
28 de Junho de 2025
OPINIÃO RBS
OPINIÃO RBS
Os gaúchos despertam neste sábado receosos com as consequências de mais um episódio de chuva volumosa previsto pela meteorologia. Confirmando-se os prognósticos, inundações por precipitação excessiva em áreas urbanas e transbordamentos de cursos d?água são iminentes. Os riscos crescem pelo fato de rios e outros corpos como o Guaíba já estarem cheios devido ao aguaceiro da semana anterior. É mais uma advertência da natureza de que as providências para reduzir danos por acontecimentos semelhantes no futuro próximo precisam ser aceleradas.
Ainda que este novo evento climático fique bem abaixo do de maio de 2024 em termos de transtornos, prejuízos e vítimas, assusta a quantidade de cheias e enxurradas expressivas enfrentadas pelo Estado em menos de 24 meses. Não é alarmismo irresponsável reiterar que se deve considerar seriamente a possibilidade de a sequência de chuvaradas bastante acima das médias históricas se repetir nos próximos anos, espalhando perdas materiais, revivendo traumas e ceifando vidas.
Como as hostilidades do clima ganham assiduidade, cumpre ao poder público imprimir o mais rápido ritmo possível a todas as obras, projetos e planejamentos destinados a minimizar os efeitos da chuva que cai em quantidades muito acima do que seria o normal. Até porque, alerta a ciência, o que seria extraordinário começa a ser compreendido como o padrão esperado.
Traz certo alento a informação de que o governo gaúcho tentará dar mais celeridade às fases preparatórias de construção e reforma dos sistemas de proteção contra cheias da Região Metropolitana. Entre essas obras estruturantes, a primeira da fila é a do dique de Eldorado do Sul, município mais atingido pela enchente do ano passado, que voltou a ter ruas alagadas com a chuva da semana anterior.
Por enquanto, a previsão é iniciar a obra em 2027 e entregá-la no fim de 2030. Segundo a Secretaria da Reconstrução, os prazos atuais são conservadores e é viável obter maior agilidade, sem comprometer um planejamento consistente e a qualidade da construção. Mas traz preocupação a informação que surgiu na sexta-feira de que o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Estilac Xavier suspendeu o pregão realizado pelo Piratini para atualizar o projeto de Eldorado.
Em meio à sensação da sociedade de que pouco foi feito desde o ano passado, também traz algum alívio a notícia da retomada na sexta-feira dos trabalhos de reforço do dique do bairro Sarandi, na zona norte da Capital, antes paradas por decisão judicial e agora retomadas por novo juízo. Um vazamento na estrutura assustou os moradores nos últimos dias. Aguarda-se que a prefeitura consiga comprovar a necessidade de remoção das casas irregulares do local para a obra seguir o seu curso e proteger a região. A gravidade da crise climática exige ação e sensibilidade dos poderes, sopesando direitos individuais e coletivos.
Com uma realidade diversa devido à topografia diferente em relação à Região Metropolitana, o Vale do Taquari, severamente castigado nos últimos dois anos, também dá novos passos para evitar novos desastres, por meio da revisão dos planos diretores de sete municípios para orientar a expansão urbana e evitar áreas de risco. A chuva deste junho intensifica o senso de urgência para a adaptação do Estado à fúria do clima.
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