de pequena parte da receita, está reduzindo a carga tributária. Temos de reconhecer que no Brasil a carga tributária é alta, de 34% do PIB, na China é 22%, na Índia é 20%, no México é 17%. Reduzir carga tributária para estimular investimento é positivo.

Dadas as proporções do segmento, os investimentos são quase simbólicos. A Braskem, que terá o maior aporte, de R$ 306 milhões, tem só no Estado capacidade de produção de 5 milhões de toneladas ao ano. E a ampliação anunciada é de 50 mil toneladas, uma centésima parte do total. _

O que é o Reiq e como funciona

Previa 3,65 pontos percentuais de desconto no pagamento de PIS/Cofins até janeiro de 2022, quando foi extinto pelo governo Bolsonaro. Foi reativado no governo Lula, de forma mais limitada:

1 | O Reiq operacional, destinado a reduzir o custo de produção do Brasil ante o de outros países, abate 0,73 ponto percentual do PIS/Cofins. A única contrapartida é manter empregos.

2 | O Reiq Investimentos abate 0,73 mais 1,5 ponto percentual (2,23 pontos no acumulado), mas nesse caso as beneficiadas se comprometem a fazer investimentos de expansão de capacidade e gerar novos empregos.

Primeira unidade de tradicional galeteria no Litoral

A primeira galeteria da Di Paolo no litoral gaúcho será em Torres, onde o fundador da rede, Paulo Geremia, teve seu primeiro emprego de carteira assinada.

A abertura está prevista para outubro deste ano - ou seja, não será para este verão. A unidade terá aporte de cerca de R$ 5 milhões e será construída perto da nova orla do Mampituba, em um ponto tradicional de Torres, onde ficava o antigo restaurante Molhes. O projeto prevê 900 metros quadrados de área construída, com capacidade para acomodar até 260 clientes em dois andares.

Conforme Geremia, haverá espaço externo no primeiro e no segundo pisos, além de 18 vagas de estacionamento.

O dono do terreno e da incorporadora parceira da operação é Rodrigo Mariano dos Santos.

- A hotelaria e a parte turística nos atraíram. Torres está em crescimento. Outras praias têm muitos condomínios, e as pessoas acabam não frequentando tanto restaurantes - afirma Geremia.

O restaurante deve ficar aberto o ano todo. 

Para onde as exportações do RS mais cresceram em 2024

Com dados já consolidados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), é possível constatar para quais países houve aumento de exportações gaúchas em 2024.

China, Estados Unidos e Argentina seguem entre os países que mais recebem produtos do Rio Grande do Sul. Mas há novos elementos: às Filipinas, por exemplo, os envios, em valores totais, quase triplicaram, de US$ 113,2 milhões em 2023 para US$ 333 milhões em 2024, alta de 194% no ano. Já ao Iraque, aumentaram 92%, passando de US$ 148,1 milhões para US$ 284,6 milhões em um ano.

O que explica parte do maior embarque de produtos às Filipinas é o aumento do apetite por carne suína. Houve abertura deste mercado em 2024, elevando o país asiático ao posto de maior comprador de carne suína brasileira. As remessas gaúchas de trigo e centeio, não moídos, também quadruplicaram no ano, em valores totais.

Já o que mais pesa para alta de exportações gaúchas ao Iraque é a soja. Apesar do aumento de relevância, Iraque e Filipinas não estão nem entre as 10 localidades estrangeiras que mais recebem produtos do RS em 2024, em valores. Ocupam as 14ª e 17ª posições, respectivamente. _

GPS DA ECONOMIA


18 de Janeiro de 2025
EM FOCO

EM FOCO

Licitação de dique de 8,6 quilômetros está prevista para ser lançada até fevereiro, mas, em razão de prazos das etapas seguintes, a construção poderá ter início no fim do próximo ano. E os trabalhos podem se estender por mais 36 meses

Obras em Eldorado do Sul só devem começar no final de 2026

Mathias Boni

Mesmo que a licitação para contratação da empresa que realizará a obra esteja prevista para ser lançada até fevereiro, os prazos das etapas seguintes devem levar o período de começo efetivo dos trabalhos até os últimos meses do próximo ano. Após a ordem de início, a previsão é de que a obra se estenda ainda por, pelo menos, 36 meses.

