11
de março de 2012 | N° 17005
Martha
Medeiros
Fidelidade feminina
Peguei
a conversa pela metade, mas não pude deixar de acompanhar até o final. Ninguém
resiste a escutar uma mulher confidenciando um segredo a outra.
– Desde
quando isso está acontecendo? – Ainda não está acontecendo, mas vai acontecer
em breve.
É horrível
ter que traí-lo, nunca me imaginei nessa situação. A gente sempre se deu tão
bem. Mas sinto que chegou a hora do meu turning point. – Você conheceu outro?
– Uma
colega me apresentou. Fiquei fascinada. Tão solto, tão moderno.
– Procura
resistir, Marília ! Afinal, você construiu uma relação sólida de.. quanto tempo
mesmo? ]
– Dezessete
anos, acredita? E nunca olhei para o lado, sempre com ele, fiel como uma
labradora.
Hoje
é meu melhor amigo. Muito além do que qualquer outra coisa.
– E
você vai arriscar perder essa cumplicidade por causa de uma tentação?
– Rê,
chega uma hora em que é preciso mudar. Eu vou fazer 50 anos. Olho todos os dias
para o espelho e enxergo a mesma cara, a mesma falta de brilho.
Estou
envelhecendo sem arriscar nada, sem
experimentar algo diferente, nunca. Me diz a verdade: você acha que ele
irá suportar?
– Tá
brincando! Você pretende contar a ele??? – Ele vai reparar, né? Lógico.
– Não
precisa falar nada, mulher! Se você for discreta, ele não vai descobrir.
– Só
se eu trocasse de cidade, Rê. Ele vai ficar sabendo no mesmo dia. Você sabe
como as fofocas voam.
- Se
você pretende fazer essa besteira mesmo, melhor pensar nas consequências. A não
ser que ele seja muito bem resolvido.
- Quem
é bem resolvido numa hora dessas? Ele vai querer me matar. Vai me chamar de traíra
pra baixo. Vai se sentir um lixo de homem.
- ai
Marília. Pra que inventar moda a essa altura do campeonato? Claro que às vezes
também fico a fim de experimentar uma novidade, quem não fica? Mas, por outro
lado, é tão bom não precisar mentir, não ter que criar desculpas...
Uma
amiga minha fez essa bobagem e conseguiu ser perdoada porque garantiu que tinha
acontecido uma vez só, e em Nova York! O cara engoliu, mas a relação está estremecida
até hoje, nunca mais foi a mesma.
- eu
sei, eu ei só que não aguento mais usar o mesmo corte há 17 anos. Estou
decidida, Rê. Vou trocar de cabeleireiro. Se me arrepender, assumo as consequências.
Não suporto mais ficar refém de uma situação que é cômoda, mas que não me
revitaliza.
- Então
só posso te desejar boa sorte, amiga. Voou te confessar uma coisa, mas não
espalha: eu adoraria trocar minha manicure por outra novinha que recém entrou
no salão. Me diz se tem cabimento isso. Já troquei de marido três vezes, e não
tenho coragem de deixar a Suely.
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