sábado, 12 de julho de 2025


12 de Julho de 2025
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Sem OMC, Lula está sozinho contra Trump

Embora tenha mencionado a possibilidade de recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) para que defina "quem está certo ou quem está errado" na ofensiva tarifária de Donald Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabe que a entidade não pode socorrer nem o Brasil nem os outros 22 países ameaçados com alíquotas de 25% a 50% a partir de 1º de agosto.

Por obra e graça dos Estados Unidos, ainda antes de Trump, a OMC está sem instrumentos para sancionar países que descumprem a "Constituição do comércio global" - mesmo que 1.111 entre 10 especialistas no tema saibam que Trump está errado. Isso significa que, na prática, assim como os demais chefes de Estado afetados pelo tarifaço, Lula está sozinho para enfrentar Trump.

Nos bastidores, cresce a possibilidade de adotar outras medidas, como flexibilização de patentes de medicamentos. Nesse caso, o objetivo não é obter ganho para o Brasil, mas provocar reações internas em setores econômicos americanos para dissuadir Trump de aplicar tarifas de 50% aos produtos brasileiros.

Lei de Reciprocidade supre "falta" da entidade

Falar em OMC faz parte da memória afetiva de Lula porque foi em seu segundo governo que o Brasil colheu grande vitória contra os EUA na histórica disputa sobre o algodão. Em 2009, a OMC acolheu a queixa de que subsídios americanos ao algodão prejudicavam produtores brasileiros e autorizou o país a retaliar.

Não por acaso, foi quando os americanos começaram a minar a capacidade de intervenção da entidade, além da entrada da China na OMC. Há anos, os EUA não indicam integrantes para a instância máxima da entidade, o órgão de apelação. Qualquer consulta à OMC, como descreveu à coluna o embaixador José Alfredo Graça Lima, pode ser alvo de um panel (espécie de julgamento), ter decisão, mas sem o "martelo" do órgão de apelação, não há como impor determinações.

Esse foi o motivo da mudança na Lei de Reciprocidade Comercial, que passou a permitir represálias sem autorização da OMC. Embora a lei esteja em vigor, para ser aplicada exige regulamentação que deve ser definida por decreto. _

A admissão de Donald Trump de uma conversa com Luiz Inácio Lula da Silva "em algum momento" suavizou, na sexta-feira, a alta do dólar (0,1%) e a queda na bolsa (0,4%). Mas a semana encerra com subida de 2,29% no câmbio.

Tarifaço é ruim, mas não é "bomba atômica"

Os diagnósticos ainda são iniciais, mas especialistas apontam que o impacto do tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros deve se concentrar em alguns setores, com efeitos limitados sobre a atividade econômica. Ou seja, não seria a "bomba atômica" que patriotas que torcem contra o interesse nacional tentam pintar.

Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil e recebem cerca de 12% das exportações brasileiras, o que equivale a cerca de 2% do PIB nacional.

O gigante financeiro JP Morgan calcula que o indicador que mede a riqueza produzida no país pode ser reduzido entre 0,8% a 1,2%, mas afirma que, caso as taxas setoriais já aplicadas em aço e alumínio não se somem ao novo tarifaço, o efeito será 20% menor.

A consultoria Oxford Economics avalia que haverá "impactos limitados na economia brasileira". Mesmo se o Brasil retaliar com taxa de 50% sobre produtos americanos - o que não é provável -, o PIB brasileiro ficaria apenas 0,1% abaixo do projetado para 2026. E explica: "Reflete o fato de que o Brasil é uma economia relativamente fechada e, ainda assim, bem diversificada no comércio internacional".

O maior efeito na economia real, projeta a Oxford Economics, virá da "deterioração da confiança empresarial e da crescente incerteza econômica em relação ao investimento fixo". A simulação também aponta para desvalorização do real, o que ajuda a compensar o impacto negativo nas exportações.

Mas não se deve subestimar os efeitos danosos da alíquota de 50%. Um relatório da XP chama atenção para efeitos em setores e empresas específicos, como a Embraer. Quanto maior a dependência dos EUA, maior será o estrago. _

Estimativas de bancos nacionais e internacionais veem redução no PIB de 2026 por taxa de 50% de

1,2% até 0,1%

Além da garrafa

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Com conservação de até três horas para comidas quentes e quatro horas para frias, a Marmita Smart tem recipiente interno removível, que pode ir ao micro-ondas.

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GPS DA ECONOMIA

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