Passada a cheia de maio de 2024, o poder público definiu o reforço e a melhoria dos sistemas de contenção de cheias dos municípios gaúchos como prioridade no processo de recuperação do Estado. Os investimentos e projetos executados com este objetivo compõem uma das áreas de monitoramento do Painel da Reconstrução, desenvolvido pelo Grupo RBS.

Para realizar estas obras, o governo federal criou fundo abastecido com R$ 6,5 bilhões, oficializado no final de 2024 e que tem gestão conjunta com o governo estadual. Com esses valores, serão construídos ou reforçados sistemas de contenção em locais como Eldorado do Sul (junto ao Rio Jacuí), no Arroio Feijó (entre Porto Alegre e Alvorada) e nas bacias dos rios dos Sinos e Gravataí, além de outras intervenções. Eldorado do Sul será a primeira porque já tinha projetos encaminhados, com trabalhos mais adiantados. A construção de um sistema de proteção contra cheias já era demanda antiga no município.

- Por isso, conseguimos desenvolver mais rápido esse projeto preliminar (para Eldorado), mas já considerando os últimos acontecimentos, com os parâmetros hidrológicos atualizados para que haja uma proteção sustentável do município - afirma o secretário estadual da Reconstrução, Pedro Capeluppi.

Ele reitera a expectativa de que a licitação para contratar a empresa encarregada pelas obras seja lançada ainda em janeiro, ou no máximo em fevereiro. A conclusão desse processo levará ao menos 90 dias úteis, se estendendo, portanto, até maio.

- São obras necessárias, que vão proporcionar maior proteção, mas que precisam respeitar o rito necessário e precisam ser muito bem feitas para que sejam de fato eficientes - ressalta o hidrólogo Fernando Fan, professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS. _

Outras iniciativas

Após a obra em Eldorado do Sul, o projeto mais adiantado é no Arroio Feijó, entre Porto Alegre e Alvorada. É considerada mais complexa e terá investimento de R$ 2,5 bilhões.

Conforme Pedro Capeluppi, o edital deve ser lançado até o fim do primeiro semestre, mas ainda não há prazo para início dos trabalhos.

Os outros dois principais projetos são intervenções para melhorias em canais e elevação de diques.

Um na bacia do Rio dos Sinos, com investimento inicial previsto de R$ 1,9 bilhão, e outro na do Rio Gravataí, com gastos estimados em R$ 450 milhões.

Os dois estão em fase de análise do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (Rima) e ao longo deste ano deverão ser concluídos os termos de referência para contratação de projetos e obras, ainda sem prazo para o início da contratação das empresas.

Para Fernando Fan, do IPH, pela complexidade das obras, mesmo que não ocorram sérias intercorrências, os trabalhos podem levar até 10 anos.

A proposta

O novo sistema de proteção contra cheias em Eldorado do Sul deverá ter um dique de 8,6 quilômetros de extensão ao redor do município.

No investimento de R$ 531 milhões está prevista a construção de estruturas como casas de bombas de drenagem, redes de macrodrenagem, canais de descarga e drenos coletores.

"As obras do dique terão um muro de flexão estaqueado e atirantado em uma parte e de aterro em argila no restante, com altura variável de aproximadamente seis metros em determinados trechos ao longo da extensão de 8,6 quilômetros", explica Tassiele Francescon, diretora de planejamento urbano e metropolitano da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano, do governo do Estado. 


Ambiente controlado na posse de Trump

A ordem partiu de Trump, conforme ele próprio explicou na rede social Truth Social: "Há uma explosão Ártica varrendo o país. Não quero ver pessoas machucadas. São condições perigosas para as dezenas de milhares de policiais, socorristas, e até cavalos e centenas de milhares de apoiadores que ficarão do lado de fora por muitas horas no dia 20 (em qualquer caso, se você decidir vir, vista-se bem!)".

