quinta-feira, 6 de novembro de 2025


06 de Novembro de 2025
OPINIÃO - Opinião RBS

A angústia de estar na fila do SUS

O ano de 2025 foi mais uma vez pródigo em anúncios do poder público de programas, investimentos e mutirões para reduzir as filas de espera por atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A despeito das promessas, os números mostram que as ações propagandeadas não surtiram efeito. Dados obtidos via Lei de Acesso à Informação pelo repórter Giovani Grizotti indicam que hoje, no Estado, existem 667 mil pedidos de consulta pendentes. Ao final de 2024, eram 670 mil. Uma redução ínfima, ainda mais levando-se em consideração os compromissos assumidos por governo federal, Piratini e prefeituras. As especialidades mais procuradas são oftalmologia e ortopedia.

Os relatos colhidos por Grizotti dos gaúchos de carne e osso por trás das estatísticas frias são dolorosos. Um aposentado aguarda desde 2021 consulta com um especialista em ouvidos. Teme ficar surdo antes de ser atendido. Outro caso é o de um cidadão que há sete anos espera para ser recebido por um médico especializado em tratamento bariátrico. Uma dona de casa sofre há dois anos sem ser chamada para o acompanhamento do filho com transtorno do espectro autista. Um paciente que precisa tratar a próstata e fez a biópsia há dois anos reclama de ainda não ter conseguido um médico para mostrar o exame.

As situações são de maior ou menor gravidade, mas em todas elas o fator tempo é essencial para o problema ser resolvido ou amenizado. No mínimo, há perda de qualidade de vida pelo desrespeito a um direito assegurado pela Constituição. Nas circunstâncias que envolvem doenças como o câncer, a demora pode ser a chance desperdiçada de cura. Outra reportagem de Grizotti sobre o tema, publicada em janeiro, apontou que 2,4 mil pessoas que estavam na fila da agonia do SUS perderam a vida antes de chegar a um consultório. Ainda que não se possa fazer a relação direta da morosidade com a morte em todos os casos, é um número impactante por revelar esperas em vão.

Em janeiro, a prefeitura de Porto Alegre informou que a prioridade do município era reduzir as filas. A Secretaria Estadual da Saúde (SES) dizia adotar medidas com o mesmo objetivo. O Ministério da Saúde alegou trabalhar continuamente para diminuir os represamentos. Menos de um ano depois, o quadro é praticamente o mesmo. Para não dizer que nada avançou, no mês passado a Capital noticiou ter zerado filas para exames de ressonância magnética, oncologia mamária, radioterapia e mamografia.

Mas os grandes números do RS teimam em mostrar uma situação dramática. Deve-se acompanhar os anúncios mais recentes para verificar se haverá algum avanço significativo. Em maio, o governo federal apresentou o programa Agora Tem Especialistas. Além das instituições públicas, usará estabelecimentos privados e filantrópicos. A SES sustenta que, até o final do ano, pretende reduzir em pelo menos 70% as maiores filas de espera, como ortopedia de joelho e oftalmologia geral adulto, por meio do programa SUS Gaúcho, lançado em setembro. Para as centenas de milhares de rio-grandenses sem condições de pagar um plano de saúde ou um atendimento particular e que seguem aguardando um chamado, a esperança é, desta vez, as promessas serem cumpridas. _

Opinião do leitor  

"Lâmpadas amarelas"

Prezado Carpinejar, seu texto sobre a nostalgia das lâmpadas amarelas (ZH, 31/10) foi absolutamente primoroso. A delicadeza e a sensibilidade com que abordou um elemento tão simples, mas tão carregado de significado em nossos lares brasileiros, tocaram profundamente. Foi emocionante ler algo que trouxe à tona, de forma tão genuína, memórias afetivas de tempos passados. _

Roberts Osório Lourenço - Gerente de negócios - Santa Maria - Distribuição de comida

Em que pese haver debate público no projeto da distribuição de comida para pessoas carentes, proposto pela vereadora Comandante Nádia, na Câmara Municipal de Porto Alegre, poucos leram esse projeto. Não conhecem o seu teor, mas criticam erroneamente, movidos pelas redes sociais. Por ser projeto de lei, pode ter emendas propostas pelos vereadores e, portanto, melhorar o seu conteúdo. Isso se chama democracia. 

Rafaela Silva de Souza - Biomédica - Porto Alegre Asfaltamento parcial

Sugiro à prefeitura da Capital que considere asfaltar uma faixa de rolamento central (três metros de largura, ou pouco mais) nas poucas vias que ligam a Rua Dona Laura com a Rua Cabral, no bairro Rio Branco. Deixando as laterais com o revestimento atual, de paralelepípedos, para o estacionamento e a absorção da água da chuva. 

Aldo Sudbrack da Gama - Advogado - Porto Alegre - PEC da Segurança

Entendo a preocupação dos governadores de oposição - como consta no editorial de ZH de 4/11, "Combate a facções requer debate maduro" - em relação a dúvidas sobre a PEC da Segurança do governo federal, que tramita desde abril. Essa centralização sugerida pela PEC diminuiria o poder das policias estaduais (Civil, Militar e Penal), eis o ponto, sinalizando sub-repticiamente com um centralismo bolivariano para o país. É esse o temor dos governadores - legítimo, sublinhemos. Ademais, o Rio de Janeiro acabou de mostrar que o Estado pode agir com inteligência e eficiência operando com as forças locais. 

Badger Vicari - Jornalista - Francisco Beltrão (PR)

OPINIÃO

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