sábado, 15 de novembro de 2025


15 de Novembro de 2025
ENTREVISTA

Adriana Calcanhotto

Cantora e compositora gaúcha por trás do heterônimo Adriana Partimpim, que completou 22 anos. "Eu trago a música para o meu universo"

Após 15 anos, Adriana Calcanhotto voltou aos palcos como Partimpim. A cantora porto-alegrense, conhecida pelos sucessos autorais e por suas versões de músicas de outros compositores, retomou os shows como o heterônimo que consagrou a canção Fico Assim Sem Você e que encanta crianças e adultos desde 2004. Agora, apresenta a turnê O Quarto na Sala, em show único no Auditório Araújo Vianna, neste domingo, na Capital, às 17h. Por telefone, ela conversou com ZH sobre o show.

Tens comentado que as crianças iam ao show como Calcanhotto para ouvir Mentiras. Depois de 20 anos, tem acontecido de muitos adultos irem ao teu show como Partimpim para ouvir Fico Assim Sem Você?

Muito. Tem adultos de todas as gerações, e tem esses que hoje em dia são adultos, mas que foram ao primeiro ou ao segundo show como crianças. E agora eles têm as próprias crianças e vão com elas ou vão em bandos de adultos, enfim. Alargou ainda mais o espectro de público. O que me deixa muito feliz.

Tu falas que teus covers são músicas que querias ter escrito. Como funciona para elaborar as tuas versões?

Eu trago a música para o meu universo, para o meu violão, para o meu jeito de cantar e de fazer. Isso já era um pouco assim desde que eu comecei a tocar na noite de Porto Alegre. Eu pegava a canção que as pessoas queriam ouvir no bar, mas eu cantava do meu jeito. Por isso que eu não sobrevivi em um tipo de lugar onde as pessoas vão para ouvir a versão mais parecida possível com a gravação original.

Como foi o processo de entrar na pele da Partimpim de pois de tantos anos?

Olha, foi muito natural. É como andar de bicicleta, tu não te esqueces. É só uma frequência que está ali, mas que eu não posso deixar aberta enquanto eu estou fazendo outras coisas. Eu vejo que o trabalho da Partimpim é muito contagiante. As pessoas que trabalham, as que estão no palco e as que não estão, começam todas a entrar nessa vibe Partimpim. Isso acontece comigo também.

Nesses 21 anos, a ideia da Partimpim já foi diminuída em algum momento?

Muito, durante muito tempo. Até ela existir e Fico Assim Sem Você virar um sucesso, era uma coisa que as pessoas não entendiam muito. O formato estava muito engessado e eu só quis oferecer uma alternativa à forma como crianças ouviam música. Então, quando você aparece com uma coisa que ainda não foi feita, fica todo mundo um pouco desconfiado. E quando vi essa reserva das pessoas, entendi que aí mesmo é que eu tinha de fazer. Se todos tivessem gostado, não sei se eu ficaria tão interessada na batalha.

Numa época tão hiperconectada, o que chama atenção das crianças na Partimpim?

Essa potência toda de uma banda de músicos excepcionais, com canções lindas, com arranjos maravilhosos, com o cenário, os figurinos. É um pouco a sensação que eu tinha quando via, embora pela televisão, Ney Matogrosso e Rita Lee, que não eram artistas só da música: todo o visual também está se comunicando.

É um ano intenso para você aqui em Porto Alegre: houve um show gratuito ao ar livre com a Orquestra do Theatro São Pedro e a participação surpresa no show de Gilberto Gil. Como foi cada momento?

É verdade. Nem todo ano eu consigo ir tanto. O show ao ar livre com orquestra foi maravilhoso. Aquele público, e teve um número Partimpim. Foi realmente incrível. Uma soma de coisas muito bonitas. E o show com o Professor, que me deu esse presente de ser a convidada em Porto Alegre. Fazia tempo que eu não via o Gil e é sempre maravilhoso estar perto dele. É só ficar olhando para ele que você aprende muito - sobre muita coisa, não só sobre música.

E como era guardar o segredo para não vazar teu nome como participação especial? Horrível. Era horrível não poder dizer: "Eu vou cantar no show do Gil!". Por fim, o que quem vai ao show domingo pode esperar?

Já estamos em momento da turnê que a gente não está mais pensando nos acordes e nas letras. É um momento muito bom de um espetáculo. Você já tem memória muscular do que está fazendo, então pode ficar solto para aproveitar o que acontece. _

*Produção: Breno Bauer

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