Temperaturas abaixo de zero são tradição no período da "Inauguration" (como os americanos chamam a cerimônia de posse presidencial). Em 2009, como enviado do Grupo RBS para cobrir a chegada de Barack Obama à Casa Branca, os termômetros marcavam -2ºC. A sensação térmica era bem mais baixa, perto dos -10ºC.

A última posse presidencial realizada em local fechado foi há exatos 40 anos: no segundo mandato de Ronald Reagan, em 21 de janeiro de 1985, também devido ao frio. A temperatura em Washington naquele dia era de -13ºC às 12h.

Com a mudança de local, Trump evita, além do frio seco de Washington, dois eventuais riscos. Primeiro previne-se de um atentado. O republicano foi alvo de duas tentativas de assassinato nos últimos meses. A polarização e a violência política tornam o evento deste ano de alto risco. O ambiente fechado do Capitólio é, obviamente, mais controlado do que a imensa esplanada verde da capital, o famoso National Mall.

A segunda profilaxia é midiática: em 2017, quando assumiu pela primeira vez, Trump comprou briga com as emissoras de TV imediatamente após a posse porque elas comparavam as imagens com a cerimônia de Obama. Na do republicano havia bem menos gente. Tempos depois, uma investigação revelou que um fotógrafo do governo chegou a editar as fotos da posse para parecer que havia mais espectadores. Dessa vez, Trump não precisará se preocupar com isso. 

Governo federal preocupado com rede hoteleira da COP30

O governo irá contratar uma plataforma oficial de gerenciamento de hospedagem para a conferência, onde será cadastrada a rede hoteleira, além de casas e apartamentos que serão disponibilizados para pessoas credenciadas. Segundo o governo federal, são esperadas 50 mil pessoas no evento, de 10 a 21 de novembro. O órgão também reconhece o aumento dos preços das hospedagens.

- Temos visto um aumento desproporcional dos valores de aluguel e entendemos que é um movimento de especulação imobiliária que deve se estabilizar com o aumento da oferta de leitos - disse Valter Correia, secretário extraordinário para a COP30. 

De Cachoeirinha para Brasília Expedição antártica

Plataformas de gelo são partes flutuantes do manto de gelo antártico e terminam no mar em falésias de 40 a 50 metros de altura, informa a expedição. _

Fabrizio Panzini - Diretor de Políticas Públicas e Relações Governamentais da Amcham Brasil

O diretor de Políticas Públicas e Relações Governamentais da Câmara Americana de Comércio (Amcham), Fabrizio Panzini, afirma que as relações comerciais entre Brasil e EUA estão consolidadas e não ficarão vulneráveis a eventuais divergências ideológicas entre Lula e Donald Trump. Ele conversou com a coluna sobre as perspectivas.

RODRIGO LOPES

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025



13 de Janeiro de 2025
CARPINEJAR

Uma serial killer entre nós

Não tem quem não se assuste quando descobre que alguém sem antecedentes criminais, pacato, ordeiro, de sorriso fácil e de aparência inofensiva - um vizinho, um colega de trabalho, um conhecido, um cliente - é capaz de praticar crimes monstruosos.

É o caso da contadora Deise Moura dos Anjos, 42 anos, presa no domingo dia 5, sob acusação de quatro homicídios duplamente qualificados por motivo fútil e com emprego de veneno.

Em 23 de dezembro, seis membros de sua família adoeceram depois de consumirem um bolo durante o café da tarde em Torres, no litoral do Rio Grande do Sul. Três das vítimas morreram de paradas cardiorrespiratórias.

Em setembro de 2024, o sogro de Deise morreu após ter comido bananas e um café com leite em pó, produtos entregues pela nora em uma visita. A exumação do corpo, feita na última semana, depois das mortes relacionadas ao bolo, confirmou o pior: o homem também havia sido envenenado.

Ou seja, Deise teria matado o sogro e, três meses depois, procurado intoxicar a sua sogra, Zeli. Na emboscada, precipitou o fim de três integrantes da própria família, com os quais mantinha inimizade e reservas. A Polícia Civil, munida de provas robustas, cogita que pode estar diante de uma serial killer.

