sábado, 8 de novembro de 2025


O falso dilema sobre as facções

Ainda estamos a um ano de saber quem será o próximo presidente da República, mas o tema que vai sobressair na campanha já está bem delineado. Pesquisa após pesquisa, a saúde deixou o topo das preocupações do brasileiro e foi substituída por segurança. Não surpreende, porque a epidemia do crime se expandiu industrialmente, fixou territórios próprios e agora se infiltra no tecido econômico e institucional do Brasil.

Com o gongo da segurança soando na campanha eleitoral, a luta livre ideológica mandou cada contendor para seu corner. De um lado, a esquerda e o discurso de que o crime organizado se combate com inteligência e asfixia financeira. De outro, a direita, que apregoa a força bruta para devolver a paz aos brasileiros. É um falso duelo que só serve ao discurso político. Pela dimensão e características do crime organizado, não se trata de inteligência OU força, mas de inteligência E força, quando necessária.

No caso de facções como o PCC, convertido em corporação empresarial criminosa, é imprescindível que se fechem as torneiras do fluxo financeiro ilícito. Portanto, é urgente mesmo o Banco Central apertar as fintechs, a Receita Federal vigiar os Pix suspeitos e acabar de uma vez com a farra dos devedores contumazes, empresas que abrem e fecham com foco na sonegação e lavam a bijuja do crime. Ou seja, liquidar com os PCCs da vida exige um tanto de força, mas muita inteligência e instrumentos legais que estanquem o dinheiro sujo.

No caso de facções como o Comando Vermelho, que se adonam de territórios urbanos para transformá-los em entrepostos da droga e extorquir moradores, é preciso, sim, inteligência, mas não há como desalojá-las sem uma força armada capaz de enfrentar um exército criminoso municiado com fuzis, drones e granadas. Áreas como os complexos do Alemão e da Penha, no Rio, já não fazem mais parte do Estado brasileiro. Estão sob jugo de uma organização que estabeleceu fronteiras, bloqueadas por barricadas que só podem ser transpostas por quem é autorizado pela autoridade do pedaço.

Esses territórios têm leis próprias, com pena de morte para delatores, devedores e quem comete crimes não autorizados, e forças bélicas com milhares de fuzis. Há muito, a solução para situações do gênero passou a exigir também ações militares, com inevitáveis confrontos que devem restabelecer a soberania do Brasil, com a consequente ocupação de tais áreas e a liberação da população civil.

Como em todo conflito armado, não há cenas bonitas, mas é preciso obedecer às leis da guerra: oferecer rendição primeiro e, quando feitos prisioneiros, não torturá-los ou executá-los. Se, em vez de rendição, houver resistência, sai vitorioso o que tiver melhor estratégia e mais poder de fogo. Espera-se que ainda sejam as forças da lei. _

MARCELO RECH 

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