terça-feira, 15 de julho de 2025


15 de Julho de 2025
GPS DA ECONOMIA- Marta Sfredo

Os déficits dos EUA, e um só superávit

É bom desenhar: Donald Trump já aplicou tarifaço pós-trégua para 25 países - até onde se sabe, para outros 159 ainda vale a alíquota linear de 10% - e o Brasil continua sendo o único "punido" sem superávit comercial com os Estados Unidos. Ao contrário, tem déficit.

O que significa isso para o Brasil é que fica mais difícil negociar. O que seria possível propor para buscar um acordo? Obviamente, decisões de outros poderes não estão na mesa. Essa característica torna ainda mais desafiadora qualquer tratativa.

Para montar o gráfico ao lado, a coluna usou dados do United States Trade Representative (USTR, o principal órgão de comércio exterior dos EUA). E nessa fonte, o superávit dos americanos nas trocas de produtos com o Brasil é quase 25 vezes maior (US$ 7,4 bilhões) do que o das estatísticas oficiais brasileira de comércio exterior, de US$ 0,3 bilhão. Esses dados, é bom lembrar, valem apenas para o comércio de bens. A troca de serviços não está incluída nem nessas estatísticas nem está sujeita às alíquotas entre 20% e 50% anunciadas para vigorar a partir de 1º de agosto.

Ontem, Trump fez a ameaça inédita: afirmou que a Rússia poderá ter tarifa de até 100% caso não negocie trégua com a Ucrânia. O país de Putin não havia entrado na lista de 185 nações do "Dia da Libertação", que inclui até um território habitado apenas por focas e pinguins. _

Enfim, chegou a desaceleração

Aparece o primeiro dado inquestionável da esperada desaceleração: o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) caiu 0,74% em maio, na comparação com abril. Embora tenha fórmula diferente da usada para calcular o Produto Interno Bruto, esse indicador já foi chamado de "prévia do PIB".

- É um resultado ruim, mas hoje a notícia ruim é que está bom. Logo a desaceleração pode indicar, finalmente, que a atuação do BC pode estar surtindo efeito e, com isso, haver acomodação na taxa de juro no começo do ano que vem - afirma o economista André Perfeito.

Por "acomodação na taxa de juro", Perfeito se refere à expectativa sobre o tamanho do período "bastante prolongado" que o Comitê de Política Monetária (Copom) avaliou, no seu mais recente comunicado, que é preciso manter a Selic para garantir o controle da inflação.

R$ 5,584

foi o fechamento do dólar ontem. Contribuíram para a alta de 0,65% as novas tarifas de 30% para México e União Europeia, anunciadas no sábado. O principal índice da bolsa, o Ibovespa, teve queda de 0,65%, para 135,3 mil pontos. As medidas reacenderam riscos de crescimento e inflação nos EUA. A queda do IBC-Br em maio ajudou a amortecer um pouco o efeito da gerra tarifária, mas não compensou.

Anistia é resgate para sequestro?

Enquanto diplomatas e especialistas em comércio exterior quebram a cabeça para buscar uma fórmula que permita ao Brasil ir para a mesa de negociações com Donald Trump, a família Bolsonaro proclama por escrito e em vídeo: "basta" aprovar a lei da anistia e a tarifa de 50% some.

De novo, se não estivesse documentado, seria inacreditável. No domingo, como se fosse um secretário de Estado ou de Comércio dos Estados Unidos, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou, nas redes sociais, que, se houver anistia (para ele e seus asseclas), virá "a paz para a economia".

Quem decide quanto de imposto o Brasil terá pagar para poder exportar aos EUA? É "normal" que um brasileiro use uma ameaça que pode prejudicar empresas e empregos, ainda que não seja a "bomba atômica" anunciada por outro integrante dessa família tão patriótica?

De patriótico, esse comportamento só tem uma demão de verde e amarelo tão tênue que deixa à mostra a covardia. Como se servisse para alguma coisa, o ex-presidente afirmou que não "se alegra" em ver as sanções econômicas impostas pelo norte-americano. Mas as usa sem qualquer pudor para obter benefício próprio. _

Estreia em SC

O projeto, com valor geral de vendas (VGV) estimado em R$ 180 milhões, tem lotes residenciais com 360 metros quadrados e vista para o mar e para a Ilha do Campeche.

Conforme o sócio-proprietário da Aviva Urbanismo, João Tolotti, a presença da empresa em SC não será pontual:

- Temos novos lançamentos previstos para 2026, ambos voltados ao segmento de empreendimentos de luxo. _

GPS DA ECONOMIA

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