E seria uma serial killer familiar, dizimando parentes a partir do uso de arsênio. Segundo reportagem do colega Humberto Trezzi, a suspeita já teria prometido matar o sogro e dito que a sogra veria toda a família em um caixão.

O que se assemelhava a insultos da boca para fora se mostrou um ardil macabro e premeditado. Casada com o filho de Zeli há cerca de duas décadas, residente em Nova Santa Rita, gestora financeira formada pela Universidade La Salle, Deise se encontrava desempregada, com disponibilidade para arquitetar seu plano diabólico, caracterizado por pedidos de desculpa fingidos para obter aproximação.

É difícil compreender os labirintos da mente de Deise, antever seu cemitério cerebral sendo construído, lápide por lápide.

Mesmo com as brigas declaradas, WhatsApp bloqueado pela sogra, inveja e ciúme da parte mais abastada do lar e discussões com o marido, a sua página no Facebook exibe apenas uma normalidade perturbadora. Não há mensagens óbvias de que ela estaria disposta a matar todos ao seu redor. O que sugere é que ela seguia a vida apesar dos problemas domésticos, como qualquer um de nós.

Como supor que uma pessoa que posta uma foto com a legenda "Minha família! Minha prioridade!" realizaria o contrário e liquidaria seus laços de sangue?

Existe um alto grau de dissimulação que nos choca. Um disfarce engenhoso, uma ambiguidade controlada, para enganar os mais próximos durante tanto tempo. Não por menos, ela menciona o vilão Coringa: "Quando for falar mal de mim, aproveita e fala todas as coisas boas que eu fiz quando você precisou". A princípio, pensava-se que era fã de quadrinhos.

Não por menos, uma de suas postagens fixadas é um texto de Santo Agostinho, dramatizado na novela global Bom Sucesso: "A morte não é nada, eu somente atravessei para o outro lado do caminho".

A princípio, pensava-se que era religiosa. Hoje, só hoje, entendemos o peso de cada uma de suas citações. Elas passariam despercebidas se Deise nunca tivesse sido incriminada. O que talvez ela tenha se esquecido de interpretar nos versos do santo, um dos mais importantes teólogos e filósofos dos primeiros séculos do cristianismo, é que os mortos, perto do Criador, são ainda mais poderosos para fazer justiça. _

CARPINEJAR

13 de Janeiro de 2025 
Cláudia Laitano

Duplipensar

Mark Zuckerberg ainda estava na barriga da mãe quando a Apple marcou época com o anúncio de um novo computador. Era o começo do ano de 1984 e alguém deve ter pensado que seria uma grande sacada contrapor o futuro cheio de possibilidades inaugurado pela era dos computadores pessoais à distopia totalitária imaginada por George Orwell em 1949. Ridley Scott, criador de Blade Runner (1982), foi chamado para dirigir.

Em uma tela gigantesca, vemos um sujeito que evoca a imagem do Big Brother dirigindo-se a uma plateia apática e cinzenta: "Hoje, celebramos o primeiro glorioso aniversário das Diretivas de Purificação de Informações. Criamos um jardim de pura ideologia onde cada trabalhador pode florescer, protegido das pragas que transmitem pensamentos contraditórios". O discurso é interrompido quando uma mulher lança um martelo em direção ao orador, explodindo a tela e rompendo o transe coletivo. A seguir, uma voz em off conecta a cena com o produto anunciado: "Em 24 de janeiro, a Apple apresentará o Macintosh. E você verá por que 1984 não será como 1984".

Corta para 2025. O feto na barriga de Kristen Zuckerberg é hoje um bilionário de 40 anos. A empresa que ele fundou é tão poderosa e ubíqua que qualquer pronunciamento seu soa como o discurso do presidente - não eleito - do mundo. Ao anunciar uma série de medidas para acabar com o programa de checagem de fatos da Meta, Zuckerberg não apenas abraçou a retórica trumpista com o entusiasmo de um cristão recém-convertido como deixou claro que está disposto a agir como presidente do mundo sempre que for bom para os negócios. Fatos? Cada um que escolha os seus.

"O mito é o nada que é tudo", nos lembra Fernando Pessoa. A mitologia original das big techs sempre foi a da liberdade de expressão. Um mundo em que todas as vozes pudessem ser ouvidas seria um mundo sem regimes totalitários, sem manipulação, sem Big Brothers. Faltou combinar com os russos - e com o resto da Humanidade.

O que se viu, com o passar dos anos, foram as redes sociais sendo transformadas em lucrativos cercadinhos em que a ração de realidade de cada um é distribuída conforme as decisões opacas de um algoritmo - a versão millennial do Big Brother, pode-se dizer. Ao associar-se a uma ideologia que censura livros, nega a ciência e tem zero interesse em proteger a diversidade de ideias ou a democracia, usando a defesa da "liberdade de expressão" como escudo, Zuckerberg acabou dando um exemplo prático de "duplipensar" (outra genial criação orwelliana): a arte de conciliar o inconciliável. _

LAITANO

13 de Janeiro de 2025
OPINIÃO RBS

Bravatas ou ameaças?

Antes mesmos de assumir seu novo mandato no comando do país mais poderoso do Ocidente, o recém- eleito presidente Donald Trump vem provocando sobressaltos nos aliados dos Estados Unidos com afirmações bombásticas. Só na semana passada, ele ameaçou anexar o Canadá ao território norte-americano e usar a força para se apropriar da Groenlândia e do Canal do Panamá. Insinuou ainda que o Golfo do México deveria se chamar Golfo da América, porque são os norte-americanos que fazem a maior parte do trabalho por lá.

A bazófia e os arroubos imperialistas do presidente eleito provocaram reações diplomáticas de toda ordem, que vão do sarcasmo à indignação. A presidente do México, por exemplo, lembrou que uma parte extensa do território dos Estados Unidos, incluindo a Califórnia e o Texas, pertencera a seu país até o século 19, antes de ser repassada ao vizinho. "Podemos chamá-la de EUA Mexicana. Soa bem, não é?" - ironizou a senhora Claudia Sheinbaum em entrevista coletiva.

As respostas de outras nações à provocação do norte-americano foram ainda menos amistosas. O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, escreveu: "Só se o inferno congelar o Canadá vai se tornar parte dos Estados Unidos, até mesmo porque os trabalhadores e as comunidades dos dois países se beneficiam sendo parceiros comerciais e de segurança um do outro". Já o ministro de relações exteriores do Panamá, Javier Martinez-Acha, afirmou que a soberania sobre o canal é inegociável e irreversível. 

Com a Dinamarca a situação é diferente: depois de dizer que a Groenlândia não está à venda, o governo dinamarquês foi avisado por assessores de Donald Trump de que o presidente está falando sério e que deseja efetivamente negociar o assunto. Em consequência, o ministro dos negócios estrangeiros dinamarquês, Lars Lokke Rasmussen, já sinaliza que seu país está aberto ao diálogo.

Todas essas questões deveriam mesmo ser resolvidas pelo diálogo e pela diplomacia. O mundo não precisa de mais conflitos. Embora certas manifestações trumpistas possam ser consideradas apenas bravatas inconsequentes, o cargo que ele ocupará tem o potencial de transformar palavras em ação. Basta lembrar que pronunciamentos irresponsáveis no final de seu mandato anterior levaram seus apoiadores a invadir e depredar a sede do poder legislativo do país.

As palavras têm poder, especialmente quando saem da boca de uma liderança política da dimensão do presidente norte-americano. Ainda que tenha sido reeleito legitimamente pela maioria dos representantes da população de seu país, Trump não tem o direito de transformar a maior democracia do Ocidente num império expansionista nem de colocar em prática uma política externa baseada em intimidações e ameaças. Melhor que sejam apenas bravatas. A humanidade já está suficientemente preocupada com os conflitos bélicos em andamento e com os sucessivos desastres ambientais provocados pelas mudanças climáticas. _

Os arroubos imperialistas do presidente eleito dos EUA provocaram reações diplomáticas de toda ordem


13 de Janeiro de 2025
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Respostas capitais

Iná Jost

Coordenadora de pesquisa do InternetLab, centro independente de pesquisa interdisciplinar que promove debate e produção de conhecimento em direito e tecnologia aplicados à internet

"Nossa vida é efeito do poder econômico que as plataformas têm"

Advogada formada pela UFRJ, Iná Jost integrou por quatro anos o departamento eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA), coordenando missões de observação eleitoral nas Américas. Trabalhou como pesquisadora do laboratório Latinno, iniciativa que mapeia inovação democrática na América Latina.

Qual deve ser o efeito da mudança da política de checagem da Meta?

A primeira questão é que a Meta vinha, desde 2016, incrementando a política de moderação de conteúdo de modo a desfavorecer discursos de ódio, machistas, misóginos. Vinha em evolução. Havia reclamação e muito a melhorar, mas fez diferença. Um exemplo é a política sobre desinformação na área de saúde. Na pandemia, a Meta mudou e agregou essa política. Não existem dados sobre o resultado, mas foi importante quando as pessoas achavam que iam virar jacaré tomando vacina.

Isso deve desaparecer?

O comunicado fala em simplificação. Na prática, significa a retirada desses filtros criados nos últimos oito anos e mais permissividade em relação a muitos conteúdos. Não acredito que isso seja parte da liberdade de expressão. São discursos violentos que, ao contrário, reduzem a liberdade de expressão de outras pessoa, de grupos minoritários.

Como se manifesta?

A política já permite, por exemplo, a equiparação de mulher a propriedade. São genéricas, porque não há como prever todo conteúdo que vai circular. Para demonstrar a aplicação, as plataformas incluem exemplos que mostram como aplicar. Como é um discurso muito violento, estava incluído e foi retirado do exemplo, o que significa que está permitido. Outro exemplo retirado é a equiparação de pessoas trans a ?freak?, que em inglês é ?louco?, ?surtado?. É ainda pior do que doença mental, porque é uma palavra muito pejorativa. Isso ilustra para onde o vento vai soprar.

O que não era bom vai piorar?

Diante dessa mudança muito radical parece que o cenário anterior era ideal, e não era. Os filtros que existiam poderiam ser um problema e censurar de maneira errada, mas sua retirada piora muito. No jargão, a gente fala em "falso positivo", quando um conteúdo é retirado e não deveria, e "falso negativo", quando fica mas é problemático. Acontecia direto. A empresa tem um enorme desafio logístico, administra uma enxurrada de conteúdo. Mas ao menos existia uma tendência de colaborar com autoridades locais, contratar checadores locais.

Quando chega ao Brasil?

Quando, não se tem ideia. Mas parece estar desenhado para os próximos meses, talvez nos próximos anos. Promete ser uma escalada global, porque a Meta deixou claro que tem interesse em escalar.

Com a União Europeia (UE) quase isolada na regulação, vai se consolidar o "vale tudo" nas redes?

Não diria que a UE está isolada. A regulação importa e é um exemplo dentro de seus parâmetros e contexto. Mas vejo problema no discurso de trazer o DSA (Digital Services Act, nome da lei da UE aprovada em 2022) ao Brasil. Tem história e estrutura regulatória muito diferentes das nossas. É um grande exemplo, mas específico e local. E está em período probatório. Cada país tem muito o seu contorno.

Qual a chance de regulação no Brasil?

Existia forte vento do governo soprando a favor da regulação. Mas o Congresso é ruim de roda. Será difícil obter acordo político viável. O lobby das redes é muito forte, e o Congresso não está interessado, ou melhor, está interessado em não abordar o assunto. A Unesco tem diretrizes para regulação de plataformas. Mas depende muito da articulação com o Congresso.

Se quem vê às vezes os vídeos de Mark Zuckerberg se surpreendeu, qual a reação da comunidade digital?

Foi desconcertante. Nunca fui checadora, mas conversei com alguns e entendi que a Meta tinha um programa de padrão- ouro. Tem parceiros locais que recebem o conteúdo denunciado, checam e devolvem um link verificado. A plataforma decide se retira ou não. Mark fez confusão deliberada entre moderadores e checadores, deu a ideia de que estão interferindo. Mas quando devolvem o link, perdem o controle do que vai acontecer. 

Muita gente dos direitos digitais é cética sobre checagem porque é trabalho de formiga. É até ingênuo achar que vai resolver. Mas melhora o nível do que circula nas plataformas, dá ao usuário o direito de ver as checagens. Quem recebe conteúdo dizendo que Lula morreu depois da queda no banheiro pode receber um link verificado e pode ser que clique. É um direito.

O X perdeu relevância sob Elon Musk. As redes de Zu- ckerberg correm esse risco?

Algumas pessoas podem sair, ou deixar de usar. Mas a gente fica muito vendido. Nossa vida é um efeito do poder econômico que as plataformas têm, inclusive do monopólio. A mesma empresa é dona de aplicativo de mensagens, plataforma de texto e outra de conteúdo, além de inteligência artificial que responde a temas delicados, sobre política, por exemplo. São muitos serviços que uma mesma empresa domina. O Brasil é um mercado importante e tem usuários muito engajados, mas é difícil ter impacto financeiro grande a ponto de rever a mudança. É um mercado em reais, o que reduz seu peso. Diante de moeda mais desvalorizada, fica mais barato. E se comparar com o mercado nos EUA, então...

Se a decisão foi provocada pela reeleição de Trump, pode mudar de novo em quatro anos?

Nunca diga nunca. Pode mudar, como já mudou. As decisões corporativas são sempre muito pautada nas razões econômicas. E esse liberou geral interessa aos cofres das empresas. Como pessoa física, acho difícil voltar a pasta de dente para o tubo. 

GPS DA ECONOMIA

13 de Janeiro de 2025
POLÍTICA E PODER - Rosane de Oliveira

PSDB deve se fundir com PSD ou MDB

Assim que retornar das férias, no dia 16, o governador Eduardo Leite mergulhará nas articulações para as eleições de 2026. O plano de concorrer a presidente da República segue mais vivo do que nunca, mas Leite sabe que o PSDB deixou de ser um partido competitivo e, por isso, conta com a fusão com o PSD (preferência da maioria dos tucanos) ou com o MDB, desejo do atual presidente nacional, Marconi Perillo.

Em queda livre desde 2018, quando seu candidato Geraldo Alckmin ficou em quarto lugar, com apenas 4,76% dos votos, o PSDB afundou de vez em 2022, depois de João Doria derrotar Leite na prévia e desistir da disputa no meio do caminho. Alckmin saiu do partido, foi para o PSB e hoje é vice-presidente da República. Restou aos tucanos indicar a vice de Simone Tebet, Mara Gabrilli, que em 2023 migrou para o PSD.

De perda em perda, o partido foi murchando e hoje tem apenas três governadores. Além disso, foi mal na eleição municipal e não tem sequer perspectiva de se manter no poder no Rio Grande do Sul a partir de 2027, já que o acordo firmado com o MDB prevê o apoio ao vice-governador Gabriel Souza.

Em caso de o PSDB se fundir com o PSD de Gilberto Kassab, Leite poderia ser candidato a presidente contando com uma estrutura que foi vencedora na eleição de 2024 e conquistou o maior número de prefeitos. Para isso, será preciso que o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), opte por disputar a reeleição. O PSD está no governo de São Paulo, e Tarcísio seria o candidato preferencial de Kassab.

Ocorre que para ser candidato Tarcísio precisa ter certeza do apoio de Jair Bolsonaro, mas ele, mesmo estando inelegível, insiste que estará na disputa. O governador teria de renunciar no início de abril de 2026, sem ter certeza de que terá o apoio do Bolsonaro. Para concorrer à reeleição, como favorito, pode continuar no cargo. O PSD tem outros governadores, como Ratinho Júnior, do Paraná, mas aliados de Leite acreditam que Ratinho será candidato ao Senado.

Leite não tem nada a perder. Está no segundo mandato e pode concorrer ao Senado, mas sua preferência é pelo Executivo. Caso se confirme a fusão com o PSD, ele tanto pode ser candidato a presidente como a vice. _

Aliás

MDB e PSD integram o governo Lula, mas são pragmáticos: só apoiarão a reeleição do presidente ou de um candidato do PT se tiverem elementos para concluir que ele é favorito para vencer. Do contrário, terão seu próprio nome ou apresentarão o vice de um concorrente forte. Nas pesquisas de hoje, Lula aparece como o candidato mais forte, mas seu futuro depende da saúde e do desempenho da economia.

O nome que o MDB tem para concorrer ao Planalto é o de Simone Tebet, que participa do governo Lula e teria dificuldade para fazer oposição ao atual presidente ou ao ministro Fernando Haddad, sua dupla na equipe econômica.

Melo aposta em choque de limpeza para melhorar zeladoria na Capital

Criado em 2021, no primeiro mandato, o programa Mais Comunidade é a aposta do prefeito Sebastião Melo para melhorar os serviços de zeladoria em Porto Alegre, um ponto fraco na sua primeira gestão. Neste fim de semana, o bairro escolhido foi o Guarujá, na Zona Sul, onde o prefeito chegou acompanhado da primeira-dama, Valéria Leopoldino, de secretários, técnicos, vereadores e conselheiros do Orçamento Participativo.

Em uma espécie de mutirão, foram executados serviços de limpeza, pintura, capina, poda, roçada, tapa-buracos, recolhimento de fios soltos e fiscalização. Cerca de 60 garis atuaram com o auxílio de três caminhões em um grande mutirão de capina e roçada.

O programa Linda Orla Limpa, do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), realizou atividade de educação ambiental sobre o descarte de resíduos recicláveis na praia do Guarujá.

O secretário de Serviços Urbanos, Vitorino Baseggio, informou que as equipes vão permanecer trabalhando no bairro durante duas semanas:

- Estamos integrando os serviços de várias secretarias. Pretendemos estender esta ação para os demais bairros, promovendo um impacto inicial, para depois podermos manter a zeladoria.

Melo tem dito que não basta a prefeitura limpar. Que, se queremos uma cidade limpa, a população precisa entender que não pode sujar.

- O objetivo do programa é ouvir as comunidades e encaminhar soluções - disse o secretário de Governança, Cassio Trogildo, coordenador do programa que já visitou 110 localidades em quatro anos. 

Centros Humanitários serão fechados até junho

Montados como alternativa para acomodar os desabrigados pela enchente de maio, os Centros Humanitários de Acolhimento (CHAs) remanescentes em Porto Alegre e Canoas serão desmontados até o final do primeiro semestre deste ano.

O vice-governador Gabriel Souza, que articulou com a Organização das Nações Unidas (ONU) a montagem dos centros, diz que os CHAs tiveram papel importante para dar dignidade às pessoas que estavam nos abrigos, mas agora o governo tem opções.

Parte dos desabrigados irá para moradias provisórias, outra parte para as casas definitivas.

- O governo federal garantiu que todas as pessoas de baixa renda que perderam suas casas com a enchente teriam casas, mas as entregas estão atrasadas. Se não fossem os CHAs, essas pessoas ainda estariam em abrigos - afirma Gabriel.

Hoje, Gabriel e o secretário de Habitação, Carlos Gomes, farão visita técnica ao local onde estão sendo instaladas as primeiras 80 moradias temporárias de Porto Alegre. _

Vereadora levanta teoria conspiratória contra STF

Estreante na Câmara Municipal de Porto Alegre a vereadora Mariana Lescano pagou seu primeiro mico ao postar na rede social X uma suspeita infundada sobre o Supremo Tribunal Federal e receber uma resposta sucinta dos administradores do perfil do Supremo.

A policial escreveu: "DAS DUAS, UMA... Moraes exigiu que Bolsonaro apresentasse o convite de Trump. E 127 segundos depois do documento ser publicado no STF, a Globo já divulgou o doc com matéria completa. Ou Moraes vazou pra Globo antes, ou a Globo tem jornalistas a frente do tempo e com bola de cristal. E aí, o que tu acha que aconteceu? Nós sabemos..."

No próprio post, o perfil oficial do STF respondeu: "Informamos que a decisão foi divulgada pela assessoria de imprensa do STF ao mesmo tempo para todos os veículos jornalísticos credenciados no tribunal". 

POLÍTICA E PODER